Em alta no Santos, Bontempo fala da idolatria a Neymar: ‘Fiz até moicano para entrar em campo com ele’
Com 20 anos, o versátil Menino da Vila afirma estar vivendo um sonho neste início de 2025

Revelado nas categorias de base do Santos, Gabriel Bontempo foi promovido ao elenco profissional após a disputa da Copinha deste ano e tem dado conta do recado. Versátil e muito inteligente, o Menino da Vila participou de sete dos 10 jogos do Peixe no Campeonato Paulista e já pôde desfrutar da sensação de marcar um gol no clássico contra o São Paulo. Mesmo “sem saber como comemorar”.
Vivendo o sonho de ter se tornado companheiro de time do ídolo Neymar, o meio-campista, em entrevista exclusiva à Trivela, falou sobre a convivência com o astro, o início na equipe principal, o trabalho de Pedro Caixinha e opinou sobre a polêmica do momento: os campos de grama sintética.
Trivela: O que você tem achado desse início de 2025?
Gabriel Bontempo: Estou muito feliz com esse início de ano. Estou realizando um sonho que carregava desde criança, que era jogar nos profissionais do Santos. Eu tinha isso como meta para esse ano: ser promovido depois da Copinha e, graças a Deus, isso se confirmou. Agora estamos aí, se dedicando, se esforçando e muito feliz.
Você só soube que subiria para o profissional após a Copinha ou já tinha alguma coisa adiantada sobre isso?
Em termos definitivos, só soube depois da Copinha mesmo. No período em que estava na base, os diretores já vinham conversando comigo e pedindo para me preparar pensando numa promoção aos profissionais. E lembro que falavam para eu fazer uma boa Copinha individualmente, porque isso ajudaria. E foi o que aconteceu.
Você acredita que o bom desempenho na Copinha foi determinante para a promoção?
Foi um momento importante para mim. Por mais que coletivamente a gente não tenha ido longe, vacilamos bastante naquele confronto com a Ferroviária, acho que consegui fazer bons jogos e aparecer um pouco para ter essa oportunidade. Então, creio que esse desempenho na Copinha foi determinante sim.
Já está adaptado ou ainda bate um nervosismo por estar nos profissionais?
(Risos) É diferente sim. Para gente que está acostumado com o futebol na base, quando chega no profissional é um pouco estranho. É tudo mais intenso. E estou um pouco à vontade, mas não totalmente adaptado. Isso vai acontecendo aos poucos. Às vezes eu fico olhando de longe para o Neymar e pensando: ‘Caraca… é o Neymar, cara…' (risos). Estou me adaptando aos poucos.
O Neymar é ídolo de uma geração de jogadores. O que ele representava para você antes de virar seu companheiro de elenco?
Ele sempre foi o meu ídolo. A minha referência total dentro do futebol. Desde criança sempre fui muito ligado em futebol, e sempre tive ele como inspiração. Na primeira passagem dele pelo Santos, fiquei encantado. Depois fui acompanhando tudo no Barcelona e PSG. Lembro que quando eu era pequeno, saí de Uberaba, onde morava, para assistir a um jogo aqui na Vila. Fui ao barbeiro para deixar o cabelo com aquele moicano e entrar em campo com ele (risos)… Hoje estou muito feliz por estar dividindo o dia a dia com ele.
Chegou a entrar em campo com ele naquele dia?
Sim, mas era muita criança em cima dele. Eu tinha uns 8 anos e entrei segurando ele pela camisa. Mas aí a molecada veio e me atropelou e fiquei para trás (risos).
Você já contou isso para o Neymar?
Não, não (risos)… vou me aproximando e me soltando aos poucos com o homem.
E como tem sido estar ao lado do Neymar?
Ah… tem sido muito bacana. Não só para mim, mas para todos. Principalmente para os meninos que estão saindo da base. É um sonho para a gente ter ele tão perto e aprender. O Neymar é super tranquilo, trata todo mundo muito bem e sempre busca nos dar conselhos.
Qual história boa já tem com ele?
Ainda não tive tanta aproximação. Sou tímido e ainda estou me soltando para ter uma resenha com ele.
Qual foi a sua reação quando soube que o Neymar estava voltando?
Pô… fiquei felizão (sic). Desde que soube que tinha a chance de ele retornar, comecei a torcer para que tudo acontecesse, porque seria a realização de um sonho. E graças a Deus tem sido bom.

Como tem sido o trabalho do Caixinha? Muito diferente do que você estava acostumado?
