Leve, Tite se derrete à torcida do Corinthians e mostra faces do passado e presente
Em evento festivo, o treinador confessou que não esperava tamanho carinho da Fiel e deu sinais de que a cabeça está no lugar

Desde o fim de 2022, quando deixou a seleção brasileira após perder a Copa do Mundo do Catar, Tite passou por uma série de episódios negativos na carreira. E esses capítulos impactam a saúde mental do profissional.
Neste intervalo, o treinador teve pelo menos três oportunidades de retornar ao Corinthians, mas todas foram recusadas por ele. A última, há cerca de três meses, por conta de problemas de impacto psicológico.
Por isso que o carinho recebido ao reencontrar a Fiel Torcida foi crucial não somente para afagar o coração, mas também refrescar a cabeça.
– Existem alguns lugares que são especiais, que são diferentes, que há um acolhimento, que dão um carinho e acreditam em ti. Essa equipe trazia esse componente e esse carinho. Foi mágico, muito bonito – pontuou Tite.
Um dos motivos que impactaram muito a parte mental do técnico foi a passagem no Flamengo, último trabalho dele no futebol profissional.
Diferentemente do acolhimento e carinho recebido no Corinthians, o treinador sofreu com as críticas ao modelo de jogo implantado no clube carioca, até mesmo quando os resultados eram positivos.
Na Gávea, Tite voltou a trabalhar no futebol brasileiro após seis anos na seleção e foi impactado com o tamanho da carga de pressão envolvida, algo completamente diferente se comparado ao reencontro com a torcida corintiana.
– Digo que sou um profissional, tenho a necessidade de trabalhar em diferentes locais, mas alguns locais são especiais, você se sente acolhido, com carinho. O torcedor que passou para mim, e eu só posso retribuir o carinho que ele transpõe – destacou o treinador.
Tite do presente também tem muito do passado
Após os susto relacionados aos problemas de saúde mental, Tite se mostrou leve, aliviando até mesmo os seus ex-comandados de Corinthians.
– Foi muito bacana ver o Tite participativo, animado de novo. A gente estava muito preocupado depois do problema de saúde que ele teve. Foi muito gostoso ver a alegria dele novamente para estar comandando a gente – destacou o ex-lateral Fábio Santos.
O que não mudou foi o comprometimento dele com o trabalho. Mesmo em um jogo festivo, o técnico fez questão de preparar os jogadores com preleção, orientações durante o jogo e orientações táticas, que foram até motivos de brincadeiras internamente.
– Primeiro que ele tava fazendo a preleção dele pedindo basicamente o que pedia em 2012, bola em profundidade para lá e para cá, mas aí o Liedson falou: ‘gente, para mim é só bola no pé, pelo amor de Deus, que eu não quero correr’. Aí deu uma quebrada no clima – contou Fábio Santos.
– A preleção foi como sempre: muito séria, emocionante, ele consegue tirar isso dos jogadores, mesmo sendo jogo festivo, mas foi sério. E aqui o jogo foi sério, a gente queria realmente ganhar – comentou Liedson.
– Tratou como se fosse um jogo importante, de pontos, de classificação, de vitórias. Comportamento dele na parte emotiva, para recordar algumas coisas especiais durante a trajetória. Então, seu Adenor Bacchi foi, como sempre, o Tite que admira demais o Corinthians – ressaltou Alessandro.

Mesmo trabalhando a parte emocional dos atletas, ainda que em uma partida de celebração, Tite refuta o rótulo de motivador.
– Eu não motivo ninguém, eu não sou motivador. Eu só passo confiança e falo com o coração – destacou Adenor.
Em campo, Tite ficou em pé a maioria do tempo. Orientou os jogadores que atuavam próximos ao banco de reservas. Fábio Santos, no primeiro tempo, e Jorge Henrique, no segundo, foram os que mais escutaram as ponderações do professor.
Ele também conversou constantemente com auxiliares que foram importantes durante a trajetória vitoriosa pelo Timão: Fernando Lázaro, hoje no Grêmio, e Mauro da Silva, que segue no clube alvinegro até hoje.
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Já voltou, Tite?
Questionado sobre quando voltaria a trabalhar no futebol, o técnico usou o tom de brincadeira para desconversar.
– Já voltei hoje – disse Tite em meio a risos.
Brincadeira que até pode ter um fundo de verdade, já que o treinador apontou o aspecto profissional como um dos pilares para uma vida emocionalmente saudável, indicando que não pretende ficar por muito tempo afastado da profissão.
– A minha espiritualidade, a atividade profissional que eu exerço e amo, a minha família, que é extraordinária, e passa por aí – pontuou Tite.
Tite não trabalha desde setembro de 2024, quando deixou o Flamengo.