Diretor do Santos detalha projeto por novo CT e elogia ‘SAF na base’ do São Paulo
Peixe tem conversas em andamento para um espaço destinado exclusivamente aos Meninos da Vila

Responsável por coordenar as categorias de base do Santos, José Renato Quaresma está em vias de completar um ano e meio na função.
Em entrevista exclusiva à Trivela, o dirigente alvinegro detalhou o projeto para a construção de um novo Centro de Treinamento (CT) para as categorias de base, explicou o que tem realmente sido feito pelo pai de Neymar com o intuito de atender os Meninos da Vila.
Além disso, também elogiou o plano de parceria que o São Paulo está perto de confirmar com o grego Evangelos Marinakis, dono do Olympiacos e do Nottingham Forest, que pretende investir nas promessas do Tricolor
Trivela: O Santos está se movimentando para construir um novo Centro de Treinamentos (CT) para os Meninos da Vila?
José Renato Quaresma: Existe a necessidade de um CT novo para a base. Não é só um desejo. Atualmente, com o CT Rei Pelé, temos condições de trabalhar em três campos com times do 7 aos 20 anos, além do feminino. Não há campo com grama natural que suporte essa rotina. Diante disso, temos que treinar e jogar no campo de grama sintética, e isso é péssimo para os atletas. Sobrecarrega muito. Então, o Santos precisa pensar numa viabilidade. A partir disso, considerando esses três campos que temos hoje, é necessário trabalharmos para ter mais cinco ou seis campos. Então, quando falamos em um novo CT é algo com alojamento, cozinha, academia. Tudo separado exclusivamente para as categorias base.
A construção de um novo CT para a base não tornariam as obras lideradas pelo pai do Neymar em vão?
O projeto que está sendo desenvolvido pelo pai do Neymar, no CT Rei Pelé, irá trazer uma viabilidade para utilizar melhor o campo 1 que temos ali, que é o de grama sintética. Afinal, além do treinamento diário de diferentes categorias, aquele local recebe jogos regularmente. Então, com a reforma teremos, no andar térreo, quatro vestiários, duas lavanderias, duas rouparias, vestiário para os árbitros, academia, fisioterapia e área médica. Já o andar superior será ocupado por uma parte do departamento administrativo de campo das categorias de base, um mini auditório e dois escritórios. Caso a gente consiga construir um novo CT para a base, esse espaço naturalmente será repassado para o profissional ou para o feminino. Não será em vão.
Teremos muitos avanços visando os nossos #MeninosDaVila. São as nossas categorias de base sendo tratadas com o cuidado e a importância que merecem! ⚡️ pic.twitter.com/DYxeA8JUPs
— Santos FC (@SantosFC) March 11, 2025
Esse CT novo seria construído mesmo em São Vicente?
Isso já vem sendo conversado há algum tempo. Comecei parte desse processo por conta da boa relação que tenho com o Kaio Amado (prefeito de São Vicente). Conversamos muito sobre a possibilidade de localizarmos um terreno bom na cidade que pudesse ser levado à diretoria do Santos visando a construção de um novo CT para a base. Essa área foi viabilizada pela prefeitura de São Vicente e o prefeito está trabalhando na parte documental. Mas tudo vai depender de como isso será levado à diretoria para o desenvolvimento desse novo CT.
Qual é o tamanho do terreno em São Vicente?
Esse terreno está localizado na área continental de São Vicente e tem 600 mil metros quadrados. O Santos poderá construir em 30% dessa área, porque há uma lei que abrange a parte verde do local. Os outros 400 mil metros quadrados poderão ser utilizados pelo clube de diferentes maneiras.
A prefeitura de São Vicente irá disponibilizar ou vender o terreno ao Santos?
A princípio, estamos falando de venda. Em termos financeiros, é o menor metro quadrado que temos à disposição atualmente na Baixada Santista para comprar.

Quanto o Santos pagaria por esses 600 mil metros quadrados?
R$ 20 milhões. Mas com uma negociação boa, podemos chegar a um valor um pouco menor. Ou seja: estamos falando de um terreno de 600 mil metros quadrados por R$ 20 milhões. É praticamente de graça.
É inviável pensar nesse projeto na própria cidade de Santos?
Em Santos não se encontra um terreno com 180 mil metros quadrados, que é o tamanho ideal para comportar essas necessidades todas que o CT novo tem.
O que a diretoria do Santos pensa sobre isso?
A diretoria tem conhecimento do terreno, o próprio presidente Marcelo Teixeira já conversou algumas vezes com o prefeito de São Vicente e estão estudando a possibilidade de aquisição.
E como ficaria o CT Meninos da Vila?
Aquele terreno na entrada da cidade de Santos pode ser vendido e ter os recursos aplicados no novo CT ou usado para o abatimento de dívidas do clube.
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Estamos perto de entrar na metade da gestão e do seu trabalho à frente da base. Quais foram as mudanças executadas nesse período?
A grande mudança que executamos foi no conceito humano. Na parte estrutural ainda não tivemos a oportunidade de mexer. O nosso objetivo neste início foi voltado para a responsabilidade e estudos, porque primeiramente temos que formar cidadãos e depois formar os atletas.
Atacamos também no conceito de competitividade, trabalho dos nutricionistas com os atletas e suas famílias. Mostramos, por exemplo, que um atleta de base que terá um jogo não pode, na noite anterior, dormir às 2 horas da manhã, porque tem uma festinha para ir. Criamos metodologias e processos para todos os departamentos. Então, tudo isso vai apresentar resultados. Não dá para mudar a base de um clube no intervalo de um ano.
O São Paulo está em vias de firmar parceria com um investidor voltado apenas para a base. Isso é uma tendência. O Santos pensa em fazer algo parecido?
Nunca parei para conversar com o presidente sobre esse assunto. Mas esse movimento que o São Paulo está em vias de fazer, eu digo que é uma SAF da base. O Santos é um clube vendedor. Tem que vender os atletas que revela para manter o time profissional. Se não consegue vender os jovens da base, não tem ativos para o principal.
Então, se pararmos para analisar esse movimento do São Paulo, vamos ver que é um sistema em que a base vai continuar fornecendo material para o profissional, vai continuar vendendo, mas tendo o investimento próprio dela. Hoje, no Santos, tudo se resume a um caixa único. Todo dinheiro que tem e entra é distribuído para o clube todo. Inclusive para a base.
Vejo como algo bem interessante essa ideia do São Paulo, porque não é uma venda da base. Será um investimento financeiro só para as categorias de base. O que o São Paulo vai fazer é: entregar a base para alguém que vai fazer investimentos, vai ganhar com isso, mas vai alimentar o clube. A base não deixará de ser do São Paulo. Eu sempre pensei nesse modelo. Se nós tivéssemos um investimento anual de R$ 40 milhões para os nossos jovens (o Santos investe R$ 29 milhões na base anualmente), garanto que estaríamos entre as três melhores bases do país.