‘Não fiz categoria de base, mas meu pai não me deixou desistir do futebol’: Joaquim fala da luta até chegar ao Santos
Antes do Santos encarar o Novorizontino, neste domingo (18), Joaquim detalhou, em entrevista exclusiva à Trivela, a sua história no futebol

Um dos poucos remanescentes do rebaixado elenco do Santos em 2023, o zagueiro Joaquim não teve vida fácil para se tornar jogador. Natural de Muriaé, interior de Minas Gerais, o atleta de 25 anos não teve oportunidades em categorias de base e só pisou num clube de futebol de verdade aos 18 anos. Antes, tentava ganhar a vida defendendo times amadores da sua cidade. Apoiado por seu pai, o defensor não desistiu do seu sonho e viu tudo começar a se realizar a partir do dia em que foi aprovado na avaliação do URT, também de Minas.
Vivendo o melhor momento da carreira, Joaquim conversou com a Trivela, antes do confronto contra o Novorizontino, às 16 horas (horário de Brasília) deste domingo (18), pela 9ª rodada do Campeonato Paulista, e detalhou toda a história da sua carreira até a chegada ao Peixe.
Pra cima deles, Joaquim! ⚪️⚫️
O zagueiro de 24 anos assinou contrato até 2026 e é o novo reforço do Peixão. ? pic.twitter.com/M4ulTmhjpx
— Santos FC (@SantosFC) February 8, 2023
Como tem sido esse início de trabalho com o Carille? De que forma ele tem te ajudado a evoluir como zagueiro já que é especialista em construir fortes sistemas defensivos?
O professor é um cara que vem me ajudando muito na minha evolução como zagueiro e no meu dia a dia. É um cara que está do meu lado fazendo orientações e correções. Eu acho isso muito importante. Mas não só para mim como para todo o grupo. Ele é um cara que vem ajudando muito a todos no nosso crescimento e na nossa reconstrução como time.
E a parceria com o Gil? O entrosamento foi imediato?
A gente nunca tinha jogado junto e graças a Deus o entendimento foi rápido. O Gil é um cara muito experiente, todo mundo sabe disso. É outro que vem me ajudando muito. Não só a mim, mas como todos os jogadores do elenco. É muito importante ter atletas do nosso lado com experiência igual a dele. E essa parceria entre a gente está dando certo. Espero que venha a dar mais certo ainda (risos).
Após o clássico contra o São Paulo, o Carille avisou que gosta de títulos. Na sua opinião, o torcedor do Santos pode, sim, sonhar com o título do Paulistão?
Sonhar, a gente sonha. Lógico que a gente sabe do trabalho que precisa ser feito e do nível que precisamos atingir como equipe para chegar ao título. Sabemos que o caminho até a final é difícil, mas o Santos tem que pensar, sim, na conquista. Acho que seria muito importante para o nosso ano. Mas precisamos trabalhar muito para isso acontecer. O professor sempre pede para trabalharmos com humildade, jogo a jogo, conquistando os nossos pontos para quando chegarmos no mata-mata estarmos muito bem preparados.
Como foi o início da sua carreira? Onde começa a história do Joaquim no futebol?
Comecei um pouco tarde. O meu primeiro clube foi o sub-20 da URT em Minas Gerais já com 18 anos. Não fiz categoria de base. Depois disso, passei pelo Paulista, de Jundiaí, São José, de São José dos Campos, Murici, de Alagoas, Botafogo-PB e Botafogo-SP. Tudo isso até chegar no Cuiabá, e desde o ano passado estou aqui no Santos. Dá para dizer que foi uma carreira bem difícil pelo fato de começar um pouco tarde.
O que fazia antes de chegar ao URT?
Jogava em times amadores de Minas Gerais.
E como te descobriram?
Só quando eu resolvi fazer uma avaliação no sub-20 do URT mesmo. Fui aprovado, joguei um campeonato sub-20 e logo depois, em 2018, subi para o elenco profissional. A partir dali fui dando sequência.
Ser jogador de futebol era um sonho mesmo ou foi acontecendo por acaso?
Sempre foi um sonho, mas como sou do interior de Minas Gerais, uma cidade bem pequena, a gente sabe que os recursos e a visibilidade são menores. Além disso, os anos foram passando, as oportunidades se tornando cada vez mais difíceis. Mas, graças a Deus, com muita luta e determinação consegui realizar o meu sonho.
