Empresa de consultoria contratada pelo Corinthians debate recuperação judicial com o clube
Ernst & Young, empresa de consultoria contratada pela atual gestão, estuda a possibilidade em reuniões com a diretoria; Especialistas de mercado dizem que medida é necessária

A Ernst & Young estuda a indicação de recuperação judicial para o Corinthians. A empresa de consultoria, contratada pela nova gestão do Timão em janeiro, analisa o processo legal como uma das opções mais viáveis para a renegociação da atual dívida bilionária do clube. Segundo apuração da Trivela, o assunto já foi debatido em reuniões, mas continua no campo da argumentação.
Além disso, conforme apurou a reportagem, a EY aponta para a necessidade da contratação de um executivo responsável pelo planejamento estratégico do clube, ao longo do processo de recuperação judicial. Neste panorama, entraria em cena um CEO ou administrador especializado, designado pela própria empresa de consultoria, e que teria o papel de conduzir todas as ações durante o período.
Porém, segundo as fontes consultadas pela Trivela, esse ponto incomoda o presidente Augusto Melo. A possibilidade da contratação de um CEO ou executivo especializado, que teria plenos poderes para contratar, demitir e realizar mudanças na organização, gera apreensão no mandatário, que teme se tornar uma carta fora do baralho administrativo. Por isso, ele rejeita essa opção.
Como funciona a recuperação judicial para clubes?
Em termos gerais, o objetivo da recuperação judicial é evitar que uma empresa declare falência. Na recuperação judicial, o intuito é preservar os benefícios econômicos e sociais através da ajuda que se dá à empresa em crise. Durante o processo, a empresa recebe permissão para suspender e renegociar parte de suas dívidas com seus credores.
— Se você pensar o Corinthians hoje, com uma dívida que está na casa do bilhão, é uma saída, um fôlego. Eu diria que é necessário assim como outros clubes fizeram. Você tem o Botafogo, que passou por uma recuperação extrajudicial, o Coritiba, o Cruzeiro, que está conseguindo entrar agora também. É uma maneira de realmente ter um fluxo de caixa melhor e sem bloqueios e penhoras. Então, acho que é uma grande alternativa para os clubes extremamente endividados — disse Carlos Aragaki, mestre em Ciências Contábeis pela PUC-SP e sócio da BDO.
Aliás, a RJ só passou a ser possível para clubes a partir de 2020, com a promulgação da Lei das SAFs, PL 5.516/2019 apresentada pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), atual presidente do Senado. Há dois anos em vigência, a lei protege as SAFs (Sociedades Anônimas do Futebol) das dívidas antigas deixadas pelos clubes. No entanto, não é necessário que a equipe se torna uma empresa ou sociedade para poder usufruir das benesses.
— Usando como base Lei da SAF, a recuperação judicial pode ser pedida por qualquer clube, sem que esse precise ser um clube de futebol associativo ou empresa. Sendo assim, qualquer equipe pode pedir os benefícios da recuperação judicial, para se reorganizar financeiramente, conseguindo assim ter fôlego para ajustar as suas contas e pagar os seus credores, segundo o seu fluxo de caixa — afirma Higor Mafei Bellini, presidente da comissão de direito desportivo da OAB Butantã.
Empresa foi contratada para promover mudanças no Corinthians
Contratada em janeiro, a Ernst & Young assessora o clube em diversos pilares estratégicos como, por exemplo, nas estruturas de governança e organizacionais, nos controles internos, além de apoio em relação ao departamento de futebol e nas categorias de base.
— A ideia é fazer um aperfeiçoamento das diferentes áreas do clube, com o objetivo de formar uma nova estrutura organizacional e, principalmente, de governança que é um dos nossos grandes diferenciais no mercado — disse Pedro Daniel, Diretor Executivo e Líder da indústria do Esporte na América Latina, quando a parceria foi firmada.