Brasileirão Série A

Impacto matemático com derrota preocupa o Palmeiras menos do que o impacto moral

Na somatória de pontos para o título brasileiro, o que era difícil segue - mais ainda se o emocional do Palmeiras tiver se abalado demais

O Palmeiras ainda pode chegar a 74 pontos no Campeonato Brasileiro. É mesma pontuação máxima que podem fazer Flamengo e Grêmio. O Bragantino pode fazer 76. E o Botafogo, 80. Pela matemática, perder para o Flamengo por 3 a 0 no Maracanã deixa muito difícil, o que já era muito difícil, muda muito pouco a vida do Alviverde, na prática. Mas o futebol, como se sabe, vai muito além dos números.

Se o Flamengo apertasse mesmo o jogo no segundo tempo, teria saído com uma goleada histórica do Maracanã. O Palmeiras não deu nem o mínimo indício de que poderia vencer os rubro-negros na noite de quarta-feira (8). E muito mais do que os três pontos perdidos, o problema maior é entender como o resultado e a atuação ruim vão bater no moral do grupo. Em outras palavras, vai ser preciso avaliar se a água da ducha não terá sido fria demais.

No que diz respeito à pontuação, pensando no título, o Palmeiras descartou um resultado. Não que necessariamente pudesse fazê-lo. Mas era difícil imaginar que esse time venceria todos os jogos até o fim do Brasileiro. E após ter passado pelo Choque-rei goleando, e ter virado sobre o Botafogo, perder no Rio para o Fla era até aceitável, dentro das contas. Se era para perder um jogo, que fosse este.

Porque como Abel Ferreira vem dizendo, o Palmeiras tem que fazer o seu campeonato. Somar o máximo possível de pontos, ganhar jogos-chave e ver aonde isso o terá levado após a rodada 38. A questão é que muito do futebol é a parte mental. E ainda não se sabe como a impotência mostrada pelo time diante dos rubro-negros vai abalar a autoestima desse grupo.

Assim como teve a chance de ferir o Botafogo e o fez, o Palmeiras tinha a chance de tirar o Flamengo da briga, como bem apontou Abel em sua entrevista coletiva, e falhou. Pior do que isso, aumentou a própria concorrência, dando moral para um time que precisa de pouco para se empolgar.

Assim como a vitória sobre o líder deu um gás absurdo ao Palmeiras, a derrota para os rubro-negros pode drenar essa energia. Mas quanto?

A batida frase de Abel Ferreira, das 24 horas para sofrer após um revés, mais uma vez terá de ser a verdade dessa equipe. Se no sábado, contra o Internacional (11), o time der mostras de bom futebol, a difícil caminhada rumo ao título prossegue. Mas se o abatimento entrar em campo junto com os jogadores na Arena Barueri – para piorar, o time mandará o jogo fora de casa -, o campeonato poderá ter acabado na noite de ontem.

E o esquema?

Alavanca da recuperação deste time, o esquema com três zagueiros mostrou-se muito vulnerável no Maracanã. Depois de ter convencido a todos de que era a melhor opção, o tripé defensivo com Gómez, Luan e Murilo fez água. Assim como fizera no 1º tempo do Engenhão, corrigindo-se no segundo.

Abel tem agora um dilema. Há tempo para alguma mudança brusca ou a hora é de fazer ajustes na formação que ganhou cinco jogo seguidos? A reposta parece óbvia, mas não é. Basta pensar que, quando perdeu Dudu, cabia ao Palmeiras apenas colocar um ponta em seu lugar. E Abel jamais conseguiu isso com as peças que tinha.

Os adversários já entenderam como jogar nas costas da defesa do Palmeiras. Para o bem do clube, que Abel não precise colocar um time em campo e mais uma vez levar um vareio no primeiro tempo para corrigir no segundo. Algo que, aliás, nem há como saber se teria dado certo contra o Flamengo, dado que Gustavo Gómez, irreconhecível, desmontou o time ao ser expulso de maneira bisonha.

Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata Lima

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023
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