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Tite faz ataque do Flamengo ressurgir sem medalhões e com apostas altas

Individualidades de Cebolinha, Luiz Araújo e Pedro fazem a diferença, mas conjunto se sobressai em novo bom momento do Flamengo de Tite

Se antes o ataque do Flamengo parecia depender muito de individualidades, o trabalho coletivo voltou a ser um ponto positivo com a chegada de Tite. Pedro voltou a marcar com frequência, Arrascaeta e Gerson ajudam o setor ofensivo com boas atuações, e a dupla Luiz Araújo e Cebolinha surge como opção para a má fase de alguns medalhões. São apostas altas que podem recolocar o Rubro-Negro no caminho das glórias ainda em 2023.

Pelo pouco tempo de preparação, Tite deve mandar o mesmo time que enfrentou o Palmeiras e encantou a torcida com um 3 a 0 no Maracanã. Bruno Henrique e Gabigol, figuras de uma geração, ficarão no banco de reservas. Uma escolha arriscada que, mesmo que não dê certo, configura o início da tão sonhada reformulação no Rubro-Negro, com as digitais de Adenor Leonardo Bachi.

Pedro volta a jogar bem

Por incrível que pareça, antes da chegada de Tite, o Flamengo vivia um problema com a posição de centroavante. Sim, um elenco que possui Pedro e Gabigol, dois dos melhores da América na função, tinha problemas para balançar as redes devido à péssima fase da dupla na temporada. Ambos não marcavam com bola rolando há pelo menos três meses. Com o treinador, contudo, um deles saiu na frente e vem aproveitando as oportunidades.

Enquanto Gabigol lida com uma lesão complicada nos adutores da coxa, que tem limitado seu tempo de cancha, Pedro tem sido fundamental para a engrenagem do Flamengo funcionar. Dos seis jogos de Tite, o centroavante balançou as redes em quatro oportunidades, contra Cruzeiro, Santos, Fortaleza e Palmeiras. No último compromisso, diante do Alviverde, inclusive, ele marcou duas vezes. 

Acima do desempenho em números — vale lembrar que essa já é a temporada mais artilheira da carreira de Pedro (33 gols) —, Pedro tem sido bastante participativo. O pivô funciona, a presença de área também, e ele foi importante em praticamente todas as partidas. Com o 9 em alto nível, quem ganha é o Flamengo.

Pedro comemora um de seus gols contra o Palmeiras, no Maracanã (Foto: Carlos Santtos/Fotoarena/Sipa USA)

Pontas fazem a diferença para o Flamengo

A volta por cima de Pedro é importante demais para o Flamengo, especialmente por se tratar de um medalhão, que pode fazer a diferença a qualquer momento, mas o verdadeiro ponto de mudança do ataque passas pelos seus extremos. A escolha por Luiz Araújo e Cebolinha diz muito sobre a meritocracia de Tite e pode ser um trunfo para o Rubro-Negro na reta final do Brasileirão.

Everton Ribeiro e Bruno Henrique, titulares absolutos nas posições citadas, perderam a condição por não viverem momento tão bom quanto os companheiros. Cebolinha vem se reiventando com Tite, que lhe passa confiança diariamente e o vê com muito potencial de melhora. A chegada do ex-jogador do Grêmio ao Flamengo tinha sido conturbada e, para muitos, já havia provado que o investimento superior a R$ 90 milhões não seria correspondido.

Luiz Araújo chegou nesta temporada, mas não tinha conseguido sequência no time titular por conta de lesão e opção de Sampaoli. A grande diferença da dupla utilizada para os medalhões é curiosa e está no fator defensivo: Cebolinha e Araújo estão com o preparo físico em dia para acompanhar os laterais e fechar a marcação, do jeito que Tite gosta. Tem dado certo.

Veja números da dupla em 2023

Cebolinha sem Tite / Cebolinha com Tite

  • 52 jogos (22 como titular) / 6 jogos (3 como titular)
  • 2291 minutos (44 por partida) / 247 minutos (41 por partida)
  • 12 participações em gol (4 gols e 8 assistências) / 2 participações em gol (1 gol e 1 assistência)

Luiz Araújo sem Tite / Luiz Araújo com Tite

  • 20 jogos (3 como titular) / 5 jogos (3 como titular)
  • 591 minutos (29 por partida) / 234 minutos (46 por partida)
  • 1 participação em gol (1 assistência) / 2 participações em gol (2 gols)
Luiz Araújo comemora o gol marcado diante do Fortaleza (Foto: Marcelo Cortes/Flamengo)

Bons números do ataque com Tite

Após citar as individualidades, é hora de comentar sobre o coletivo, a equipe como um todo, do jeito que Tite gosta. Se os jogadores por si só têm estado em boa forma, o conjunto ofensivo do Flamengo não deixou a desejar desde a chegada de Adenor. Das seis partidas sob a batuta do treinador, o Rubro-Negro balançou as redes 11 vezes, média de quase dois por jogo, e marcou em todos os compromissos.

Somente contra Santos, em jogo condicionado pela expulsão de Gerson, e no clássico diante do Vasco, o Flamengo não conseguiu marcar mais de uma vez. Manter a escrita será fundamental para os comandados de Tite, já que só a vitória interessa em novo duelo estadual, dessa vez diante do Fluminense, no Maracanã. O Rubro-Negro é quinto colocado no Brasileirão, com 56 pontos, três a menos que o líder Botafogo.

Foto de Guilherme Xavier

Guilherme XavierSetorista

Jornalista formado pela PUC-Rio. Da final da Libertadores a Série A2 do Carioca. Copa do Mundo e Olimpíada na bagagem. Passou por Coluna do Fla e Lance antes de chegar à Trivela, onde apura e escreve sobre o Flamengo desde 2023.
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