Abel do Velho Testamento volta ao Palmeiras: técnico já entendeu o que Leila não compreende

O plano inicial, após o jogo em Mirassol (3 a 2), no domingo (22), era uma entrevista coletiva mais curta. Mas quando já estava tudo mais ou menos preparado para isso, Abel Ferreira avisou que preferia uma sessão mais longa com os jornalistas.

Abel, que normalmente responde às perguntas olhando para os repórteres, voltou a um hábito que tinha em 2020/2021 — até porque, durante a pandemia, não havia plateia.

O técnico do Palmeiras olhava o interlocutor durante as perguntas, mas respondia olhando para as câmeras, se dirigindo diretamente ao torcedor, pedindo ajuda e união.

— O palmeirense não pode ser palmeirense só quando vence. Isso me entristece — afirmou.

Contra tudo e contra todos

Com o velho discurso contra a mídia, dizendo que há rivais com mais influência que o Palmeiras nos veículos de imprensa, o técnico pediu ao palmeirense para ter cuidado com influenciadores e não acreditar em tudo.

Nas redes sociais, grupos e conversas quaisquer entre palmeirenses, a expressão mais falada era “Abel do Velho Testamento”.

Explicando rapidamente, a expressão quer dizer que Abel voltou a se portar como fazia nos anos que o consagraram. Ao mesmo tempo, faz alusão ao comportamento de Deus na primeira parte da Bíblia. Que, por exemplo, lançou sete pragas no Egito como argumento pela libertação dos judeus escravizados.

O Abel do Velho testamento, futebolisticamente falando, também é uma persona de gestos mais trágicos e teatrais. Não confundir com os momentos de grosseria muitas vezes inexplicáveis. Que defende seu elenco à própria “morte”. Que aglutina seus jogadores e torcedores na base do “todos contra a gente”. E que, acima de tudo, quer vencer.

Porque já aprendeu: no Palmeiras, não há como se conquistar títulos sem a torcida. A cultura palmeirense demanda essa comunhão, ou pelo menos o não fomento de rachas, para que o time jogue o seu máximo. E a arquibancada está rachada com o time. Não é só a Mancha Verde.

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Insatisfação no Palmeiras tem motivo

Uma breve caminhada pelo entorno do estádio e pelos diferentes setores dentro dele deixa isso bastante claro. A insatisfação é generalizada. Parte desse cisma tem a ver com o futebol irregular do time, puro fruto do rodízio total de atletas nos cinco primeiros jogos entre os 12 do ano.

Uma parte maior vem das expectativas não cumpridas pela presidente Leila Pereira. A dirigente afirmou que o clube teria um upgrade em seu elenco. E, até agora, não tem um novo 9 — a expectativa é anunciar Vitor Roque nessa semana.

Não bastasse a decepção, existe ainda um certo mal-estar perene de parte da torcida com a presidente. Que, por outro lado, é a única a ter um “fã-clube”, especialmente entre os associados. Nenhum outro presidente mexeu tanto com a emoção da torcida quanto Leila. E isso não é acaso.

Quem se beneficia com o meme de Leila Pereira?

Quando Leila posta o meme de si mesma indagando se a torcida está mais calma, ela desnecessariamente evoca esse sentimento negativo de parte dos palmeirenses.

Ainda mais quando o Palmeiras acabou de vencer o Mirassol no sufoco, com um time repleto de garotos, porque não houve contratações suficientes.

Em outras palavras, Leila dificulta à torcida cumprir o que Abel pede, quando posta o meme agressivo-recreativo que ironiza as reclamações do torcedor.

A Trivela perguntou a Abel, na entrevista coletiva, se ele não achava que o clube deveria liderar o movimento de aproximação com a torcida, que ele tanto pede. O técnico respondeu que esse não era o trabalho dele. O recado está mais do que dado.

Além do ego da presidente, quem se beneficia da postagem do meme? Certamente, não o Palmeiras.