Conselho do Corinthians vê contradições da diretoria e aumento de dívida em mais de R$ 800 mi
Órgão apresentou números diferentes da diretoria alvinegra, com divergência de R$ 231 milhões entre eles
Diferentemente da demonstração financeira apresentada pela direção do Corinthians, que registrou aumento da dívida do clube em R$ 598 milhões, o Conselho de Orientação (CORI) apontou a elevação do passivo em R$ 829 milhões.
A Trivela teve acesso ao ofício referente à reunião do Cori, que aconteceu no fim da tarde desta segunda-feira (28). Durante o encontro, o Conselho de Orientação recomendou a reprovação das contas do Corinthians em 2024 por 16 votos a 1.
A diferença entre os números apresentados pela diretoria corintiana e o Cori é de R$ 231 milhões.
O órgão afirma que houve ausência na apresentação de documentos, explicações e respostas.
Entre os pontos citados estão:
- Ausência de divulgação dos balancetes mensais;
- Falta de atualização e/ou revisão orçamentária do clube;
- Falta de apresentação das faturas de cartões de crédito corporativos, que somam o montante de R$ 7 milhões;
- Ausência de resposta sobre a solicitação da documentação comprobatória dos chamados ajustes gerenciais, na ordem de R$ 192 milhões;
- Divergências de saldos entre controles gerenciais e de sistema;
- Contratação tardia de empresa de auditoria;
- Falta de reconhecimento dos demonstrativos contábeis da Neo Química Arena;
- Lançamento dos valores arrecadados pela torcida para a quitação da arena como receita;
- Falta de critério no critério e procedimentos de contratação dos prestadores de serviço;
- Falta de apresentação de contrato do atacante Memphis Depay;
- Demonstrativo de utilização dos valores arrecadados, bem como os captados junto à XP, tendo como garantia o contrato com a Liga Forte União (LFU);
- Falta de providências junto ao caso “Vai de Bet”;
- Ausência de contestação judicial do valor de R$ 40 milhões pela rescisão, assumindo mais de R$ 4 milhões de honorários advocatícios;
- Ausência de apresentação das composições dos materiais esportivos da “Nike”.
Além de recomendar a reprovação das contas, o Cori também indica a gestão corintiana como temerária.
Aumento significativo dos juros passivos
O Cori notou aumento significativo das despesas financeiras, não justificados pelo aumento das taxas de juros ou variações cambiais, apontados pela diretoria em relatório enviado na última semana.
No registro feito pela direção corintiana, mencionou-se aumento superior a R$ 140 milhões em comparação com a gestão de 2023, e diferença de mais de R$ 160 milhões entre o orçado.
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Cori apontou déficit próximo do limite estabelecido pelo Profut
De acordo com o ofício redigido pelo Cori, o déficit financeiro do Corinthians é de 19,4%, número próximo à violação da lei do Profut (12.155/15), que dispõe que o percentual não pode ultrapassar os 20% da receita bruta apurada no ano anterior.
É mencionado que, apesar da receita ter atingido valores superiores a R$ 1 bilhão, o endividamento voltou a subir após três anos.
O documento cita aumento de R$ 120 milhões em despesas financeiras e de R$ 80 milhões em despesas operacionais com futebol.
Nos termos referentes aos ajustes gerenciais, foram observados os seguintes números, que somados dão a quantia de R$ 191,2 milhões:
- Apropriação de juros do Profut: R$ 30,2 milhões;
- Contingências prováveis em 2023: R$ 56,2 milhões;
- Parcelamento do ISS junto à Prefeitura de SP: R$ 76 milhões
- Contingências de dívidas passadas: R$ 28,8 milhões.
