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Piora no aproveitamento em pênaltis explica falta de confiança de Gabigol no Flamengo

Gabigol desperdiçou sua oitava cobrança pelo Flamengo neste domingo (04), diante do Vasco, no Maracanã

O resultado do primeiro clássico, e grande teste de 2024, não foi o esperado pelo Flamengo, que ficou só no empate com o Vasco em 0 a 0, no Maracanã. A vitória estava nas mãos da equipe de Tite, quando Gerson encontrou lindo passe para Arrascaeta sofrer pênalti, mas Gabigol, reserva lançado no decorrer da segunda etapa, desperdiçou a cobrança. Foi a oitava penalidade perdida pelo atacante com a camisa rubro-negra.

Gabriel é conhecido por ser letal em cobranças de pênalti pelo Flamengo. Seu aproveitamento supera os 80%, mas já foi muito melhor. Conforme os números do camisa 10 foram diminuindo nas últimas duas temporadas, o número de penalidades desperdiçadas também aumentou. Pode ser um reflexo da fase vivida dentro de campo, em especial pela falta de confiança.

O oitavo pênalti desperdiçado veio em momento crucial

Como mencionado, a vitória do Flamengo estava totalmente nos pés de Gabigol. A equipe não fez um jogo brilhante contra o Vasco, pelo contrário, poderia ter perdido se não fosse o heroísmo de Léo Pereira em disputas com Vegetti, e arrumou um pênalti já no finalzinho. Gabriel se concentrou, foi para a cobrança, mas acabou batendo fraco, facilitando a defesa de Léo Jardim.

Muitos rubro-negros reclamaram do posicionamento dos pés do goleiro do Vasco, que poderiam estar adiantados. Segundo Bruno Spindel, executivo de futebol, durante a coletiva do técnico Tite, o Flamengo cobrou da FERJ imagens na cabine no VAR, que não foram conclusivas no lance. Valeu, e Gabigol, mesmo tendo melhorado o time no segundo tempo, acabou saindo como vilão.

O aproveitamento de Gabigol em pênaltis pelo Flamengo

O desperdício de mais uma cobrança de pênalti diminuiu o aproveitamento de Gabigol para 84%. Agora, o camisa 10 converteu 42 dos 50 pênaltis com a camisa do Flamengo, números que ainda são excelentes, mas eram ainda melhores nos primeiros anos de clube. Para ter uma noção, o centroavante havia perdido apenas três cobranças pelo Rubro-Negro até junho de 2022.

Gabigol começou a desperdiçar mais pênaltis justamente quando seu protagonismo no time diminuiu. Foram duas cobranças em 2022, quando já começava a perder espaço para Pedro, com a chegada de Dorival Júnior, e outros três no ano passado, sendo um sob o comando de Vítor Pereira e dois com Jorge Sampaoli. O deste domingo (04) foi o primeiro de 2024.

Gabigol saiu como vilão do jogo contra o Vasco (Foto: Thiago Ribeiro/AGIF/SipaUSA/IconSport)

Entre as perdidas, Gabigol “variou”. Ele acertou a trave contra Botafogo, Cruzeiro, Santos e Red Bull Bragantino, e chutou para fora diante do América Mineiro. Os goleiros adversários só vieram a defender um pênalti do atacante em fevereiro de 2023, quando o arqueiro do Volta Redonda, Vinicius Dias, salvou. Depois disso, o feito acabou repetido por Gabriel Grando, na semifinal da Copa do Brasil do ano passado, e, agora, por Léo Jardim.

  • vs. Botafogo – 07/03/2020 – Campeonato Carioca
  • vs. Santos – 06/12/2021 – Campeonato Brasileiro
  • vs. América-MG – 25/06/2022 – Campeonato Brasileiro
  • vs. Red Bull Bragantino – 01/10/2022 – Campeonato Brasileiro
  • vs. Volta Redonda – 15/02/2023 – Campeonato Carioca
  • vs. Cruzeiro – 27/05/2023 – Campeonato Brasileiro
  • vs. Grêmio – 26/07/2023 – Copa do Brasil
  • vs Vasco da Gama – 04/02/2024 – Campeonato Carioca

Bola para frente depois do erro

Apesar da falha no momento decisivo, Gabigol não abaixou a cabeça e projetou bons frutos para si e para o Flamengo nesta temporada. O atacante deu méritos a Léo Jardim pela defesa no pênalti e ainda confirmou que ficou feliz por ter mais minutos em campo.

— Precisamos melhorar, estamos no começo. Agora vamos ao próximo passo. Podia ter batido (o pênalti) um pouco mais forte. Foi um lance que ele (Léo Jardim, goleiro do Vasco) pôde ir muito bem. Fiquei feliz por ter jogado mais tempo. Temos muito pela frente. Estou muito bem, estou muito feliz. Tenho melhorado bastante das dores que vinha sentido desde o ano passado. Estou me sentindo 100% (fisicamente). Temos muitos treinos, com jogos vamos melhorar o ritmo de jogo.

Não resta dúvida que Gabigol apresenta um nível superior ao de 2023. Recuperado da sobrecarga que ocasionou uma lesão por estresse no adutor, o camisa 10 está em forma física e tem conseguido apresentar boa intensidade quando é lançado por Tite. Os minutos fazem a diferença, e Gabi já havia provado, diante do Sampaio Corrêa, a sua melhora. O erro decisivo diante do Vasco, no entanto, significa um passo atrás.

Não é que Gabriel tenha perdido moral com Tite, pelo contrário, a atuação, quando desconsiderada o pênalti, foi muito superior a de Pedro, escolhido como titular. O problema do centroavante não é mais a falta de preparo físico e motivação, mas sim a ausência, quase que total, de confiança. A cobrança telegrafada contra o Vasco, ainda com o possível adianto de Léo Jardim, é um reflexo disso.

Tite manteve a confiança, e a torcida, embora tenha ficado chateada — com razão —, viu um Gabi mais participativo e seguiu confiante no ídolo. Todo trabalho de apoio será fundamental para que o camisa 10 consiga pelo menos ajudar o Flamengo em 2024. Mais vale um Gabigol focado, mesmo no banco de reservas, do que reviver a versão desinteressada do ano passado.

Foto de Guilherme Xavier

Guilherme XavierSetorista

Jornalista formado pela PUC-Rio. Da final da Libertadores a Série A2 do Carioca. Copa do Mundo e Olimpíada na bagagem. Passou por Coluna do Fla e Lance antes de chegar à Trivela, onde apura e escreve sobre o Flamengo desde 2023.
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