Regulamento do Campeonato Paulista é um dos piores do Brasil? Trivela opina
Após fim da primeira fase, regulamento do Campeonato Paulista é alvo de (muitas) críticas nas redes sociais
A fase de grupos do Campeonato Paulista acabou, as oito equipes que se enfrentam nas quartas de final já são conhecidas, e até mesmo a data e os horários das partidas já foram definidos. O que ainda não acabou – e nem deve acabar tão cedo — são as discussões sobre o regulamento da competição. Um alvo de críticas fervorosas a cada edição do estadual.
O formato de disputa é tão nebuloso e controverso, que até mesmo os atletas entram no debate. E o fazem de forma pública. Após a classificação sofrida do São Paulo, Lucas Moura usou a cessão de comentários no perfil oficial do Paulistão no Instagram para criticar: “Esse regulamento precisa ser revisto urgentemente!!”.
A principal bronca (de anos) segue a argumentação de que a forma de classificação do campeonato para as quartas de final é injusta. Isso, porque o regulamento permite que equipes com campanhas muito inferiores e que até brigam contra o rebaixamento se classifiquem para a próxima fase, enquanto times com aproveitamento melhor ficam fora dos mata-matas.
O regulamento do Paulista é o pior do Brasil?
O regulamento do Campeonato Paulista prevê a disputa de uma primeira fase com 12 times divididos em quatro grupos. Nesta etapa, cada equipe enfrenta os 12 adversários que não fazem parte de sua própria chave em turno único. Os dois mais bem colocados de cada grupo avançam às quartas de final. Mas para a luta contra o rebaixamento, vale a classificação geral da competição.
Isso permite situações como a que ocorreu em 2024. O São Bernardo, quinto colocado geral com 20 pontos, foi eliminado como terceiro colocado no Grupo D, enquanto a Portuguesa avançou com a quarta pior campanha e apenas 10 pontos somados. A Lusa foi a vice-líder do Grupo A.
Com tantas polêmicas e críticas, os quatro setoristas da Trivela responsáveis pelas coberturas de Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo responde: o regulamento do Campeonato Paulista é o pior do Brasil?
VAI PEGAR FOGO!
Assim ficaram os confrontos das quartas de final do Paulistão Sicredi 2024 🔥#PaulistãoSicredi pic.twitter.com/XIYK67ehH8— Paulistão (@Paulistao) March 10, 2024
Confira as opiniões dos setoristas:
Livia Camillo — setorista do Corinthians
— A irritação de Lucas Moura com o regulamento do Paulistão é clínica e incita um debate importante sobre a principal competição estadual do país. Há uma década, times que brigam para não cair para a Série A2 têm a oportunidade de se classificar à fase mata-mata da A1.
Não faz sentido a Portuguesa, que teve uma campanha inferior à do Corinthians, 10º colocado geral, seguir para a próxima fase. Não é à toa que a audiência e as torcidas votam pelo fim dos estaduais.
É hora de rever o regulamento, fazer o “mea culpa” e melhorar.
Diego Iwata — setorista do Palmeiras
— O regulamento do Paulistão não é o único em que times classificados em seus grupos fazem menos pontos que eliminados de outros. Faz parte da natureza de torneios com times divididos em chaves. O que realmente poderia mudar seria a quantidade de datas. Aproveitando-se da divisão atual, um torneio disputado no estilo Copa, com jogos de ida e volta entre os times do mesmo grupo, eliminaria qualquer sensação de injustiça e oneraria muito menos o calendário dos clubes. Daria para definir o campeonato em onze datas.
Bruno Lima — setorista do Santos
— É incompreensível como os dirigentes dos clubes da Série A1 do Campeonato Paulista e os representantes da Federação Paulista Futebol insistem, desde 2014 (com cinco times em cada chave), neste formato de disputa completamente injusto.
Não pode ser considerada atrativa para ninguém uma competição onde o São Bernardo, dono da quinta melhor campanha na classificação geral, fique fora dos oito postulantes ao título, e a Portuguesa, que teve o quarto pior desempenho, avance e siga sonhando com a conquista.
O que clubes e federação fazem pode ser considerado uma autossabotagem à competição ao não premiar os oito melhores times da primeira fase. Isso, que me parece óbvio, elevaria o nível de competitividade até a grande final e valorizaria o campeonato com confrontos mais vistosos, abertos e atraentes para o público. Mas ter essa visão parece algo complexo para aqueles que têm poder de decisão no futebol de São Paulo.
Eduardo Deconto — setorista do São Paulo
— Entendo o argumento de que a divisão em grupos é a única forma viável de garantir os grandes clássicos estaduais sem “inflar” as datas do campeonato. Entendo também que há “injustiças” em todos as competições disputadas em fases de grupos. É da natureza deste formato que equipes se classifiquem fazendo campanhas “inferiores” por estarem em chaves mais acessíveis. Acontece até na Copa do Mundo (risos).
Mas uma fase de grupos com 12 rodadas na qual os times da mesma chave não se enfrentam… Só no Campeonato Paulista, mesmo. Uma competição que não só permite, como incentiva as injustiças com este formato no qual a primeira fase mais parece campeonato por pontos corridos, de tão longa. É inconcebível que um campeonato permita aberrações como a que acaba de ocorrer: o São Bernardo, dono da quinta melhor campanha geral com 20 pontos, ficou fora das quartas de final, enquanto a Portuguesa avançou com o quarto pior desempenho e a metade dos pontos.
As soluções para tornar a classificação mais justa estão disponíveis, inclusive, no formato atual. Por que não classificar as oito melhores campanhas gerais? Ou dar quatro vagas às equipes que encerrarem na liderança de suas respectivas chaves e outras quatro aos quatro melhores times do campeonato? Basta querer.