Andrey Raychtock: ‘O mundo não conhece as histórias internas do futebol brasileiro’
Clássico argentino em River e Boca ganhou mais destaque da mídia internacional do que Flamengo e Corinthians, que acontecia em simultâneo

Na tarde do último domingo (27), a bola rolava para dois dos maiores clássicos do futebol sul-americano. Enquanto no Rio de Janeiro, no Maracanã, Flamengo e Corinthians entravam em campo pela sexta rodada do Campeonato Brasileiro, a pouco menos de 2 mil quilômetros dali, em Buenos Aires, quase que simultaneamente, River Plate e Boca Juniors se enfrentavam pela 15ª rodada da primeira fase do Campeonato Argentino, no Monumental.
Em campo, quatro dos times mais vitoriosos no continente, 10 conquistas de Libertadores e dezenas de títulos nacionais. Equipes que revelaram ao futebol nomes como Zico, Rivelino, Riquelme, Crespo e tantos outros que levaríamos bons minutos listando os principais craques.

Aqui, o resultado dos dois jogos é o que menos importa, porque o que chamou mesmo a atenção foi, justamente, a pouca atenção dada pela mídia mundial ao clássico brasileiro em comparação ao derby do país vizinho. O que fez a Trivela se perguntar: por que as nossas principais rivalidades e principais histórias são tão pouco conhecidas ao redor do mundo?
O mundo deveria conhecer

O Flamengo dos anos 80, que dominou o Brasil e o mundo com Lico, Adílio, Nunes, Zico e Tita, ou o São Paulo de Cafú, Raí e Müller, comandados por Telê Santana ou, até mesmo, a elegância sutil de Bobô, que levou o Bahia ao topo do futebol nacional no fim da década de 80, deveriam ser mais conhecidos. Essa é a opinião de Andrey Raychtock, colunista e comentarista da Trivela.
Durante sua participação no Trivela FC, programa no YouTube da Trivela que vai ao ar às terças-feiras, Andrey refletiu sobre os motivos que fazem as histórias e craques nacionais serem tão pouco conhecidas.
— Essas histórias, eventualmente, num campeonato organizado — e aí a gente sonha que um dia a CBF consiga fazer isso –, a gente consiga embalar essas histórias de um jeito mais agradável para que as outras pessoas conheçam. As imagens das torcidas e da loucura que os argentinos têm por futebol correm o mundo desde antes do Maradona, e com o Maradona a coisa ficou muito grande, e isso foi sendo assimilado na cultura europeia, não de acompanhar o jogo, mas como mitologia — disse Andrey.
A verdade é que nas décadas de 60, 70 e 80 o futebol do continente era dominado pelos argentinos, o que facilitava suas histórias e mitologias de se espalharem. Na Libertadores, por exemplo, de 1960 a 1990, os argentinos levantaram a taça 15 vezes, enquanto os brasileiros apenas cinco. Situação bem diferente dos anos 90 para cá.
Nas 35 edições até aqui, os times brasileiros ficaram com o troféu em 19 oportunidades, conta noves dos hermanos. As últimas seis conquistas, por exemplo, ficaram em solo brasileiro. Vencer muda muito, e a expectativa é que as histórias brasileiras sejam melhor contadas no futuro.
— A gente já está vendo agora os primeiros adolescentes chegando na idade adulta que são adultos que sempre consideraram o Chelsea um time grande. E daqui a uns 7 anos veremos os primeiros adultos que sempre viram o Manchester City títulos. Aí as histórias vão se sobrepondo umas as outras — finalizou Andrey.
O debate ainda foi tema da coluna de Tim Vickery, que brilhantemente deixou sua contribuição. Você pode ler a coluna completa de Tim Vickery clicando aqui.
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Acompanhe o Trivela FC às terças
Trivela FC é o nome da live da Trivela que vai ao ar todas as terças-feiras, às 15h (horário de Brasília), no Youtube. Comandado por Márcio Júnior, o programa conta com a participação dos colunistas Tim Vickery e Andrey Raychtock para debater e contar histórias do que há de melhor e mais interessante no esporte.
Os 13 primeiros episódios que foram ao ar estão disponíveis completos no YouTube da Trivela para você ver e rever. Aproveite e siga o canal da Trivela.