Orgulho mundial do Real Madrid é o verdadeiro obstáculo entre Ancelotti e Seleção
O peso da história do clube torna difícil imaginar o Real indo para o Mundial com um técnico interino

O dinheiro está na mesa e, por enquanto, este vai ser o grande incentivo para os europeus no novo Mundial de Clubes. Num calendário já com excesso de jogos, ainda é uma incógnita como eles vão administrar esse torneio. Sem uma quantidade impressionante de grana, seria difícil conquistar a presença no mês que vem com força máxima.
Mas tem uma exceção. Se chama Real Madrid.
A tradição do time obriga o Real Madrid a participar do Mundial buscando glória e prestígio. “Los merengues” têm um orgulho gigante em serem considerados o primeiro clube global. Na segunda metade dos anos 50, foi o Real Madrid quem transformou a ideia de uma taça para os melhores da Europa, hoje a Champions League, num grande sucesso.
Em 1960 a América do Sul lançou a Copa Libertadores como uma resposta explícita — tipo, “eles têm um campeão, agora a gente precisa também, e daí vamos ter uma disputa para ver quem é o melhor clube no mundo”.
E quem foi o primeiro vencedor desta nova competição intercontinental? Real Madrid, claro, depois de uma vitória incontestável de 5 a 1 em cima do Peñarol.
O peso da história — do futebol e do próprio clube — não permite que o Real Madrid vá para o Mundial no mês que vem para fazer a pré-temporada. Tem que mirar alto. Adoraria ser o primeiro vencedor da nova taça — caso realmente vingue esse novo Mundial, ser o campeão desde o início seria uma fonte de ainda mais orgulho. O que quer dizer que seria muito estranho imaginar o Real indo para os Estados Unidos com um técnico interino.
Alguns até diriam que seria impensável. Mas aí fica complicado.
Trata-se de um segredo aberto que Xabi Alonso está sendo lapidado como o próximo comandante do Real Madrid. O jovem espanhol foi um vitorioso no meio-campo dos merengues há mais de uma década e já se mostrou um técnico de grande habilidade.
Mas pode ser que só queira assumir a partir da metade de julho, ou seja, depois do Mundial.
Solari como solução de curto prazo para o Real Madrid?

É uma possibilidade. O ex-jogador Santiago Solari treinou o time e levou o Real à vitória no Mundial de 2018. Mas não seria a maneira mais glamorosa para o Real enfrentar esse novo desafio do Mundial. Melhor seria ir para os Estados Unidos sob o comando do mesmo técnico que levou o time a tantos triunfos recentes: um tal de Carlo Ancelotti!
Não é tão surpreendente, então, que o presidente Florentino Pérez não esteja jogando fácil com a CBF. Prefere não liberar o Ancelotti agora. Depois do Mundial é outro papo. Fazer o quê?
Parece que a CBF encerrou as negociações com Ancelotti, mas não encerrou o desejo de tê-lo. Deveria negociar mais? Buscar um meio-termo em que Ancelotti combine os dois empregos durante algumas semanas? Esperar até julho, e jogar as eliminatórias de junho com um interino? E vai aceitar um desejo do italiano de fazer o seu trabalho na Europa?
Ancelotti mais uma vez próximo da Seleção Brasileira? 🧐 No Trivela FC da última terça-feira (29), @Tim_Vickery analisou a possível vinda do técnico italiano para treinar o Brasil. pic.twitter.com/1sWXlNyPh2
— Trivela (@trivela) May 5, 2025
Tudo bem que o Lionel Scaloni, o técnico da Argentina, mora na Espanha. O Scaloni é argentino, conhece muito bem o seu país. Não é o caso de Ancelotti. Politicamente não seria fácil engolir um técnico estrangeiro morando fora. Enquanto isso, o relógio anda, e logo alguém vai ter que convocar um elenco para as partidas contra Equador e Paraguai.
E se tiver uma novela complicada cercando o Ancelotti, a trama em volta de Jorge Jesus parece tão complicada quanto. Mas pelo menos o português está livre, e parece que não tem a menor dúvida que quer o cargo.
Está tudo tão confuso que traz lembranças da seleção brasileira um ano antes da Copa de 2002…