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Contra o ferrolho paraguaio, Brasil teve que mostrar repertório. E mostrou

Arce não trouxe o Paraguai a Itaquera para atacar o Brasil. Seria loucura fazer isso. Fechou-se, esperou os erros do adversário e deu várias pancadas, principalmente em Neymar. Contra um time que se defendeu muito bem, a equipe de Tite teve que mostrar repertório. Ser criativo. Inventar. E mais esse teste foi muito bem superado. Destacaram-se na vitória por 3 a 0 a qualidade e a beleza dos gols marcados pelos donos da casa, principalmente aqueles que saíram em jogadas coletivas muito bem trabalhadas.

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Antes de abrir o placar, o Brasil havia levado perigo a Antony Silva apenas na bola parada. Foi assim na cabeçada de Paulinho, no chute de longa distância de Neymar e em uma segunda cabeçada, agora de Marquinhos, na sequência de uma tentativa do camisa 10 de surpreender o goleiro. Silva fez duas boas defesas nesses lances, outra mais tranquila, e não houve nenhuma chance clara de gol.

O Paraguai estava bem fechado, até violento de vez em quando – Neymar levou três faltas antes dos dez minutos – e só ameaçou em um contra-ataque. Bola roubada no meio-campo achou González, entre os zagueiros. Na hora que o atacante paraguaio foi finalizar, no entanto, já estava pressionado por três brasileiros e bateu mascado, rente à trave de Alisson, que não precisou trabalhar na Arena Corinthians.

Ao contrário de outras partidas da ótima sequência sob o comando de Tite, as chances não saíam naturalmente contra o Paraguai. Era necessário que o Brasil tirasse algum coelho da cartola. Apropriadamente, foi Coutinho, chamado de “mágico” na Inglaterra, que fez isso: pegou a bola no meio-campo, avançou pela lateral direita e parou. Pedalou, trouxe para o meio e achou Paulinho. Recebeu de volta, passe de calcanhar do ex-corintiano, e bateu de primeira de fora da área. Detalhe: com a perna esquerda, que não costuma ser a arma utilizada para fazer seus belos gols de média e longa distância. Mas o chute foi muito bem colocado.

 

Coutinho passeou pela ponta direita. No segundo tempo, seu cruzamento deu origem a um chute torto de Paulinho da entrada da área. Em seguida, achou Neymar na segunda trave. O craque brasileiro se jogou para tentar o gol, mas acertou a rede pelo lado de fora e trombou no poste. Parecia machucado, mas, assim que se levantou, tranquilizou a torcida. Arrancou, driblou, entrou na área e sofreu pênalti. Ele mesmo cobrou, com paradinha para esperar Antony Silva se mexer. Silva não se mexeu. Ele bateu mal e parou nas mãos do goleiro paraguaio.

Sem problemas: poucos minutos depois, lá foi Neymar de novo pela esquerda. Saiu do próprio campo de defesa, driblou o primeiro, deu um tapa na bola para fugir do segundo e correu em direção à área. A marcação dupla, talvez com medo de virar vítima também, deu passos para trás e permitiu que Neymar avançasse. O barcelonista buscou um chute colocado no canto do goleiro, mas a bola desviou na marcação e enganou Silva. Ainda assim, grande jogada individual.

 

Neymar chegou a colocar outra bola na rede, mas estava impedido, em um lance confuso que, em princípio, pareceu validado, mas o árbitro acabou anulando. Logo em seguida, também pela esquerda, o camisa 10 tentou bater colocado mais uma vez e tirou tinta na trave. A chave para fechar o caixão foi novamente o lado esquerdo do ataque: Neymar para Marcelo, Marcelo para Coutinho, Coutinho para Paulinho. Paulinho, de novo de calcanhar, deixou o lateral esquerdo na cara do gol, e o toque de categoria para encobrir Silva foi a cereja no bolo de outra grande trama coletiva da equipe de Tite.

 

Na noite desta terça-feira, o desafio do Brasil foi abrir uma defesa muito bem fechada e, por vezes, violenta. Conseguiu unindo qualidade individual e coletiva, em três belos lances que construíram a vitória por 3 a 0. A matemática, agora, é detalhe: a Seleção estará na Rússia em 2018 e, neste momento, promete estar muito forte.

Foto de Bruno Bonsanti

Bruno Bonsanti

Como todo aluno da Cásper Líbero que se preze, passou por Rádio Gazeta, Gazeta Esportiva e Portal Terra antes de aterrissar no site que sempre gostou de ler (acredite, ele está falando da Trivela). Acredita que o futebol tem uma capacidade única de causar alegria e tristeza nas mesmas proporções, o que sempre sentiu na pele com os times para os quais torce.
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