Mano Menezes prevê colapso financeiro no Brasil: ‘Não pode comparar com a Inglaterra’
O técnico do Fluminense acredita que a realidade financeira do futebol no Brasil mudará em breve
O técnico do Fluminense, Mano Menezes, fez um alerta ao futebol brasileiro sobre o dinheiro que está sendo investido no mercado.
Com a chegada da Sociedade Anônima do Futebol (SAF), investidores bilionários têm comprado clubes do futebol brasileiro e os transformado em potência continental, como o caso do Botafogo, comprado por John Textor, que venceu Brasileirão e Libertadores no mesmo ano.
O mesmo aconteceu com o Atlético-MG pouco antes dos donos da SAF oficializarem a compra do clube. Rubens e Rafael Menin, Renato Salvador e Ricardo Guimarães montaram um time forte que conquistou Brasileirão e Copa do Brasil, além de ter chegado às semifinais da Libertadores, tudo em 2021.
Agora, o “novo rico” do futebol brasileiro é o Cruzeiro, comprado no ano passado por Pedro Lourenço, que montou um super time para 2025, contratando grandes nomes como Gabigol, Dudu e Fabrício Bruno.
— Eu acho que a gente está vivendo um momento de extrapolação, principalmente na nossa realidade nacional. Estamos vivendo uma folha que vai ser furada, porque os clubes não vão conseguir honrar compromissos, sustentar negociações em valores desse tamanho, não temos receita para isso. Estou falando da média dos nossos clubes. Temos duas ou três exceções. Eles podem fazer negociações diferentes da realidade — afirmou Mano Menezes à “TNT Sports”.
Mano Menezes mira mercado sul-americano
A realidade financeira fez com que o Brasil dominasse a principal competição de clubes da América do Sul. Hoje, a taxa de câmbio do peso argentino hoje é 0,01 Real Brasileiro. As últimas seis edições foram conquistadas por um time brasileiro.
Justamente pela diferença econômica entre Brasil e outros países sul-americanos, os clubes brasileiros conseguem por muitas vezes contratar um jogador de outro país, mas encontra dificuldades em tirar um atleta de outro time do território nacional.
O Fluminense, por exemplo, tem oito jogadores estrangeiros no plantel — Juan Pablo Freytes (ARG), Gabriel Fuentes (COL), Facundo Bernal (URU), David Terans (URU), Joaquín Lavega (URU), Jhon Arias (COL), Kevin Serna (COL) e Germán Cano (ARG). O limite do Campeonato Brasileiro é nove.
— Precisamos encontrar alternativas de negociação um pouco diferente, encontrar mercado alternativo. Estamos extrapolando o limite de jogadores estrangeiros não é porque achamos que os de lá são melhores, é porque os números são mais baixos, porque a realidade econômica deles também é menor que a brasileira — continuou Mano.
O treinador destacou ainda que, além de explorar o mercado estrangeiro, o Fluminense precisa trabalhar na formação de atletas para não esbarrar em dificuldades econômicas do mercado.
— Aqui no Fluminense, temos que trabalhar com números mais abaixo, temos que encontrar soluções que não sejam as mesmas que eles podem encontrar. Temos que valorizar a nossa formação. O Fluminense tradicionalmente tem uma formação muito boa. Precisamos encontrar alternativas de negociação um pouco diferente, encontrar mercado alternativo — disse o técnico.
A reflexão de Mano Menezes sobre o dinheiro das SAFs
As duas maiores contratações do futebol brasileiro em valores absolutos vieram de uma SAF. O Botafogo contratou Thiago Almada e Luiz Henrique em 2024 por R$ 137 milhões e R$ 106,6 milhões, respectivamente.
Segundo o portal “R7”, Gabigol recebe o segundo maior salário do futebol brasileiro no Cruzeiro, que também é uma SAF. Segundo o site, o atacante de 28 anos recebe R$ 2,4 milhões por mês em um contrato de quatro anos.
Matheus Pereira, que também pertence ao Cruzeiro, fecha o top 5 de maiores salários do futebol brasileiro. Segundo o “R7”, ele recebe R$ 1,8 milhões por mês, mesmo valor de Borré no Internacional.
Everton Ribeiro, meio-campista do Bahia, que pertence ao Grupo City, está em quarto no que se refere a maiores salários do futebol brasileiro, ao lado de Hulk, que pertence ao Atlético (que também é uma SAF) e Paulinho no Palmeiras. Segundo o “R7”, o valor salarial desses jogadores é de R$ 2 milhões por mês.
Mano Menezes acredita que esta realidade milionária do futebol brasileiro é cíclica e que os clubes não vão conseguir mantê-la por muito tempo.
— Quando aparece algum dinheiro novo, a gente começa a fazer negociação mais alta. Mas daqui a pouco esse dinheiro novo acaba e a realidade dura chega porque tem que honrar com esses compromissos. Então, eu, como treinador, trabalho sempre na direção de uma realidade mais pé no chão, porque as consequências dessas viagens às vezes vêm e são mais duras e causam mais problemas para os clubes a longo prazo. Não podemos cair nessa tentação — concluiu.
Maiores contratações do futebol brasileiro em valores absolutos, segundo a “CNN”
- Thiago Almada (Botafogo) – R$ 137 milhões em 2024
- Luiz Henrique (Botafogo) – R$ 106,6 milhões em 2024
- Gerson (Flamengo) – R$ 92 milhões em 2023
- Arrascaeta (Flamengo) – R$ 89,4 milhões em 2019
- Pedro (Flamengo) – R$ 88,2 milhões em 2020
- Gabigol (Flamengo) – R$ 78,6 milhões em 2019
- De La Cruz (Flamengo) – R$ 77,7 milhões em 2023
- Everton Cebolinha (Flamengo) – R$ 73 milhões em 2022
- Tevez (Corinthians) – R$ 60,5 milhões em 2004
- Gerson (Flamengo) – R$ 49,7 milhões em 2019
Maiores salários do futebol brasileiro segundo o “R7”
- Memphis Depay (Corinthians) – R$ 2,9 milhões
- Gabigol (Cruzeiro) – R$ 2,4 milhões
- Oscar (São Paulo) – R$ 2,3 milhões
- Paulinho (Palmeiras), Hulk (Atlético-MG) e Everton Ribeiro (Bahia) – R$ 2 milhões
- Matheus Pereira (Cruzeiro) e Borré (Inter) – R$ 1,8 milhões