Brasil

Finalmente ‘argentino’, Flaco se firma no Palmeiras e iguala marca que durava 10 anos

Autor do primeiro gol da reação alviverde, o atacante, enfim, se comporta de modo a merecer elogio especial de Abel

A cena final de Palmeiras 2 x 2 Botafogo, da última quarta-feira (21), pela Copa Libertadores, trouxe os jogadores alviverdes desabados no gramado do Allianz Parque. Um deles parecia mais abalado que os demais.

Flaco López, rosto coberto, deitado de barriga para cima, visivelmente tremia. Talvez tenha sido o último a se levantar. Chorava copiosamente, a ponto de Marcos Rocha, membros da comissão técnica, um massagista do Verdão e até Barboza, beque do Botafogo, terem vindo consolá-lo.

Autor do primeiro gol da reação alviverde, que por pouco não levou o jogo para os pênaltis, o atacante, enfim, se comporta de modo a merecer do técnico Abel Ferreira um elogio e tanto, conhecendo sua visão sobre o tema: Flaco “se tornou” argentino.

López é o artilheiro do Palmeiras na temporada

Abel disse em mais de uma entrevista coletiva que tinha na equipe um jogador de enorme qualidade técnica, mas que talvez não fosse suficientemente argentino.

Ou, como dizem no país de Lionel Messi, que também foi acusado desse mal, Flaco era “pecho frío” — algo como “sangue de barata”, transportado para o Brasil, alguém que não sente o jogo.

— López está a crescer. Estou sempre a desafiá-lo, falando ‘parece que não tem sangue argentino'. E hoje estava dizendo na roda: ‘Este aí ao seu lado tenho certeza absoluta que é argentino', o Aníbal. Mas tenho certeza que estamos a falar de um jovem centroavante que alguns não acreditam, mas eu acredito muito — disse o técnico em janeiro deste ano.

Passados oito meses, o português não tem mais o que falar de López nesse sentido. Com 19 gols, é o artilheiro do Palmeiras neste ano e anotou três gols nos últimos dois jogos, que foram duelos de peso para o time: dois contra o São Paulo, pelo Campeonato Brasileiro (2 a 1), e um no empate com o Botafogo.

Os gols de Flaco López nesta temporada, 19 dos 79 que o time fez no ano, o colocam em um ranking curioso. Os atuais 27,1% são tecnicamente iguais ao melhor percentual de gols de um jogador dentro do total do time desde 2014.

JogadorTemporada%GolsTotal
Alex Mineiro200832,7%37113
Barcos201226,2%28107
Henrique Dourado201424,7%1873
Flaco López202424,1%1979
Vágner Love200421,7%26120
Keirrison200920,7%24116
Gabriel Jesus201619,4%21108
Vágner Love200318,9%21111
Lopes200118,5%20108
Kléber Gladiador201118,3%1793
Arce200217,2%1587
Edmundo200717,0%1694
Edmundo200617,0%19112
Leandro201316,8%19113
Luiz Adriano202016,7%20120
Borja201816,5%20121
Rony202216,2%23142
Raphael Veiga202115,8%18114
Willian Bigode201715,3%17111
Robert201014,6%1496
Raphael Veiga202314,5%18124
Dudu201514,2%16113
Marcinho200513,7%17124
Dudu201912,4%13105

Naquela temporada, em que o Verdão fez 100 anos e quase voltou à série B, Henrique Dourado fez 24,7% dos gols do time que teve Gilson Kleina, Ricardo Gareca e Dorival Júnior como comandantes (18 de 73). E vale lembrar que Flaco, ao contrário de Henrique, não é cobrador de pênaltis.

Proposta do River Plate balançou Flaco López

Em janeiro, o gigante River Plate veio com força para tentar tirar o atacante do Verdão. Os argentinos sinalizaram com uma proposta de R$ 7 milhões de dólares — R$ 38,8 milhões.

Em junho, ao programa Boleiragem, do Sportv, ele confessou que a oferta o balançou. Mas que optou por seguir no Palmeiras, onde chegou em 2022 por cerca de US$ 10 milhões — ou seja, ainda que ele tivesse optado por sair, o Verdão não iria liberá-lo pelo valor oferecido.

— Quando chegou a proposta, passaram muitas coisas pela cabeça. Quando chega algo assim, pesa muito, mas meu objetivo sempre foi ficar aqui no Palmeiras. Eu tenho muito vontade de triunfar aqui no Palmeiras e mais cedo ou mais tarde vai acontecer. Quando eu falei com o Abel, ficou tudo mais claro para mim, e nem tive que pensar nisso. Estou feliz aqui, disse na época.

Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata LimaSetorista

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, Diego cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023.
Foto de Júlio César Cardoso

Júlio César CardosoColaborador

Especialista da Trivela em números e estatísticas. Trabalha com levantamento de dados desde 2012. Criador do site FutDados.com com contribuições para UOL, ESPN Brasil e Globoesporte.com.
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