Brasil

Estádios só com mulheres, crianças e PCD’s se popularizam — chegou a vez do Internacional

Desde o ano passado, público restrito a mulheres, crianças e PCD's tem sido utilizado como punição pelos órgãos de justiça, e o Internacional terá essa experiência contra o Ypiranga, neste sábado (27)

O jogo entre Internacional e Ypiranga, neste sábado (27), às 16h30, pela terceira rodada do Campeonato Gaúcho, será atípico. Apenas mulheres, crianças de até 11 anos, PCDs e idosos (homens e mulheres com 60 anos ou mais) poderão acompanhar a partida no Beira-Rio. A estreia colorada no estadual, com vitória sobre o Avenida, foi com portões fechados.

A punição é referente à briga generalizada após a eliminação do Inter para o Caxias, na semifinal do Campeonato Gaúcho do ano passado. Na ocasião, além da confusão entre jogadores, torcedores do Inter invadiram o campo para agredir atletas do Caxias. Um homem, inclusive, com uma criança no colo.

Visando contar com grande público na partida contra o Ypiranga, apesar da restrição, o Inter promove promoção de ingressos. Sócios e sócias têm direito a dois ingressos para acompanhante, e os de algumas modalidades também podem garantir a entrada gratuitamente. A expectativa é de 20 mil pessoas no Beira-Rio, embora a projeção fique prejudicada por não haver precedente.

É para esse público restrito que o time de Eduardo Coudet pretende apresentar evolução, depois de uma vitória magra na estreia contra o Avenida, e empate em jogo truncado contra o São Luiz. Após a partida em Ijuí, o treinador do Inter projetou o desafio de sábado (27).

— Agora temos que jogar no sábado, já com mulheres e crianças, esperamos começar a mostrar para essa gente que pode ir ao campo cada vez [mais] uma melhora — disse Coudet.

Esse será o segundo e último jogo da punição do Inter. Na próxima partida no Beira-Rio, no sábado da próxima semana (3), curiosamente contra o Caxias, o público já será irrestrito.

Relembre outros casos de público restrito no futebol brasileiro

A reversão de punição, dos portões fechados para o público restrito, está se tornando cada vez mais comum no futebol brasileiro. Ele passou a ser utilizado no ano pelos órgãos de justiça desportiva do Brasil, e protagonizou grandes espetáculos em jogos do Athletico-PR e do Coritiba, no Campeonato Paranaense, e do Sport e do Ceará, na Série B do Campeonato Brasileiro.

Após confusões no clássico Athletiba em 2022, o Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR) promoveu decisão judicial inédita ao reverter parcialmente a punição de perda de mando de campo das duas equipes para o Campeonato Paranaense. Assim, tanto Athletico-PR quanto Coritiba receberam jogos em seus estádios somente com a presença de mulheres e crianças.

O primeiro foi o Coritiba. Na estreia no Campeonato Paranaense, contra o Aruko, quase nove mil mulheres e crianças torcedoras do Coxa fizeram belíssima festa no Couto Pereira, protagonizando imagens que repercutiram nacionalmente.

Nas semanas seguintes, foi a vez do Athletico. 32 mil torcedoras e crianças estiveram presentes na Ligga Arena no jogo contra o Maringá, e 37 mil na partida diante do Foz do Iguaçu. O episódio se repetiu nesta semana, devido à nova punição referente à briga no Athletiba do Campeonato Paranaense de 2023. Com ingressos esgotados, 34.356 mulheres, crianças e PCD's acompanhar o duelo do Furacão com o Galo Maringá.

Pela Série B do ano passado, Ceará e Sport também contaram com público restrito em algumas partidas. No duelo com o Novorizontino, no Castelão, a torcida do Vozão registrou o recorde em jogos somente com mulheres, crianças e PCD's: 37.545 pessoas. Já o Leão contou com o apoio de mais de 18 mil nos confrontos com Botafogo-SP e ABC.

 

Foto de Nícolas Wagner

Nícolas WagnerSetorista

Gaúcho, formado em jornalismo pela PUC-RS e especializado em análise de desempenho e mercado pelo Futebol Interativo. Antes da Trivela, passou pela Rádio Grenal e pela RDC TV. Também é coordenador de conteúdo da Rádio Índio Capilé.
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