A criativa estratégia do Bahia para converter torcedores rivais no interior do Estado
Ao todo, 1.200 camisas de outras equipes do Brasil foram trocadas por camisas oficiais do Bahia em seis cidades
A torcida do Bahia é conhecida por ser uma das mais animadas nos estádios. Nos últimos anos, a Fonte Nova foi palco de bonitas festas, com direito a show de fumaça, decoração especial e grandes bandeiras.
No clássico contra o rival Vitória, vencido pelo Bahia por 2 a 0, enquanto os jogadores entravam em campo, a principal organizada do clube subiu nas arquibancadas da Fonte Nova um bandeirão exaltando alguns torcedores símbolos junto da frase “o maior patrimônio do clube é sua torcida“.
Mas se engana quem pensa que ações deste tipo ficam restritas somente aos torcedores. No jogo do último domingo (25), no empate em 0 a 0 contra o Botafogo, pelo Campeonato Brasileiro, uma bandeira chamou a atenção do público presente na Fonte Nova.
Enquanto as equipes entravam no gramado, o Bahia exibiu um bandeirão produzido com camisas de outros clubes do Brasil. Sim, a bandeira exibida pelo Bahia na Fonte Nova foi feita com camisas de outros clubes do Brasil. Você não leu errado.
‘A Bahia é Bahêa': Tricolor tenta ‘resgatar' torcedores rivais do interior
A ação faz parte do projeto “A Bahia é Bahêa” realizada pelo clube, que visitou diversas cidades do interior do Estado tentando “converter” torcedores de outras equipes.
Historicamente falando, boa parte das cidades do interior, não só da Bahia, mas também do Nordeste, de maneira geral, sempre tiveram uma grande concentração de adeptos de times tradicionais do eixo Sudeste, motivados pela programação de rádio e TV destas cidades que, até pouco tempo atrás, exibiam os jogos e resenhas esportivas, majoritariamente, do Rio de Janeiro e São Paulo.
Por isso, não é difícil encontrar na região nordestina do Brasil uma grande concentração de torcedores do Flamengo, Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Vasco e outras equipes.
E foi pensando nisso que nasceu o projeto do Bahia. Já na primeira edição, foram percorridos mais de 3 mil quilômetros pelo interior baiano, passando por seis cidades. Ao todo, já 1.200 camisas foram trocadas.
A primeira cidade a receber o projeto foi Porto Seguro, localizada no extremo sul do estado, e um importante ponto turístico. Além dela, a caravana também visitou Ilhéus, Vitória da Conquista, Lençóis, Juazeiro e Feira de Santana, onde o Bahia ainda inaugurou a sua primeira loja oficial fora da capital.
A parte final da primeira edição foi realizada no jogo do último domingo, contra o Botafogo, exibindo a bandeira com as camisas rivais.
A estratégia é simples: o torcedor vai ao ponto onde a caravana se instalou na cidade, leva uma camisa de outro time – sem distinção, pode ser qualquer um – e troca por outra oficial do Bahia.
Até antes da exibição do bandeirão, não se sabia o que o Bahia fazia com as camisas de outros clubes trocadas pelos torcedores.
Transmissão de jogos e outras atividades para converter e conquistar
Além da possibilidade de trocar de camisa e, se tudo der certo para o Tricolor, também de time, o torcedor que visitas às caravanas ainda encontra uma série de atividades, todas personalizadas com as cores do clube.
É possível encontrar opção de lazer para as crianças, encontro com ídolos históricos, museu do clube, bares, loja oficial e pontos de atendimento aos sócios.
Mas, um dos momentos mais aguardados, sem dúvidas, é a transmissão dos jogos. As datas das caravanas foram programadas para coincidir com os jogos do clube no Campeonato Brasileiro, o que garantiu a possibilidade de reunir torcedores – já antigos e recém-convertidos – para ter uma experiência próxima do que é está na Fonte Nova durante uma partida.
Saldo positivo em dois meses de projeto
A Bahia é um dos maiores estados brasileiros em extensão territorial. Com 417 municípios, é um polo e tanto para o Tricolor explorar dentro da própria região.
Segundo dados do próprio Bahia, além das 1.200 camisas trocadas, outras 900 foram vendidas, além de ter gerado 600 novos planos de sócio, superando as expectativas do clube. Ao todo, mais de 10 mil pessoas participaram das ações.
— O projeto ‘A Bahia é Bahêa' é fundamental para estreitar o laço com nossa torcida do interior, que muitas vezes não pode ir à Fonte Nova. Buscamos aumentar a aproximação com nosso torcedor que está em todo o Estado e também com todos os demais torcedores que, por algum motivo, ainda não torciam para o Bahia, mas podem passar a se identificar com nosso clube — disse Rafael Soares, diretor de marketing do clube.