Justiça libera clássico em São Januário, mas decisão ainda depende do Vasco
Torcedores entraram com a ação e juíza suspendeu o veto da PM para a realização de Vasco x Flamengo em São Januário

A Justiça autorizou que São Januário receba o clássico entre Vasco e Flamengo no dia 19 de abril, pelo Campeonato Brasileiro. A 6ª Vara da Fazenda Pública da Comarca da Capital concedeu uma liminar nesta segunda-feira (7) e deixou nas mãos da direção do Vasco a decisão de mandar a partida na Colina ou não. A informação foi dada inicialmente pelo “ge”.
Como a Trivela mostrou, o Batalhão Especializado de Policiamento em Estádios (BEPE), em decisão controversa, vetou, na última semana, a possibilidade de São Januário receber o clássico com o Flamengo. A diretoria do Vasco, inclusive, já havia acertado mandar a partida no Maracanã com o público dividido.
A decisão foi dada pela juíza Regina Lúcia Chuqer de Almeida Costa de Castro Lima após uma ação popular movida por dois torcedores do Vasco: Pedro de Menezes Reis e Marcus Vinicius Reis.
De acordo com a decisão, fica suspenso o veto do BEPE para a realização de clássico com o Flamengo em São Januário. A juíza autorizou a realização do jogo com a presença da torcida do Vasco. A depender de uma avaliação técnica, a torcida do Flamengo também poderá comparecer ao estádio.
“O BEPE se recusa a empregar todas as suas energias em benefício do serviço, optando, simplesmente, pelo caminho mais fácil “deixar de fazer”, com aparente abandono do entusiasmo, autoridade e eficiência que a instituição exige”, diz um trecho da decisão da juíza.

Por que a PM vetou clássico em São Januário?
De acordo com nota da Secretaria de Estado da Polícia Militar (SEPM), a decisão de vetar o clássico entre Vasco e Flamengo em São Januário “se deu com base nas análises estratégicas da unidade que apontam riscos à segurança no perímetro e no interior da praça esportiva em jogos desta natureza”.
O último Vasco x Flamengo com ambas torcidas em São Januário aconteceu no Campeonato Brasileiro de 2017. Naquela ocasião, o Rubro-Negro venceu por 1 a 0 e o estádio foi palco de cenas lamentáveis no final do jogo entre torcedores do Vasco e forças de segurança. Depois disso, os rivais só voltaram a se enfrentar na Colina em 2020, mas, pela pandemia da Covid-19, sem as torcidas presentes.
O Vasco e a Secretaria de Estado da Polícia Militar (SEPM) ainda não se manifestaram sobre a decisão da juíza. Ainda cabe recurso na Justiça.
- - ↓ Continua após o recado ↓ - -
Pesquisadora critica decisão da PM
A decisão da Polícia Militar de vetar clássico entre Vasco e Flamengo em São Januário causou polêmica na última semana. Em contato com a Trivela, a pesquisadora Raquel Sousa, do Observatório Social do Futebol, criticou o veto e citou os casos de violência que ocorrem no Maracanã. Raquel ainda apontou um possível preconceito com o São Januário pelo estádio estar situado próxima à comunidade da Barreira do Vasco.
— No ano de 2024 e também em 2025 a gente já percebeu alguns episódios de violência entre torcedores (adversários) nos arredores do Maracanã. Fato distinto do que a gente conseguiu perceber dos atores envolvidos nas ocorrências em São Januário. Em nenhum momento, no entanto, mesmo com todos os episódios de violências, foi cogitado não ter jogos no Maracanã. Os dados não estão dialogando com a narrativa — disse Raquel Sousa à Trivela.
— O que a gente pode compreender a partir das evidências dos dados e das diferentes narrativas é que o que há de diferente entre o Maracanã e São Januário é a região do entorno, basicamente. Compreende-se, a partir dessa somatória de fatores, de dados e observações, que o que acontece em São Januário se dá muito por uma questão de preconceito. Por vezes até uma aporofobia (rejeição ou aversão a pessoas pobres) por conta da região, por ser popular, por conta da Barreira do Vasco ser uma comunidade — completou a pesquisadora.