Nesse período pensou em desistir por não conseguir um clube na base?
Pensei em desistir várias vezes por falta de oportunidade e por conta da idade também. Eu estava ficando cada vez mais velho e sem encontrar um clube. Diante disso, eu naturalmente comecei a pensar em seguir por caminhos.
Antes de passar na avaliação do URT você tinha algum outro emprego?
Emprego de verdade, não. Eu ia jogando nos times amadores da Cidade, recebendo um dinheiro aqui, outro ali e ia levando a vida (risos).
Quem ficou do seu lado neste período de dificuldades sem te deixar desistir?
Teve um momento da minha vida que eu realmente tinha desistido. Se não fossem os meus pais, que sempre estiveram do meu lado, principalmente o meu pai, que vivia o meu sonho como se fosse dele, eu teria desistido. Foi quem não me deixou desistir do futebol.
Será que o pai e o irmão do Joaquim ficaram felizes com o GOLAÇO do zagueiro? ? pic.twitter.com/UQC3sfTw6W
— Santos FC (@SantosFC) November 2, 2023
Depois de tudo isso, hoje dá para dizer que você vive o melhor momento da carreira?
Vestir a camisa do Santos para qualquer jogador é um momento único na carreira. Ainda mais no meu caso, que não tive categoria de base, por ter tido um início no futebol um pouco diferente. Então, estar vivendo esse momento no Santos é muito especial. E esse ano, especificamente, tem sido muito melhor do que foi o ano passado. Em 2023, tivemos problemas no Campeonato Paulista e mais ainda no Campeonato Brasileiro. Por tudo isso essa temporada tem sido muito boa mesmo.
Antes de viver esse momento, você e todos que estavam no clube, em 2023, amargaram o rebaixamento. Qual era o sentimento dentro do elenco nas últimas rodadas do Brasileirão? Era de temor pela queda mesmo ou vocês achavam que isso não ia acontecer?
A gente sabia da responsabilidade e sabia da real situação que a gente enfrentava. Tínhamos conhecimento das possibilidades e havia, naturalmente, o receio de ser rebaixado. Infelizmente acabou acontecendo
Teve receio de ficar marcado dentro do clube por conta do rebaixamento?
Ninguém quer ter um rebaixamento na carreira. E por toda a história do Santos, um clube que nunca tinha sido rebaixado, ninguém queria carregar esse fardo.
Pensou em pedir para sair do Santos após a queda?
Quando o rebaixamento se confirmou eu fiquei muito mal. Eu não tinha cabeça para nada. Eu fiquei muito abalado. Eu não consegui fazer nada nas férias. Fiquei em casa, com aquilo martelando na cabeça. Foi um momento muito delicado na minha carreira. Apesar disso, em momento algum pensei em deixar o Santos. Os dias foram passando e graças a Deus acertei com a nova diretoria a permanência.
Mesmo sem pedir para sair, o seu desempenho chamou a atenção de alguns clubes da Europa e esse parece um destino inevitável para você. Tem o sonho de atuar em algum país específico?
De verdade, estou focado aqui no Santos. Todo jogador tem o sonho de atuar na Europa, mas quero focar aqui primeiro. Depois penso no que vai acontecer lá na frente.
Além do Carille, que sempre faz questão de te exaltar, você também recebeu elogios do Abel Ferreira depois do último jogo contra o Palmeiras. Diante de tanto reconhecimento, o Joaquim já começa a ver o sonho de um dia vestir a camisa da Seleção Brasileira ganhar forma?
Ah… é o sonho de todo jogador. Eu sei que é difícil, o quanto de trabalho se necessita para alcançar esse objetivo. Eu venho trabalhando, me entregando ao máximo e, com ajuda do professor Carille, que está contribuindo muito para a minha evolução, vou conseguir realizar grandes sonhos.
Para terminar, o próximo duelo é contra o bom time do Novorizontino, na Vila. O que esperar desse adversário, que também estará na disputa pelo acesso à Série A?
A gente sabe que vai ser um jogo difícil. A equipe deles tem muita qualidade. Mas nós estamos nos preparando bem também para conseguir fazer um grande jogo e conquistar mais três pontos dentro da nossa casa.