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‘Esquecido’, mas Imortal: herói do Grêmio na Libertadores, César morre aos 68 anos

Autor do gol da vitória gremista sobre o Peñarol, na final continental de 1983, ex-atacante lamentava, em vida, o 'esquecimento' por parte do Tricolor Gaúcho

Autor do gol do primeiro título da Libertadores do Grêmio, em 1983, o ex-atacante César faleceu nesta terça-feira (17), aos 68 anos.

Carioca de São João da Barra, César estava internado desde o dia 25 de agosto na UTI do Hospital Santa Casa de Misericórdia, em Campos dos Goytacazes, no norte do Rio de Janeiro.

— Hoje, o céu ganhou mais uma estrela. Lamentamos profundamente o falecimento de César, atacante que fez história pelo Tricolor. Ele marcou o gol do título da nossa primeira Libertadores e também conquistou o Mundial em 1983. Está imortalizado na Calçada da Fama e em nossos corações. Desejamos forças aos familiares e amigos — lamentou o Grêmio em nota nas redes sociais.

Em vida, César lamentou ‘esquecimento' do Grêmio

Apesar da lembrança do clube, que o colocou na Calçada da Fama, em 2009, César se queixou, em vida, de um certo ‘esquecimento' do Grêmio, considerando sua importância para a história do Tricolor Gaúcho.

— Depois que se encerra no futebol… Acabou, acabou. Não tem volta. A gente entra no esquecimento mesmo. Eu acho isso o cúmulo do absurdo. Fazer o quê? O jeito é saber envelhecer feliz — resignou-se, em 2013, em entrevista ao GE.

César entrou para a história do Grêmio em 1983

Depois de começar a carreira no América (RJ), onde se destacou ao ser artilheiro do Campeonato Brasileiro de 1979, César jogou por quatro temporadas no Benfica. Por lá, conquistou dois Campeonatos Portugueses e três Taças de Portugal.

César chegou ao Grêmio no início de 1983. Mesmo sem ser titular absoluto, teve participação decisiva na conquista da Libertadores daquele ano.

César em jogo do Grêmio em 1983
César disputou 49 jogos e marcou 14 gols pelo Grêmio

Na icônica ‘Batalha de La Plata', contra o Estudiantes, César entrou em campo na volta do intervalo, após Caio ser agredido no corredor para o vestiário e fraturar a tíbia. O atacante marcou o gol da virada do Grêmio, em partida que terminaria empatada por 3 a 3.

Mas o gol mais importante da vida de César, e, àquela altura, do Grêmio, aconteceu na final contra o Peñarol, no Estádio Olímpico. Aos 33 minutos do segundo tempo, após Renato Portaluppi erguer a bola e cruzar na segunda trave, César cabeceou para garantir a vitória por 2 a 1 e o título continental.

Mais tarde naquele ano, César também fez parte do elenco gremista que conquistou o Mundial de Clubes em cima do Hamburgo, em Tóquio, no Japão.

Depois do Grêmio, César ainda passou por Palmeiras e São Bento, antes de encerrar a carreira no Pelotas, em 1987.

‘Difícil de digerir': Renato se manifesta sobre morte de César

Além do Grêmio enquanto instituição, Renato Portaluppi também lamentou a morte de seu ex-companheiro em publicação no Instagram. O atual treinador gremista lembrou do quanto 2024 tem sido um ano difícil, após a tragédia climática de maio, no Rio Grande do Sul.

— A vida nos prega peças que são difíceis de digerir. Em um ano tão complicado, recebemos hoje, eu e toda nação gremista, mais uma pancada das fortes. César foi um guerreiro dentro e fora de campo. Descanse em paz, meu amigo. Que Deus te receba de braços abertos e conforte toda a sua família – escreveu Renato.

Foto de Nícolas Wagner

Nícolas WagnerSetorista

Gaúcho, formado em jornalismo pela PUC-RS e especializado em análise de desempenho e mercado pelo Futebol Interativo. Antes da Trivela, passou pela Rádio Grenal e pela RDC TV. Também é coordenador de conteúdo da Rádio Índio Capilé.
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