Brasil

‘Era como Fernando Redondo’: técnicos de base de João Schmidt dão tom do quão bom ele pode ser

Revelado nas categorias de base do São Paulo, João Schmidt enfrentará o seu ex-clube pela primeira com o Santos

Considerado por parte da torcida a principal contratação do Santos para 2024, o meio-campista João Schmidt viverá uma noite especial nesta quarta-feira (14), às 19h30 (horário de Brasília), pela 8ª rodada do Campeonato Paulista. Dono da camisa 5 do Peixe, ele voltará ao Morumbi pela primeira vez depois de sete anos para encarar o São Paulo, equipe que o revelou para o futebol. Sérgio Baresi, um dos treinadores que participou da formação de João Schmidt na base do Tricolor, revela que o momento vivido pelo o atleta no Peixe não o surpreende. Afinal, o treinador via naquele garoto de “potencial cognitivo muito acima da média” semelhanças com o ex-craque argentino Fernando Redondo.

Baresi trabalhou com João Schmidt na equipe sub-20 do São Paulo e juntos disputaram a Copa São Paulo de 2013. Na ocasião, o time do Morumbi foi eliminado nas quartas de final para o Goiás, que seguiu até a final, mas foi derrotado pelo Santos por 3 a 1.

– Eu nunca gostei muito de comparar jogadores para não aumentar a pressão nos meninos. Mas o João me lembrava muito o Redondo, do Real Madrid, e da Seleção da Argentina. Eu nunca falei isso para ele, mas na minha cabeça ele tinha um estilo parecido. Canhoto, jogando com muita inteligência e classe no meio-campo. Na minha visão, o João poderia ser tão bom ou melhor do que o Fernando Redondo – fala Baresi em entrevista à Trivela.

João Schmidt jogou Copinha como 10

Apesar de sempre ter sido um segundo homem de marcação no meio-campo, a capacidade técnica e a facilidade para entender o jogo fizeram Baresi apostar em João Schmidt, mesmo usando a camisa 7, disputar a Copinha de 2013 como se fosse um verdadeiro camisa 10.

– O João é fora de série como ser humano. Muito interessado em entender o jogo. Na base ele tinha um potencial cognitivo muito acima da média se comparado aos outros garotos do sub-17. Para se ter uma ideia, ele subiu para o sub-20 sendo meu titular. Subiu na safra do Rodrigo Caio,por exemplo. Sempre teve uma leitura de jogo excelente, tomada de decisão precisa. É um jogador que dificilmente erra passe e encontra sempre o melhor espaço – conta Baresi, que atualmente ocupa o cargo de Coordenador Técnico das categorias de base do Ska Brasil.

– E por conta de toda essa qualidade, na Copinha de 2013 eu o utilizei como um camisa 10. Um falso 10, na verdade – fala o ex-treinador de João, que, diferentemente da torcida do Santos, não se surpreende com o início do meio-campista pelo time da Vila Belmiro.

– Os torcedores que não o conheciam se surpreendem mesmo, porque ele é muito bom. Essa qualidade é dele desde sempre. E quando ele consegue alinhar toda a inteligência, com o seu perfil físico e a necessidade do treinador, como está acontecendo agora com o Carille, é natural dar muito certo como já está dando – acrescenta.

- - Continua após o recado - -

Assine a newsletter da Trivela e junte-se à nossa comunidade. Receba conteúdo exclusivo toda semana e concorra a prêmios incríveis!

Já somos mais de 3.200 apaixonados por futebol!

Ao se inscrever, você concorda com a nossa Termos de Uso.

Orientado a se espelhar no Ganso do Santos

Assim como Baresi, Zé Sérgio, técnico de João Schmidt nas equipes sub-15 e sub-17 do São Paulo, também é só elogios ao jogador do Santos. Na época em que trabalharam juntos, inclusive, entre 2010 e 2011, o treinador pedia para o meio-campista se espelhar em algumas características do então camisa 10 do Peixe.

– A gente trabalhava o João da seguinte forma: ele nunca teve muita dinâmica. O João é meio lento. Porém, sempre teve uma qualidade técnica indiscutível e a minha ideia com ele era de fazer a bola ficar dinâmica por meio de passes, movimentação e posicionamento. Então, eu o comparava muito com o Paulo Henrique Ganso na época boa do Santos, porque também não era um jogador dinâmico, mas fazia coisa acontecer – lembra o hoje aposentado Zé Sérgio.

– É fácil perceber que o João Schmidt não tem muita velocidade, arranque ou uma mudança de direção. Mas ele consegue suprir essa deficiência fazendo a bola correr com os passes de qualidade. Tenho visto alguns jogos do Santos e realmente está muito bem. A experiência fora do Brasil fez muito bem para ele – comenta o ex-treinador se referindo ao período em que o meio-campista do Peixe passou defendendo clubes da Itália, Portugal e Japão.

“Saída do São Paulo não surpreendeu”

Mesmo diante de toda a expectativa que existia em relação ao futuro de João Schmidt, a saída do atleta do São Paulo não surpreendeu Zé Sérgio. E ele usa o caso de Casemiro para explicar os motivos que o fizeram não se surpreender.

– A saída do João Schmidt não me surpreendeu, porque já tinha acontecido uma coisa mais ou menos semelhante com o Casimiro. O Casemiro jogava comigo de primeiro volante. Aí ele foi para o profissional e começou a ser escalado de meia, mas de meia o Casemiro não funciona. Nunca funcionou. Depois disso saiu do São Paulo e, entre aspas, descobriram que ele era volante. Um primeiro volante. E está aí o Casemiro do jeito que jogava no sub-17 como um dos melhores da posição há anos – diz.

João Schmidt deixou o São Paulo em 2017 depois de não renovar o seu vínculo com o time do Morumbi e assinar um pré-contrato com a Atalanta, da Itália. Na equipe profissional tricolor, o jogador participou de 50 jogos e marcou dois gols. Ambos na temporada 2016.

Foto de Bruno Lima

Bruno LimaSetorista

Jornalista pela UniSantos com passagem pelo Jornal A Tribuna de Santos. Já trabalhou na cobertura de jogos da Libertadores e das Eliminatórias Sul-Americanas no Brasil e no Exterior. Na Trivela, é setorista do Santos.
Botão Voltar ao topo