Flamengo: reunião da alta cúpula da diretoria vai definir futuro de Sampaoli
Pablo Fernandez, preparador físico que agrediu Pedro, será demitido por justa causa, enquanto comissão técnica está em risco
O Flamengo está à beira de um precipício em uma temporada que tinha tudo para render excelentes frutos, após um início instável e troca de treinador. O episódio de agressão envolvendo o preparador físico, Pablo Fernandez, e o atacante Pedro deixaram o clima pesado nos bastidores, e a permanência de toda a comissão técnica de Sampaoli. Uma reunião neste domingo (30), vai definir os rumos do clube.
A equipe, como instituição, ainda não se pronunciou sobre o ocorrido de maneira oficial, assim como o técnico Jorge Sampaoli. A diretoria adotou uma postura cautelosa com o assunto para evitar transtornos financeiros ao clube, que já pagou uma multa no valor de R$ 15 milhões a Vítor Pereira. Vale destacar que Landim, presidente do clube, está nos Estados Unidos em agenda de reuniões sobre possíveis SAFs.
Decisão conjunta define futuro de Sampaoli no Flamengo
Não é segredo para ninguém, seja no Flamengo ou fora dele, que Pablo Fernandez será demitido por justa causa. O laudo realizado pela Polícia de Minas, além do exame de corpo de delito, apontaram que o atacante sofreu lesões na região da boca e do rosto. O documento já é o suficiente para que o preparador físico seja desligado do Rubro-Negro.
Fernandez e Pedro passaram a madrugada na Delegacia de Polícia, ao lado de Thiago Maia, Pablo – jogador – e Cebolinha, testemunhas no caso. Bruno Spindel, diretor de futebol, e alguns seguranças do Flamengo também permaneceram em Belo Horizonte. A delegação do Rubro-Negro chegou no fim da madrugada ao Rio de Janeiro, enquanto as partes envolvidas no episódio, com exceção de Fernandez, ainda estão em Minas Gerais.
Após o baque, a diretoria do Flamengo esteve em constante contato e definiu uma reunião neste domingo. Nem todas as partes estarão presentes presencialmente, já que o presidente Rodolfo Landim embarcou para Miami horas antes do ocorrido, ao lado de outros membros da alta cúpula, como Rodrigo Dunshee, Reinaldo Belotti e Gustavo Oliveira. Nenhuma decisão será tomada sem o dedo do mandatário.
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É importante entender que, no momento, o maior problema são os detalhes jurídicos que o processo de demissão pode envolver. A comissão técnica de Sampaoli está em xeque, e não apenas pela atitude inexplicável de Pablo Fernandez, mas pela postura do treinador após a agressão.
Elenco não vê postura firme de Sampaoli
Os problemas para a comissão técnica que trabalha no Flamengo foram as atitudes depois que o soco de Fernandez conectou com a cara de Pedro. Os jogadores, por exemplo, saíram em defesa do atacante de imediato e cobraram postura firme da diretoria. Alguns, inclusive, confirmaram que não treinariam e nem vestiriam a camisa do Rubro-Negro caso o preparador físico permanecesse empregado.
Jorge Sampaoli, que presenciou o episódio, assim como todo o elenco, concedeu a coletiva após a partida “como se nada tivesse acontecido”. Não tocou no assunto, saiu sem falar com a imprensa e desembarcou no Rio de Janeiro com a mesma postura. Tais ações irritaram os jogadores do Flamengo, que esperavam atitudes firmes do argentino com sua comissão técnica. Uma fonte confirmou à Trivela que a impressão foi de “passada de pano”.
Dessa forma, o clima nos bastidores do Flamengo é de muita tensão. Durante a madrugada, alguns envolvidos no dia a dia do clube confirmaram que existem chances reais de que a comissão técnica de Jorge Sampaoli seja demitida, não apenas o preparador físico. O domingo de um clube que perdeu apenas um dos últimos 20 jogos na temporada promete, e não pelas razões que se espera.
Sampaoli se posiciona
Após mais de 12 horas do ocorrido, Jorge Sampaoli se posicionou. Em publicação nas redes sociais, o treinador fez uma reflexão contra a violência, relembrou os tempos de garoto e ainda citou que as razões existem na discussão, mas, a partir do momento do soco, elas deixam de importar.
“Não acredito na violência como solução. Isso não nos leva a lugar nenhum. Nem na vida, nem no futebol. Ao longo da minha carreira, vi tantas lutas e elas sempre me deixaram com uma sensação de vazio. O que aconteceu ontem me deixou muito triste. Ofuscamos uma vitória impressionante com uma disputa interna cujas razões existem, mas neste momento não importam.
A história me mostrou que a única solução é a conversa. Mesmo quando errei ou vi o erro dos outros. Eu tenho fé na palavra. Que é uma forma de ter fé no ser humano. Porque a violência nos separa e a conversa nos une.
Quando eu era criança e comecei a jogar futebol, as brigas dentro e fora do campo eram muito comuns. Assim como muitas coisas no mundo mudaram para pior, algumas mudaram para melhor. A violência é menos aceita a cada dia como forma de resolver as coisas. É uma transformação que levará tempo. Não será de um dia para o outro. Todos nós temos o direito de cometer erros. Porque temos a possibilidade de nos transformarmos. Para ser melhor.
Eu sou o condutor desta equipe. Me dói muito quando dois colegas de trabalho brigam. Mais do que a violência. Os treinadores não se dedicam apenas à tática e à preparação dos futebolistas. Acima de tudo, trabalhamos para gerir grupos. Tentamos melhorar e cuidar das pessoas.
Não tenho dormido pensando em como ajudar Pedro e Pablo. Sei que vocês dois tiveram uma noite horrível. E que, aconteça o que acontecer, temos a obrigação de nos cuidar. Para nos mudar Para unir. Para ser melhor. E colocar o Flamengo no topo”