O palmeirense já conhece o ‘Método Abel Ferreira’, mas mudanças devem acontecer no Palmeiras para quarta-feira
Treinador é conhecido por dar ênfase às questões de hierarquia e fatores emocionais na hora de escalar seu time

Abel Ferreira tem uma maneira muito característica de gerir o elenco. E que o analista de Palmeiras mais atento já conhece bem. Seus efeitos puderam ser vistos na estreia do time no Campeonato Paulista, no domingo (21).
Avaliando os times dos jogos-treinos da pré-temporada, não é difícil concluir que Abel começou o ano com alguns jogadores titulares como forma de preparar o terreno para mudanças.
Parece contraditório, mas Abel às vezes escala jogadores em alguns jogos para não escalá-los nos seguintes, mantendo um equílibrio no número de chances concedidas – e alto o nível de motivação.
Como o método já se tornou conhecido, nem todos se assustaram tanto quando viram, contra o Novorizontino, uma escalação que só poderia levar a um tipo de jogo muito parecido ao que fracassou em três tempos dos dois jogos contra o Boca Juniors, na semifinal da última Libertadores.
Formalidade e hierarquia
Porque o “Método Abel Ferreira” respeita como poucos as questões hierárquicas e as formalidades na hora de dar chance aos jogadores. Há até um certo conservadorismo nas decisões.
Abel tem filas de atletas na sua cabeça, nas quais eles se sucedem de acordo com o merecimento por uma vaga de titular.
Tal análise segue critérios como “tempo de clube”, “tempo como titular”, além de óbvios, como “momento técnico”, “dedicação” e “gratidão”. Em suma, Abel é adepto da tão decantada “meritocracia”, mas com gotas de subjetivismo.
Na ideia dele, não dá para um novato ou cria da Academia pegar a vaga de um titular sem que haja um período de preparação e sobrevida.
Murilo entrou no time de vez quando Luan se machucou, em 2022, por exemplo. Rony teve uma sequência de dez jogos ruins até Endrick virar titular, em 2023.
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Psicológico e fisiológico
À hierarquia, junta-se a parte científica. Abel trabalha com todo tipo de informação acerca de seus comandados na hora de fazer suas escolhas. E um dos índices no processo decisório é o fator psicológico.
Com a ajuda dos profissionais da área no Palmeiras, Abel e a comissão avaliam os impactos anímicos coletivos e individuais de determinadas escolhas.
O jogador que está mais ou menos motivado e centrado para cada jogo. O jogador que corre risco de ter uma queda anímica grande se for sacado. Ou o que dará melhor resposta no próximo jogo, se substituído, por exemplo. Ou ainda, como o grupo pode sentir a saída de um jogador do time.
Essa análise é ainda cruzada com os dados fisiológicos e médicos – e com as avaliações técnicas e táticas – para a tomada de decisão.
Na prática
Respeitados todos os preceitos do método, as substituições e o discurso de Abel Ferreira, na coletiva após o empate com o Novorizontino evidenciaram: o Palmeiras vai mudar para a partida contra a Inter de Limeira, na quarta-feira (24).
O time que vai fazer seu primeiro jogo em casa na temporada deve ter mudanças no ataque. Tanto Breno quanto Rony não foram substituídos à toa, em Novo Horizonte. E tanto Bruno Rodrigues quanto Jhon Jhon foram melhores do que eles.
Pelo que falou na coletiva, porém, não necessariamente os dois entrantes do domingo serão os titulares da quarta. Abel citou nominalmente Luis Felipe e Estevão – que nem sequer foi relacionado no domingo – na entrevista, por exemplo.
Flaco López não ter jogado também surpreende, dado que esteve com os “titulares” nos jogos-treino, formando dupla com Rony. No fim, o português optou por Breno – e o argentino viu o jogo inteiro do banco. Pode ganhar uma chance. Vale o mesmo para Vanderlan. Caio entrou e também melhorou o time.
No meio, Zé Rafael saiu para a entrada de Aníbal Moreno, como camisa 5. É difícil imaginar o Palmeiras sem Zé Rafael, ainda que Ríos tenha terminado 2023 em alta. Assim, pode ser que Ríos comece o próximo jogo no banco.