Brasileirão Série A

Na ultima vitória do Palmeiras sobre o Flamengo no Maracanã, Endrick tinha 9 anos e Sheik jogava

O Palmeiras não sabe o que é vencer os rubro-negros no Maracanã há oito anos

Para além dos seus objetivos no Campeonato Brasileiro e tirar pontos de um concorrente direto, o Palmeiras joga contra um tabu longevo nesta noite (8), no Rio, contra o Flamengo. O clube alviverde não vence o rival carioca no Maracanã desde 6 de junho de 2015.

Só para se ter uma ideia do tempo decorrido, Endrick, o camisa 9 que vai tentar acabar com essa escrita a partir das 21h30 de hoje, ainda tinha 9 anos e morava em Brasília. Do outro lado, Emerson Sheik, ainda era peça relevante do clube do Rio de Janeiro.

Faz tanto tempo, que nem parece que os dois clubes que se enfrentaram para 14 mil pessoas naquela tarde são os mesmos que passaram a disputar palmo a palmo os principais títulos do futebol brasileiro já no ano seguinte. O projeto palmeirense, aliás, já tinha dado frutos dez dias antes daquela partida, na Copa do Brasil.

Era o primeiro ano da revolução interna levada a cabo pelo então presidente Paulo Nobre e o diretor de futebol Alexandre Mattos, que resultou no que o Palmeiras se transformaria.

O time era comandado por Marcelo Oliveira, ex-Cruzeiro e bicampeão brasileiro, segundo treinador do time naquele ano. Oswaldo de Oliveira caíra. E o Verdão foi ao Maracanã para vencer por 2 a 1.

O Flamengo ainda passava por um saneamento fiscal, com vistas a zerar dívidas com a União e fazer com que o clube criasse condições de obter receitas “limpas” para poder crescer. O que, como se sabe, deu muito certo.

O cara do Palmeiras desde 2015

Mostrando que é mesmo o atleta mais representativo desse Palmeiras, renascido naquela temporada e até hoje vivo, Dudu abriu o placar, tendo ao seu lado companheiros que ficaram pouco marcados na história do clube. O cruzamento para o camisa 7 se antecipar e fazer 1 a 0, por exemplo, veio do lateral João Paulo, formado justamente na Gávea.

Foi de João Paulo, também, a assistência para o zagueiro Vitor Hugo, este, sim, importante no ciclo iniciado oito anos atrás, fazer, em outra cabeçada, o gol da vitória do Palmeiras. Antes disso, porém, numa falha do goleiro Fabio e do zagueiro Leandro Almeida, o lateral Pará empatou o jogo para os rubro-negros, com mais um gol de cabeça, após cruzamento de Marcelo Cyrino.

Bandeira de Mello preparando o terreno

O jogo traz uma nostalgia agridoce para os palmeirenses, pois esse elenco acabara de conquistar a Copa do Brasil sobre um forte Santos, com direito a Gabriel Jesus no ataque e gol de Fernando Prass fechando a disputa por pênaltis. Foi o primeiro título da ‘Era Allianz Parque/ Crefisa'.

Mas, para os torcedores do Flamengo, o gosto que esse elenco evoca tende mais exclusivamente para o amargor, mesmo.

Além do já citado Pará, o time carioca contava com peças esquecíveis do calibre do zagueiro Marcelo, do volante Jajá e de um Emerson Sheik já em declínio, mas ainda jogador de verdade, ao ponto de ser reserva do jovem Kayke, por escolha do técnico Jayme de Oliveira.

Eram os anos Bandeira de Mello no Flamengo, que promoveu um saneamento financeiro austero, pavimentando o caminho para os anos gloriosos da gestão Landim. E as contratações tinham vultos menores.

Heróis meteóricos

No Palmeiras, estiveram em campo dois jogadores que jogaram muito pouco, mas escreveram seus nomes com louvor na história do Alviverde. Na lateral-direita, Lucas Taylor, ex-atacante na base, jogou e brilhou nas finais da Copa do Brasil, contra o Santos.

E, no meio, Matheus Salles, famoso por ter anulado Lucas Lima nas mesmas partidas, era o cabeça-de-área, ao lado do também volante Amaral, vindo do Goiás. Tanto Salles quanto Taylor sumiram do Palmeiras no ano seguinte.

O time ainda tinha Allione, Zé Roberto, Alecsandro, Kevin e Cristaldo. Destes, apenas Kevin não foi campeão brasileiro com Cuca na temporada seguinte.

No Flamengo, quem ficou mais tempo no time foi o goleiro César. Jogadores como os ex-palmeirenses Márcio Araújo, Allan Patrick e Jorge, revelado no Fla, também formavam a última equipe derrotada pelo Palmeiras no ex-Maior do Mundo.

Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata Lima

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023
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