Eleição no Palmeiras gera inusitado embate Ademir da Guia x Abel Ferreira

Abel Ferreira nunca escondeu sua admiração e gratidão pela sua chefe, a presidente do Palmeiras Leila Pereira. Com frequência, o treinador faz elogios públicos à dirigente.

O técnico sempre fala de Leila no contexto da sua atuação como administradora do clube. Mas, nos dias finais da campanha eleitora, ainda que não necessariamente queira, acaba falando também da candidata à reeleição no pleito do próximo domingo (24).

Após a vitória sobre o Bahia (2 a 1), sem ser indagado sobre o tema, o treinador chegou a dedicar a vitória a ela, enquanto exaltava o fato de ela ter idealizado a ida do avião particular dela para o resgate de Gustavo Gómez na Bolívia, após jogo do Paraguai nas Eliminatórias.

— Obrigado, presidente, pelo esforço que fez e para pôr o jogador (Gómez) à disposição do treinador. Muito obrigado. Esta vitória é sua. Eu não nunca pensei que, se calhar, o Murilo fosse se lesionar. Mas o futebol é isso mesmo. (Gómez) jogou ontem, chegou hoje de manhã e jogou hoje 30 minutos à top — disse.

— Eu não acreditava que o Gómez hoje tivesse condições de jogar 35 minutos. Mas a presidente ligou-me e disse: “Pode ser preciso. Vou mandar lá um avião, vou buscar, pode ser preciso”. E como foi preciso mesmo. Se ela não me tem ligado, digo-vos isto de coração, mais sincero é impossível, porque é verdade: ele não tinha jogado — exaltou.

Ademir da Guia se juntou à campanha de Savério Orlandi

 

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Curiosamente, na mesma quarta-feira em que um ídolo palmeirense da atualidade elogiou Leila, um ídolo do passado se juntou à campanha da oposição, de Savério Orlandi.

Ninguém menos que Ademir da Guia esteve com correligionários na sede social do Palmeiras discursando ao lado de Savério e declarando seu apoio.

— É um orgulho muito grande estar com vocês aqui, hoje, recebendo todo esse carinho. Se Deus quiser, nós vamos continuar caminhando — disse Ademir, sob gritos de Divino.

Em dado momento do discurso, Ademir lembrou que é o jogador que mais vezes atuou pelo clube, com 902 partidas, recebendo muitos aplausos. Até que um grito partiu de uma mulher que estava no evento:

— E a Leila nem sabia que você já existia nessa época.

E Ademir respondeu, de bate-pronto:

— É verdade. É verdade.

Passado de Leila Pereira é seu Calcanhar de Aquiles

Leila é alvo de muitas críticas de oposicionistas, que a acusam de abusar de seu poder financeiro e das instalações do clube para fazer campanha. Seu perfil administrativo, tido por muitos como autoritário, também é sempre mencionado.

Contudo, no contexto dos sócios, que na maioria são também torcedores, a maior crítica é ao fato de ela não ter um passado como palmeirense. O que a leva a não entender o sentimento de palmeirismo na sua totalidade e profundidade.

Em última instância, tal ligação frágil com o sentimento de pertencimento e coletividade palestrina é o que a leva a dar declarações polêmicas que retratam algum desprezo e desconhecimento da história pregressa do Palmeiras.

Filiação de Leila ao Palmeiras é controversa

Leila mesmo afirma ter se tornado palmeirense apenas quando se casou com José Roberto Lamacchia, em 1999. Sua família no Estado do Rio de Janeiro, onde ela nasceu, tem um histórico vascaíno.

A própria associação de Leila ao clube é também alvo de questionamento. Para que Leila pudesse se candidatar ao conselho deliberativo, o ex-presidente Mustafá Contursi, então aliado dela, lavrou um documentando datando sua associação em 1996.

Contudo, os registros antes da carta de Mustafá davam conta de que Leila se tornara associada apenas em 2015. Desse modo, ela não teria tempo suficiente de sócia para poder se candidatar ao conselho deliberativo em 2017, quando foi eleita para seu primeiro mandato.

Quando deixou a presidência do Palmeiras, Paulo Nobre teve como último ato retificar a data da associação de Leila novamente para 2015, com base em um parecer jurídico, que invalidava a carta de Mustafá como prova única da data de associação de Leila.

Mas, em um de seus primeiros atos como presidente, o seu sucessor, Mauricio Galiotte colocou a questão para votação no conselho, em 2018. E Leila teve a filiação de 1996 mantida. O que eventualmente permitiria que ela fosse candidata e eleita presidente em 2021.