O Cruzeiro realmente amassou o Atlético-MG? Veja se os números justificam a polêmica

O clássico entre Cruzeiro e Atlético-MG, disputado no último domingo (18) no Mineirão, pela 9ª rodada do Brasileirão, terminou com o placar zerado, o que nem de longe esfriou os ânimos. Fora de campo, a tensão entre os rivais seguiu em alta com falas polêmicas no pós-jogo.
Uma declaração polêmica incendiou ainda mais a rivalidade: o analista de desempenho do Cruzeiro, Diogo Dias, afirmou em suas redes sociais que o Galo “jamais pode ser considerado rival de um time grande”.
O comentário veio após o empate por 0 a 0, em um jogo em que o Cruzeiro teve maior posse e volume ofensivo, mas esbarrou na defesa bem postada do rival. A superioridade também rendeu farpas entre Kaio Jorge e Hulk.
“O Cruzeiro não tem rival em Minas Gerais”
Diogo Dias, membro da comissão técnica liderada por Leonardo Jardim, foi direto ao ponto ao minimizar o Atlético-MG como adversário histórico do clube celeste. Em uma publicação nas redes sociais, o analista não poupou críticas ao rival:
“O Cruzeiro é um gigante incontestável. Os outros são apenas equipes do mesmo estado, que lutam por objetivos inferiores, condizentes com o tamanho do clube”, escreveu.
“Hoje tive a confirmação que precisava. Jamais permitirei alguém falar que o Atlético é rival. Equipe que joga um clássico como o ATM jogou hoje, jamais se pode considerar rival de uma equipe grande“, continuou.

As declarações rapidamente se espalharam em meio a polêmicas também entre os protagonistas do jogo. Kaio Jorge, em entrevista após a partida, afirmou que o time celeste “amassou” o Atlético durante os 90 minutos:
“Foi ataque contra defesa, os caras só se defenderam o jogo todo. A gente amassou eles aqui no primeiro e no segundo tempo. Tivemos bola na trave. Agora é ouvir o professor e corrigir o que for necessário para as próximas partidas.”
A resposta veio com tom de desdém de Hulk, principal nome do Galo, que criticou a escolha de palavras do jovem atacante cruzeirense e pediu mais respeito:
“A palavra ‘amassar’ é muito forte. Às vezes tem jogadores que vestem umas camisas e acabam virando personagens. A gente respeita o Cruzeiro, é uma grande instituição, mas também merece respeito.”
Hulk ainda relativizou o domínio celeste ao lembrar que jogar melhor nem sempre significa vencer: “Amassamos o Grêmio e perdemos de 2 a 0. Futebol é assim.”
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O Cruzeiro amassou realmente o Atlético?
Em números frios, o time de Leonardo Jardim foi, sim, muito superior ao Galo. Por mais que a posse de bola (53%, contra 47% do Atlético) não tenha sido tão impactante, os dados que levam em consideração criação de chances contam toda a história.
O Cruzeiro teve, segundo dados do SofaScore:
- 1,44 gol esperado (xG), seis vezes mais do que o rival;
- 3 grandes chances criadas, contra nenhuma do Atlético;
- 21 finalizações (14 a mais);
- 13 finalizações dentro da área (10 a mais);
- 15 escanteios (Galo teve apenas um);
- 26 toques na área adversária (19 a mais);
- 70 passes no último terço (20 a mais).
Por conta da evidente superioridade cruzeirense, os números do time de Cuca foram majoritariamente defensivos. Foi o time que mais desarmou, mais venceu duelos, recuperou bolas e a maioria dos passes do jogo foi na sua área defensiva (40%).
Kaio Jorge agradeceu à Nação Azul, que mais uma vez lotou o Mineirão com mais de 61 mil torcedores! Vamos juntos nesta temporada! 🦊👊 pic.twitter.com/m8WBjCBgib
— Cruzeiro 🦊 (@Cruzeiro) May 19, 2025
Mesmo com o incômodo de Hulk, é justo dizer que Kaio Jorge não teve uma leitura errada do jogo: seu time foi, de fato, muito superior no jogo. Mas, como o próprio veterano pontuou: às vezes isso não é o suficiente para vencer.
Apesar do empate, o Cruzeiro manteve a boa fase e chegou ao quarto jogo seguido sem perder, subindo para a 3ª colocação no Brasileirão com 17 pontos, cinco atrás do líder Palmeiras. Já o Atlético-MG, que oscilou nos últimos jogos, caiu para o 9º lugar, com 13 pontos.