Ex-presidente do Flamengo fica livre de possível punição por incêndio no Ninho
Perto de completar seis anos, tragédia no Ninho do Urubu deixou dez vítimas fatais e, até hoje, não teve culpados responsabilizados

O ex-presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, não corre mais risco de ser punido pelo incêndio no Ninho do Urubu. A tragédia, que vitimou fatalmente 10 jovens jogadores da base rubro-negra completa seis anos no próximo sábado (8).
Nesta quarta-feira (5), a Justiça do Rio de Janeiro aceitou um pedido do Ministério Público para extinguir a possibilidade de punição para Bandeira de Mello.
A Justiça do Rio tomou a decisão pela prescrição da denúncia feita pelo Ministério Público, em janeiro de 2021, e pelo fato de Bandeira de Mello ter mais de 70 anos. A decisão foi tomada pelo juiz Tiago Fernandes de Barros, da 36ª Vara Criminal.
“Assim, considerando que a denúncia foi recebida em 19/01/2021, tendo transcorrido mais de quatro anos até a presente data, e considerando que o referido réu conta com mais de 70 anos de idade, sendo o prazo prescricional reduzido pela metade, imperiosa é a extinção de sua punibilidade”, diz um trecho da decisão do juiz.
Eduardo Bandeira de Mello era o presidente do Flamengo na época das obras do CT do Ninho do Urubu. Ele deixou a presidência do clube no fim de 2018, pouco mais de um mês antes do incêndio. Naquele período, Rodolfo Landim havia acabado de assumir o cargo no clube.

Após a publicação da decisão, Bandeira de Mello se disse surpreso com o “incomum pedido de reconhecimento de prescrição” e alegou que “todas as provas produzidas apontam a minha inocência”.
Quem são os réus no processo do incêndio no Ninho do Urubu?
O processo criminal que busca apontar os culpados pela tragédia no Ninho do Urubu corre na Justiça desde 2021. Bandeira de Mello chegou a ser indiciado pela polícia e denunciado pelo Ministério Público.
Agora sem Bandeira de Mello entre os possíveis responsáveis, o processo segue com os seguintes réus.
- Marcelo Sá – engenheiro do Flamengo;
- Márcio Garotti – ex-diretor financeiro do Flamengo;
- Claudia Pereira Rodrigues – NHJ (empresa que forneceu os contêineres);
- Weslley Gimenes – NHJ;
- Danilo da Silva Duarte – NHJ;
- Fabio Hilário da Silva – NHJ;
- Edson Calman da Silva – técnico em refrigeração.
Além de Bandeira de Mello, outros três réus já haviam deixado o processo. Carlos Noval, ex-diretor da base do Flamengo, Luis Felipe Pondé, engenheiro, e o monitor Marcus Vinícios Medeiros foram inocentados pela Justiça.
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Veja a nota publicada por Eduardo Bandeira de Mello
“Foi com surpresa e tristeza que recebi a notícia do incomum pedido de reconhecimento de prescrição feito pela Promotoria. Afinal, estávamos há mais de 100 dias aguardando que eles apresentassem suas alegações finais e permitissem o julgamento do caso. Agora, o órgão que me acusou não parece interessado em uma decisão do Judiciário.
Após mais de 4 anos de processo, todas as provas produzidas apontam a minha inocência. Prefiro acreditar que não, mas talvez isso explique a demora da Promotoria para apresentar as suas alegações finais e a agilidade do mesmo órgão em pedir essa prescrição.
Da minha parte e de minha equipe de defesa, sempre houve efetiva colaboração com a Justiça na busca pelas causas dessa tragédia. Atos protelatórios que visassem uma possível prescrição nunca foram opções para nós. Não por acaso, minha equipe de defesa sempre atuou em estrito cumprimento dos prazos estabelecidos a fim de promover a celeridade do processo.
Após 6 anos de dor, entendo que todos merecemos uma resposta que possa aplacar, ainda que minimamente, esse imenso sofrimento. Partes, torcedores, público em geral e, principalmente, as famílias das vítimas merecem essa resposta.
Diante da decisão de hoje, vou me reunir com minha equipe de defesa e entender o que ainda pode ser feito para garantir meus direitos.
Sigo confiando no trabalho sério da Justiça e convicto da minha inocência”.
Flamengo fechou acordo com última família de vítima
Na última terça-feira, o Flamengo anunciou que chegou a um acordo com a última família que ainda brigada na Justiça por uma indenização. O clube celebrou o acordo com os pais do goleiro Christian Esmério, que tinha 15 anos na época do acidente.
Quem são as vítimas fatais do incêndio no Ninho do Urubu
- Athila Paixão, de 14 anos;
- Arthur Vinícius de Barros Silva Freitas, 14 anos;
- Bernardo Pisetta, 14 anos;
- Christian Esmério, 15 anos;
- Gedson Santos, 14 anos;
- Jorge Eduardo Santos, 15 anos;
- Pablo Henrique da Silva Matos, 14 anos;
- Rykelmo de Souza Vianna, 16 anos;
- Samuel Thomas Rosa, 15 anos;
- Vitor Isaías, 15 anos;