Leila é impassível diante de obviedades na CPI e volta a pedir banimento de Textor
Por cerca de uma hora e quarenta minutos, a presidente do Palmeiras foi inquirida sobre a questão levantada pelo dono da SAF do Botafogo

Leila Pereira foi recebida com afabilidade para depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga manipulações de resultado no futebol brasileiro, no Senado, em Brasília.
Por cerca de uma hora e quarenta minutos, a presidente do Palmeiras foi inquirida sobre a questão levantada pelo dono da SAF do Botafogo, John Textor.
Jorge Kajuru (PSB-GO), presidente da CPI, nem mesmo leu a declaração informando que Leila poderia ser reclusa por dois anos se faltasse com a verdade, por conta de “sua integridade”, como disse ele.
Logo depois, ele fez uma piada machista, dizendo que muitas mulheres vão a jogos e perguntam quem é a bola. De bate-pronto, Leila emendou:
— Hoje, há mulheres que são presidentes de clube.
O próprio Kajuru reconheceu a infelicidade da piada antes de prosseguir com a sessão.
Leila reforçou o que sempre coloca sobre Textor: o norte-americano faz mal ao futebol brasileiro ao fazer denúncias sem comprovações. E que deve ser banido do esporte caso não consiga comprovar o que diz.
— Denúncias irresponsáveis, criminosas. Afeta não só o Palmeiras, como todo a credibilidade do futebol brasileiro. Se não provar, tem que ser banido — disse ela.
Leila também explicou que o Palmeiras faz um trabalho de conscientização com os jogadores formados ou contratados pelo clube no sentido de educá-los e explicitar que eles são proibidos de apostar, por exemplo.
A sessão foi leve. Tanto Kajuru quanto Romário (PL-RJ), vice-presidente da comissão, não cansaram de agradecer a presença da dirigente. Romário chegou a dizer que a presença de Leila iria elevar em muito o patamar da CPI.
O clima de cordialidade foi constante. A senadora Margareth Buzetti (PSD-MT), por exemplo, aproveitou a oportunidade para parabenizar Leila pela fala sobre os casos de Daniel Alves e Robinho, quando a palmeirense esteve como chefe da delegação da seleção brasileira em turnê pela Europa.
As perguntas feitas à dirigente foram todas muito óbvias. E Leila conseguiu respondê-las sem titubear quanto ao que queria responder.
John Textor
— O John Textor tem que saber, que ele está na história do Botafogo… Porquê perdeu um campeonato que estava na mão dele, sobre responsabilidade dele, então ele vai ser lembrado pelo resto da vida por esse episódio.
— Fizemos uma denúncia também para que ele comprove o que está dizendo. Se ele não comprovar absolutamente nada, porque até agora objetivamente não vi prova nenhuma. Eu desconheço. Não tenho dúvida nenhuma que o John Textor teria que ser banido do futebol brasileiro. Com essas denúncias irresponsáveis, criminosas, ele afeta não só o Palmeiras mas todo o futebol brasileiro. As penas precisam ser duras e eficazes.
— Mas foi, essa é a realidade. Não é questão de clubismo, tenho certeza absoluta. Foi ali. O estranho não é os 4 a 3, a virada. Isso não tem absolutamente nada de estranho. Foi ali que aconteceu. Não é questão de clubismo. Até aquele momento, não se tinha denúncia de manipulação. A partir dali, começou.
— Tenho liberdade para falar do John Textor. Não tenho nada contra, tenho profundo respeito ao Botafogo e aos torcedores, mas fui eleita presidente do Palmeiras para defender o clube. Não posso deixar em momento algum quem quer que seja desqualificar dois títulos conquistados pelo Palmeiras.
— Vocês sabem como é difícil conquistar um Campeonato Brasileiro e eu sei o trabalho que temos dentro do Palmeiras. Meu trabalho, comissão técnica, atletas. Não posso deixar um estrangeiro vir para o Brasil e, porque perdeu um título, por incapacidade deles e por capacidade do Palmeiras, desqualificar esse titulo muito importante do Palmeiras. Minhas observações são em relação ao John Textor, não ao Botafogo.
VAR
— Acredito no VAR, mas acredito que existem erros e que as pessoas precisam ser capacitadas. Eu acredito que a CBF e o diretor de arbitragem estão trabalhando e muito para melhorar cada vez mais a nossa arbitragem. O VAR tem que continuar sim, mas precisamos capacitar cada vez mais as pessoas que manejam.
— Já tive problema no Palmeiras, mas nunca desconfiei de manipulação ou erro proposital. É comum dirigente gritar na imprensa. Eu não faço isso, pego avião, vou ao Rio e converso com a CBF.
Punições
— Sem punição você não vai chegar a lugar absolutamente nenhum. A impunidade é a semente do próximo crime. Não adianta advertência, uma carta. Se você participar desses esquemas, você vai ser banido do futebol, eu não tenho dúvidas disso.