Por que Corinthians evita discurso de priorizar torneios e isso pode ser um bom plano

Ramón Díaz é categórico ao dizer que o Corinthians não prioriza competição entre Brasileiro, Sul-Americana e Copa do Brasil. O cenário é muito parecido ao que o próprio treinador encontrou quando chegou ao Timão no ano passado. A estratégia, por sua vez, é diferente. 

Ramón não rotula competição alguma como prioridade, mas sabe que precisará gerir o elenco em meio a média de três jogos por dia. O primeiro sinal foi no empate com o América de Cali, nesta terça-feira (8), pela segunda rodada da Sul-Americana. 

Com cinco titulares que sequer viajaram, por estarem entregues ao departamento médico, e outros dois preservados da equipe titular para controlar a carga física, a escalação inicial do Corinthians na Colômbia foi completamente alternativa. 

E isso quase comprometeu o resultado final, pois a evolução corintiana, e consequentemente o empate, só veio após as entradas de André Carrillo e Yuri Alberto, no segundo tempo – em especial o primeiro. 

A dupla, titular na espinha dorsal corintiana, modificou o desempenho do clube ao entrar em campo. Mais do que o primeiro ponto conquistado na Sul-Americana, o empate como visitante impediu o América de Cali de abrir uma vantagem de seis pontos no topo do grupo. 

Como somente o líder de cada chave se classifica diretamente – o segundo passa por um playoff –, segurar o ímpeto inicial de um adversário é essencial. 

Ramón quer Sul-Americana, mas sem ter que repetir filme de drama paralelamente

A conquista da Conmebol Sul-Americana é algo que falta no currículo de Ramón Díaz e na galeria de troféus do Corinthians. A comissão técnica liderada pelo treinador argentino tem muito desejo de vencer um campeonato internacional. 

No entanto, ninguém no clube quer passar novamente pelo drama de fugir da zona do rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Por isso, a ideia é já iniciar bem a competição nacional para ter gordura nos momentos em que os outros campeonatos estiverem mais afunilados. 

Assim, manter o discurso de que não há competição prioritária passará ao grupo a mensagem de que todos serão importantes, independentemente do torneio que disputam com mais frequência. 

A situação é completamente diferente da vivida por Ramón Díaz no Corinthians em 2024. Na ocasião, o treinador precisava passar o recado de que a comissão tinha o senso de urgência ligado para salvar o time do rebaixamento no Brasileirão.

Em tempo que o clube, ao jogar os mata-matas sem o mesmo grau de responsabilidade, avançou até as semifinais da Copa do Brasil e Sul-Americana. Atualmente, não há a mesma faca no pescoço do Timão no Campeonato Brasileiro, o que facilita a mensagem de que todas as competições importam e nenhuma delas é tomada como prioritária. 

Mas para evitar passar pelo sofrimento do ano passado, o Timão não pretende iniciar o Brasileirão deste ano a mercê de recuperar os resultados no futuro. E, assim, em meio aos problemas físicos vividos pelo elenco, é natural que a Sul-Americana seja colocada à margem. 

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Ramón, então, usa experiências do passado para equilibrar os pratos

A ideia de Ramón Díaz é levar o Corinthians às fases de mata-mata da Sul-Americana, mesmo com o elenco comprometido por problemas físicos. Enquanto isso, o clube armazena o máximo possível de “gordura” no Brasileirão para poder “relaxar” sem grandes prejuízos nos momentos em que afunilarem os momentos eliminatórios dos outros campeonatos. 

Desta forma, peças importantes do elenco também ganham tempo de recuperação. Diferentemente do ano passado, em que uma competição, de alguma forma, prejudicou a outra, a ideia nesta temporada é fazer completamente diferente e usar cada participação em um torneio um escape para o outro.