Ah… no profissional é tudo muito diferente. Os treinamentos são mais intensos. Os meninos que estão saindo da base encontram jogadores mais fortes fisicamente e temos que trabalhar para tentar igualar a força. Então, tudo é novo. O estilo de jogo, a velocidade, intensidade e ele tem me ajudado a assimilar tudo isso.
Você é um jogador muito versátil, mas qual é a posição em que se sente mais à vontade?
Sou um meio-campista de origem. Um meia-atacante, que costuma jogar como meia esquerda. Mas o período na base foi importante, porque aprendi a desempenhar outras funções. Hoje, por exemplo, me sinto à vontade para jogar como um ponta, que vem mais por dentro. Na base também joguei como segundo volante. A verdade é que no lugar em que o professor estiver precisando estou à disposição para tentar ajudar. É só me chamar (risos).
Além do Neymar, você tem alguma outra inspiração?
A minha referência sempre foi o Ney. Mas sempre gostei muito do Philippe Coutinho, acho ele um craque de bola. E hoje em dia acompanho também assisto muitos vídeos do Bellingham para vê-lo atuando mais por dentro. Consigo aprender muita coisa assistindo aos jogos dele no Real Madrid.
Esse seu início na equipe profissional do Santos já te rendeu elogios do Tomás Rincón. Como foi ouvir aquelas palavras de um atleta tão experiente e com carreira na Europa?
Vi o vídeo e fiquei muito feliz por ter esse reconhecimento dele. Receber elogios do Rincón, que é um líder e um exemplo para nós, foi muito especial. Ele é um jogador que está sempre conversando, orientando e nos dando conselhos para ensinar. Fiquei muito contente com aquilo que ele falou.
Na base você treinava e jogava com regularidade em campo de grama sintética. Agora no profissional isso tem isso raro, mas o assunto tem causado polêmica. É muito ruim mesmo jogar em campo de grama sintética?
Para quem está saindo da base, onde temos muito mais contato com os campos de grama sintética, existe um costume. Estamos sempre treinando e jogando ali. Mas depois que a gente volta a treinar e jogar em campos com grama natural, dá para sentir uma diferença sim. Na minha opinião, o campo sintético não chega a ser ruim. Tem campos em que a bola corre e é bom de jogar. O problema é que tem um impacto muito maior na hora de pisar, porque o chão é duro. Na grama natural é mais fofinho. No geral, a maior diferença é essa.
Quis o destino que o seu primeiro gol nos profissionais fosse justamente em um clássico. O que passou pela sua cabeça depois de virar aquele jogo contra o São Paulo?
Ah… aquele dia vai ficar marcado para sempre na minha memória. Fiquei muito feliz por ter feito esse primeiro gol na Vila. Lembro que foi uma ação automática. A gente estava subindo para o ataque e vi o Leo Godoy passando. Mas o lateral do São Paulo acompanhou a passagem dele. Foi então que vi um espaço aberto para finalizar e resolvi arriscar. Graças a Deus fui feliz por acertar um chute cruzado. Mas confesso que não sabia nem como comemorava (Risos).
Você tem contrato com o Santos até 2027. É um desejo seu permanecer até fim desse vínculo ou o sonho de atuar na Europa pode abreviar a sua história no Peixe?
Eu sempre comento com os meus familiares que tenho o sonho de jogar na Europa. Mas, ao mesmo tempo, sempre tive o sonho de entrar para a história do Santos, conquistar títulos e depois ir para a Europa. Espero que as coisas aconteçam assim.
E se o Neymar falar “Bontempo, vou ficar no Santos por mais uns anos e quero que você fique também”, o que você faz?
Nossa… aí a gente sempre vai pesar para ficar, né?! É o Neymar (risos).
Últimas notícias do Santos:
Depois do jogo contra o Água Santa, o Soteldo disse que o Neymar está melhorando os homens de ataque. É isso mesmo?
Ele é um craque. Só o fato de ele estar em campo já ajuda muito na questão da criação de jogadas, de trazer qualidade ao jogo e fazer uma tabela. Então, acho que ele acrescenta para todo mundo do time. O Neymar faz com que todos que estão ao seu lado evoluam. Foi um baita reforço para o nosso time.
Como foi a sua chegada ao Santos?
Cheguei ao Santos em 2015, quando tinha apenas 10 anos. Eu jogava na escolinha do Santos lá em Uberaba e teve uma peneira em que o Juary, ex-jogador, era o observador e me aprovou. Em seguida, vim para Santos, fiz uma nova peneira e passei também. Como norma do clube, comecei no campo, mas tive que atuar no futsal e isso foi muito importante para a minha evolução. Desde então estou por aqui e sempre muito feliz.