Influência do financeiro e papel de Fabinho: como o Corinthians se organiza por reforços
Timão possui processos internos e "teto de gastos" para atuação durante a janela de transferências
Não é somente o departamento de futebol do Corinthians que tem trabalhado em busca de reforços na janela de transferências do meio do ano. O setor financeiro do clube alvinegro é outro que tem sido bastante acionado neste mercado da bola.
Pedro Silveira assumiu a direção financeira do Timão uma semana antes da abertura do período de transações e a sua opinião tem sido bastante respeitada nas movimentações da equipe do Parque São Jorge até aqui.
Influência financeira fez Corinthians recuar por Michael
O departamento financeiro foi fundamental para que o Corinthians não evoluísse na negociação com o atacante Michael, mesmo com o Al-Hilal, clube árabe que possui os direitos do atleta, acenando a possibilidade de rescisão para liberar uma vaga de estrangeiro para Neymar, que está próximo de retornar de lesão.
No entanto, o interesse financeiro apresentado por Michael em termos de salários e luvas afastou a pretensão corintiana em contratar o atacante.
No início das negociações, estimava-se que seria mais fácil negociar as condições de contrato com Michael do que com o Al-Hilal, por conta dos bons números apresentados pelo atacante na última temporada, mas aconteceu justamente o contrário.
Mesmo tendo acenado até mesmo em outras investidas do Corinthians que desejava voltar a atuar no futebol brasileiro, a pedida salarial de Michael, já envolvendo as luvas, que seriam diluídas nos vencimentos, era superior ao salário mais alto do elenco corintiano atualmente.
Desta forma, o departamento financeiro do Corinthians vetou qualquer evolução nas tratativas que hoje é considerada encerrada pelo clube alvinegro.
Departamento financeiro colocou “teto” na busca por Gonzalo Plata
Outra negociação em que a diretoria financeira tem grande influência é com o atacante equatoriano Gonzalo Plata, que pertence ao Al-Sadd, do Catar.
Embora a direção de futebol corintiana ainda não dê como encerradas as tratativas com a equipe do Oriente Médio pelo jogador, o setor responsável pelo dinheiro do Timão tem brecado possíveis loucuras para viabilizar a contratação do atleta.
O Corinthians chegou a enviar três propostas para o Al-Sadd, sendo a maior delas de 8 milhões de dólares (R$ 45,78 milhões), o máximo possível que o clube pode chegar.
Ainda que o valor esteja abaixo do que o clube do Catar deseja receber, o que mais incomodou, no entanto, foi a forma de pagamento que seria parcelada.
O que ainda mantém a negociação ativa até agora são dois fatores:
- O desejo de Plata em voltar a jogar no futebol sul-americano;
- A animação demonstrada pelo atleta com o interesse do Corinthians;
- A boa relação que o executivo de futebol Fabinho Soldado construiu com o estafe do jogador, que tem jogado a favor do Timão no negócio e busca formas de convencer o Al-Sadd a facilitar a transação.
De toda forma, o departamento financeiro do Timão já deixou claro que não tem como a equipe subir a oferta, podendo, no máximo, oferecer um novo plano de parcelamento.
Como funciona o organograma do Corinthians no mercado
Após mudanças na diretoria desde o início da atual administração do Corinthians, liderada pelo presidente Augusto Melo, o clube repensou o organograma de atuação dos seus departamentos.
No caso da atuação no mercado da bola, o processo inicia com o departamento de futebol apresentando ao setor financeiro os nomes interessados.
A definição sobre o atleta desejado vem a partir das seguintes situações:
- O profissional é indicado pela comissão técnica;
- O profissional é oferecido por algum empresário ou intermediário;
- O profissional é apresentado pelo departamento de análise de mercado.
Ainda assim, em todas as situações é necessária a anuência do técnico Ramón Díaz.
Inclusive, o treinador tem um membro da sua comissão trabalhando diretamente com os analistas corintianos, tanto no quesito de desempenho, quanto na análise de mercado.
Além disso, há constantes reuniões com as participações do comandante corintiano e do auxiliar Emiliano Díaz. Em algumas situações, as conversas também contam com a participação do presidente Augusto Melo que, por sua vez, tem se envolvido menos na atuação corintiana no mercado e confiado cada vez mais na atuação do executivo de futebol corintiano.
Fabinho, inclusive, é o elo com o departamento financeiro. Ele é quem conduz as negociações com intermediários e estafe dos atletas interessados. Augusto Melo tem participado mais nas conversas entre os clubes.
Augusto Melo tem confiado nas suas diretorias técnicas
Mesmo tendo feito promessas de contratações de impacto, com condições de serem titulares, o presidente corintiano tem confiado nos processos internos criados e nos seus diretores.
Sobretudo, Pedro Silveira tem tido um papel importante na organização das operações no Corinthians.
Augusto Melo sabe que a dívida do Tiimão atualmente ultrapassa a marca de R$ 2,1 bilhões, de acordo com o balanço financeiro do clube no primeiro trimestre. A quantia considera os débitos da equipe alvinegra e o financiamento com a Caixa para o pagamento da Neo Química Arena.