Brasil

Como Serna foi da 5ª divisão de Portugal ao Fluminense com ajuda de um brasileiro

Colombiano de 26 anos apareceu tarde para o futebol, e rodou o mundo antes de ser reforço do Tricolor

O Fluminense aguarda o colombiano Kevin Serna nesta terça-feira (16) para realizar exames e assinar contrato de três anos e meio. Mas antes de ser reforço do Tricolor, o atacante passou pela quinta divisão de Portugal e a segundona do Peru. No caminho, ele teve a “ajuda” de um brasileiro.

Nascido em Popayán, na Colômbia, Serna foi parar em Portugal bem jovem, por meio de um agente que levou vários de seus compatriotas para a Europa. Com 20 para 21 anos, ele ainda era meia e bem franzino quando passou alguns meses por uma academia de futebol no país.

A ideia era simples: um grupo de agentes levava revelações para Portugal e montava um bom time, que embora não disputasse os campeonatos oficiais — após uma tentativa frustrada de fazê-lo —, enfrentava grandes equipes o ano todo. O contato com outros clubes gerava oportunidades.

Serna era o camisa 10 da equipe desde quando chegou até sair. E o técnico era o brasileiro Patrick Oliveira, que deu entrevista exclusiva à Trivela.

— Kevin sempre mostrou qualidade, tinha muita velocidade e dribles curtos, como um jogador de futsal. Ele foi destaque e subiu rapidamente de nível — afirmou Patrick.

Serna foi do meio para a ponta em Portugal

Kevin Serna chegou a Portugal como um meia. Ainda franzino, não demonstrava a força física, mas já tinha muita velocidade. A mudança para a ponta, posição que lhe fez chegar ao Fluminense, aconteceu na Europa.

— Dava para ver que tinha muita qualidade, faltava a maturação física que chegou agora. Os atributos físicos já estavam nele, a força, a velocidade, mas ainda não demonstrava no olhar. As coisas melhoraram quando passou a jogar de extremo — disse o técnico, que hoje é gestor desportivo.

Kevin Serna em Portugal, antes de se tornar destaque no Peru e virar reforço do Fluminense - Foto: Acervo Pessoal
Serna em Portugal, antes de se detacar no Peru e virar reforço do Fluminense – Foto: Acervo Pessoal

Serna se destacou em amistosos contra clubes como Braga e Porto, além do Servette, da Suíça.

Passou a ser usado em duas equipes parceiras do projeto, que disputavam a quinta divisão de Portugal, um campeonato semi-profissional. Durante a semana, treinava na academia, e aos sábados e domingos, jogou por Perafita e Serzedo, marcando cinco gols e dando cinco assistências em 12 jogos.

- - Continua após o recado - -

Assine a newsletter da Trivela e junte-se à nossa comunidade. Receba conteúdo exclusivo toda semana e concorra a prêmios incríveis!

Já somos mais de 3.200 apaixonados por futebol!

Ao se inscrever, você concorda com a nossa Termos de Uso.

De Portugal para o time de Romerito no Paraguai

Os empresários receberam contatos e conseguiram uma boa transferência para Kevin Serna. O ponta trocou a quinta divisão de Portugal pelo Sportivo Luqueño, tradicional clube paraguaio que formou Romerito, ídolo do Fluminense.

Por lá, o atacante ficou por duas temporadas, não teve tanto destaque e deixou o país por problemas com o clube. Neste momento, Serna foi para o Peru, que por muito pouco, não o naturalizou para jogar pela Albirroja, a seleção do país.

De destaque dos pequenos a ‘craque do Alianza Lima'

A chegada ao Peru foi despretensiosa. Isso porque a oportunidade não parecia tão boa à primeira vista. Kevin Serna foi contratado pelo Los Chankas, um time minúsculo da segunda divisão peruana, uma liga de nível baixíssimo.

— É uma linda carreira de um jovem que apareceu em um clube praticamente ignoto e que depois foi escalando, escalando, escalando até chegar à Copa Libertadores — contou Erick Osores, jornalista da AmericaTVGO, canal de esportes do país.

No time fundado por policiais na era amadora, Serna brilhou. O ponta marcou 11 gols e deu oito assistências em 24 jogos, o que atraiu a atenção de outros clubes do país. Recém-promovido à primeira divisão, o ADT o contratou, e aí, sim, os holofotes se voltaram para o colombiano.

— Serna tinha mostrado boas coisas em 2022, mas quando chegou ao Alianza, em 2023, explodiu. Seus melhores jogos foram os maiores, como contra o Fluminense. No início havia a ideia de naturalizá-lo, mas agora, ele está sendo observado por Néstor Lorenzo para a seleção colombiana — afirmou Sharles Hernandez, jornalista do El Comercio, do Peru.

Em duas temporadas pelo então campeão da Copa Peru, Serna fez 17 gols e deu 16 assistências em 70 jogos. O Alianza Lima resolveu apostar no colombiano, e não se arrependeu. Rapidamente Kevin Serna se converteu no melhor jogador da equipe.

Peruanos consideram Serna uma aposta no Brasil

O Fluminense pagou US$ 1,8 milhão de dólares para comprar 70% de seus direitos econômicos. A ideia é que Serna seja uma opção a Arias, Marquinhos e Keno pelas pontas, com um perfil diferente: mais alto e forte.

— Não me lembro de um jogador destas ligas sul-americanas que tenha essa velocidade. Acredito que o Fluminense viu isso na Libertadores. É um jogador solidário, que não espera a bola, e excelente para jogar nos contra-ataques, com espaço. Me parece uma boa aposta — opinou Osores.

Apesar disso, mesmo para os peruanos, Serna é uma aposta no Brasil. Isso porque o nível do Campeonato Brasileiro é bem mais alto do que a liga local.

— É um grande jogador no Peru, mas para o Brasil, ainda é uma aposta. Essa será sua prova de fogo para saber se poderá alçar ainda mais no futebol — disse Hernández.

Foto de Caio Blois

Caio BloisSetorista

Jornalista pela UFRJ, pós-graduado em Comunicação pela Universidad de Navarra-ESP e mestre em Gestão do Desporto pela Universidade de Lisboa-POR. Antes da Trivela, passou por O Globo, UOL, O Estado de S. Paulo, GE, ESPN Brasil e TNT Sports.
Botão Voltar ao topo