Brasil

Abel dá all in em tática batida por fim de racha no Palmeiras — e pode funcionar

Abel Ferreira desmereceu críticas feitas ao time e repetiu que a torcida se deixa influenciar

Após a ótima partida contra o São Bernardo (3 a 0), que colocou o Palmeiras na semifinal do Campeonato Paulista, Abel Ferreira voltou a apontar a imprensa como vilã no que toca às diversas críticas e vaias que seu time recebeu no início da temporada.

— Volto a referir: não acreditem em tudo que vocês leem e escutam — disse, fazendo alusão ao trabalho dos jornalistas, de certo modo dizendo que as críticas da torcida seriam apenas eco de críticas infundadas de cronistas, analistas e influenciadores.

Ele também defendeu a presidente Leila Pereira e o diretor Anderson Barros, falando sobre os muitos títulos que a dupla de dirigentes venceu no comando da equipe. O que os isentaria de críticas por insucessos no mercado de negociações.

Tática de Abel é batida, mas surte efeito

O que Abel vem tentando fazer, ao imputar à imprensa as críticas ao seu time, é uma tática tão antiga quanto eficaz no futebol: criar um inimigo comum, em torno do qual, elenco, clube e torcida se unem — Felipão que o diga…

Ao fingir não saber que seu time jogou mal algumas vezes neste ano, ainda que o desempenho seja fruto de um calendário pouco ortodoxo e da necessidade de uma pré-temporada durante a temporada, Abel é injusto com todos.

Com a imprensa, que nada mais fez do que comentar o óbvio, por vezes confirmado por ele nas entrevistas. Com a torcida, que também assistiu aos mesmos jogos. E por fim, com seu próprio elenco.

O Palmeiras pode jogar mal. E quando nega que isso tenha acontecido, agora que as vitórias vieram, o técnico deixa de dar uma dimensão mais humana e imperfeita aos seus jogadores.

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Abel menospreza jornalistas e torcedores

Estêvão comemora gol contra o São Bernardo com companheiros
Estêvão comemora gol contra o São Bernardo com companheiros (Foto: Guilherme Veiga/UAI Foto/Gazeta Press) UAI Foto/UAI Foto

Além de menosprezar os torcedores que, na sua avaliação, não seriam capazes de o julgar por conta própria, Abel se contradiz e parece ter memória curta. Pois ele mesmo reconheceu que o seu time não foi bem em diversos jogos do Estadual.

Após o empate com o Noroeste em 1 a 1, na segunda rodada, o português foi bem claro quanto ao que viu no seu Palmeiras, por exemplo:

— Nossa dinâmica hoje não foi tão boa, fomos lentos, talvez pelo calor. Alguns passes simples falharam, o que para mim é normal. A dinâmica no Allianz (contra a Portuguesa) foi acima do que eu esperava, esperava algo como hoje, um jogo de pouca dinâmica. Mas ficou o espírito competitivo de lutar até o fim. Sinceramente, acho que o Noroeste mereceu, o resultado é justo — disse.

Já depois da vitória por 3 a 1 sobre o Botafogo, na qual o Palmeiras foi bem, Abel reconheceu os problemas que o time vinha apresentando antes:

— A chapa estava quente, em função do contexto, em função dos resultados e por méritos dos nossos adversários. A Ponte Preta e o São Bernardo têm feito um campeonato extraordinário e não me custa reconhecer isso. Na minha opinião, o Palmeiras não está fazendo um campeonato extraordinário, mas está a fazer um campeonato bem satisfatório — disse.

Após empatar com o Água Santa (0 a 0), ele também assumiu as más atuações:

— Temos tido uma pré-temporada com jogos de irregularidade. Por exemplo, o primeiro jogo foi muito bom. O segundo foi ruim, o terceiro foi melhor. Contra o Guarani, muito bom. Jogamos em casa com o Corinthians, na minha opinião, muito bom. Hoje, mal.

Cobrou a chegada de reforços

Muito satisfeito com a chegada de Vitor Roque e o iminente acerto por Lucas Evangelista, o português também parece ter se esquecido de que cobrou reforços da diretoria. Como, por exemplo, após o empate com o Bragantino (0 a 0).

— Já vos disse: a nossa direção sabe quais são as posições que nós precisamos. Nós fizemos o que tínhamos a fazer e agora, esperamos que mais cedo ou mais tarde as contratações cheguem.

E quando venceu o Botafogo (3 a 1), foi ainda mais explícito quanto à necessidade da chegada de um 9:

— Não a posição dele (Flaco) é aquela. Agora precisamos de outro porque ter só um é duro. Como disse, temos o campeonato longo e o Mundial tá aí já, daqui a três meses ou quatro. Nós não vamos para uma competição qualquer. Vamos disputar um Mundial. E é só isso, não tenho muito mais nada a dizer.

Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata LimaSetorista

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, Diego cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023.
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