Por que a contratação de Depay faz sentido mesmo com o Corinthians cheio de dívidas?
Enganharia financeira fará o Timão pagar 34% do valor acertado pelo jogador e através de "sociedade" e metas
O Corinthians contratou o atacante Memphis Depay mesmo com uma dívida que ultrapassa os R$ 2 bilhões e envolve pendências com adversários diretos na Série A, como Cuiabá e Flamengo, pela ausência de pagamento na contratação dos jogadores.
Para tornar possível a contratação do holandês, o Timão precisou passar por um processo de engenharia que mobilizou diversos departamentos do clube. Além do futebol, o financeiro, jurídico e a secretaria-geral participaram da operação.
Para facilitar a contabilidade, o Corinthians trabalha com os custos relacionados a aquisição de Depay como um pacote de 24 meses, período que o atleta firmou o vínculo com o clube.
Memphis custará à equipe do Parque São Jorge uma quantia fixa de R$ 70 milhões, mas que poderá chegar a R$ 84 milhões em caso de cumprimento de metas relacionadas ao desempenho esportivo do atacante.
Deste montante, no entanto, somente 34% sairá diretamente dos cofres corintianos – R$ 24 milhões em dois anos.
A maior parte do salário fixo de Depay será arcado pela Esportes da Sorte, patrocinadora máster do Timão, que previu em contrato o direcionamento de R$ 57 milhões para a contratação de um jogador de impacto midiático. O holandês se enquadra neste perfil.
Mesmo com a empresa envolvida na “Operação Integration”, em Pernambuco, que investiga um suposto esquema de lavagem de dinheiro e jogos ilegais, o Corinthians vai usar a quantia acordada e se sente resguardado juridicamente para isso, até porque o vínculo com a patrocinadora prevê multa alta em caso de rompimento unilateral, sobretudo se uma das partes colocar em risco a imagem da outra.
Assim, apesar das dívidas, o valor que representará a maior fatia do pagamento de Depay representa uma verba de uso exclusivo para contratação. Não usá-la com o reforço holandês faria com que o dinheiro ficasse parado.
A prazo para o uso do dinheiro era até a próxima janela de transferências, entre dezembro de 2023 e janeiro de 2024.
Como o Corinthians vai pagar o restante do salário de Depay
Fora a parte que será paga pela Esportes da Sorte, resta ao Timão pagar R$ 24 milhões no “pacote Depay”, o que representa R$ 1 milhão por mês até o fim do contrato.
Desta quantia, até R$ 14 milhões são variáveis, pois se tratam de bonificações por desempenho esportivo.
A previsão no contrato é que Depay receba essas premiações ao atingir metas individuais e coletivas. Para o jogador, os desafios são de minutos em campo, partidas como titular e participação em gols.
Já no aspecto grupal, há metas de conquistas de títulos e posicionamento nos campeonatos disputados em 2024 e 2025.
Para a diretoria corintiana, o pagamento desses valores não impactam nos cofres do clube, pois estão atrelados a premiações que a equipe vai receber caso atinja essas metas, principalmente as coletivas.
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Como o Corinthians trabalha a “sociedade” com Depay
Restam, portanto, R$ 13 milhões de margem para o Corinthians pagar no contrato com Depay.
Esse valor dividido pelo tempo do contrato representa R$ 541 mil mensais, que encaixam no bolso corintiano. Mas também há um mecanismo para que esse pagamento seja feito.
Depay será uma espécie de “sócio” do Corinthians em ativações em que ele participar.
O contrato não prevê especificamente quais serão essas ações, que serão trabalhadas pelo departamento de marketing do clube que, inclusive, deve ganhar o reforço de um profissional nos próximos dias para trabalhar diretamente com o superintendente Vinicius Manfredi e já conduzir esses trabalhos.
No acordo com Depay está previsto que o jogador tem direito a um percentual em toda atividade comercial promovida pelo Corinthians e que envolva a marca do profissional.
Inicialmente, o Timão prevê a distribuição de lucro com Depay em ativações publicitárias com empresas interessadas em usar as imagens do clube e do atleta.
Porém, não é descartada também a participação do holandês na arrecadação da venda de camisas e produtos licenciados.
O plano de ação está sendo construído e passará pelo estafe de Memphis antes de ser consolidado.
Corinthians não pretende mexer no caixa para bancar Depay
Desta forma, a divisão percentual do pagamento de Depay será a seguinte:
- 68% através da Esportes da Sorte;
- 15% por meio da participação do jogador nos lucros de ativações comerciais em que estiver envolvido;
- 17% pagos pelo Timão no caso de o atleta cumprir todas as metas de desempenho previstas em contrato.
Em termos financeiros, isso significa que:
- R$ 57 milhões serão pagos pela Esportes da Sorte;
- R$ 13 milhões serão repassados pelo Corinthians a Depay nas ativações comerciais em que o jogador estiver envolvido;
- R$ 14 milhões serão pagos pelo Timão no caso de o atleta cumprir as metas esportivas previstas em contrato.
