O Palmeiras está vivendo uma ‘Estevão-dependência’? Analistas da Trivela comentam
Time de Abel Ferreira é completamente diferente quando o atacante está em campo
Basta assistir aos jogos para se constatar: o Palmeiras é um com Estêvão em campo e outro sem o seu camisa 41. Mesmo dentro dos jogos, quando Estêvão deixa o gramado, o time já muda muito.
O exemplo mais recente foi Palmeiras 5 x 0 Cuiabá do último sábado (24), pelo Campeonato Brasileiro. Nos poucos mais de 60 minutos, o Palmeiras foi à rede cinco vezes, com dois gols e duas assistências dele — além do fato de ele ter participado da jogada do outro gol.
Sem ele, a partir dos 15 minutos da segunda etapa, o time caiu bastante de produção e não fez mais nenhum gol — vale, contudo, frisar que Abel Ferreira fez as cinco alterações, mudando completamente a cara da equipe.
O que significa a desistência do Palmeiras por Gabigol? https://t.co/NnaiqRIJtW via @trivela
— Diego Iwata Lima (@DiegoMarada) August 27, 2024
Só Pedro participou de mais gols
De todos os jogadores do Campeonato Brasileiro da Série A, só Pedro, do Flamengo, contribuiu diretamente mais para gols de sua equipe do que Estêvão nesta temporada: são 14 do palmeirense contra 15 do rubro-negro. Com dez bolas na rede, Pedro é o artilheiro do Brasileirão. Já Estêvão lidera a tábua de assistências, com sete.
Estêvão entrou em campo 20 vezes pelo Palmeiras no campeonato, nas quais perdeu cinco vezes, empatou outras cinco e ganhou dez jogos. O Palmeiras ganhou todos os jogos em que Estêvão fez gols.
Mas é possível afirmar que o time depende de Estêvão?
Todo time trabalha para seu jogador diferente
Colunista da Trivela, Maurício Noriega não vê o time dependente de Estêvão e até encara o Palmeiras jogando em função dele como algo natural. Mas avalia que ele é um dos poucos capazes de trazer algo fora do comum para a equipe:
— Todo time que tem um jogador diferente depende desse jogador diferente. Futebol é muito simples: o fator coletivo é importante, a estrutura de uma equipe, o funcionamento da tática, o esquema de jogo, o sistema de jogo. Mas os grandes jogadores são jogadores que ganham os jogos — afirma Noriega.
— Então, é claro que todo time, quando tem um jogador diferente, tem que trabalhar para esse jogador diferente e acaba ficando dependente dele. Eu não sei se o Palmeiras é dependente, mas ele é um dos poucos jogadores que o Palmeiras tem que fazem a diferença. Um cara capaz de furar uma defesa com um drible, de fazer gol e dar passe para gol. É natural que o time acabe procurando muito esse jogador — diz.
— Todos sabem que ele é o cara que vai resolver partidas, que vai sair dá mesmice, romper. E, afinal, é daí que vem o termo craque, de “crack”, que é som de romper, de quebrar. Esse menino é muito bom jogador, tem tudo para ser um grande craque — prevê Noriega.
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— Diego Iwata Lima (@DiegoMarada) August 27, 2024
O único que leva perigo no mano a mano
Também colunista da Trivela, Paulo Júnior é ainda mais contundente na sua análise:
— Pela primeira vez, Abel Ferreira tem só um jogador que abre o campo e causa perigo no mano a mano: Estêvão (o mais talentoso em fazer isso, aliás). Já houve Dudu, Wesley, Verón, Breno, Endrick, algum momento de Rony no contra-ataque, as tentativas com Artur e Tabata. Sempre tinha alguém para ir para cima no vazio, até porque sempre foi um time direto, de achar cruzamento e passagem na ponta, não de tabelar e cozinhar muito por dentro — teoriza Paulo.
— Então, virou, sim, uma dependência de Estêvão para ser agressivo na maneira que o time está acostumado a jogar hoje. Talvez, um dia, quando ele sair, exista um time possível com Maurício, Felipe Anderson ou até a volta de Dudu — diz.
— Mas, hoje, com o que Abel pensa de futebol, chega a ser estranho ver o Palmeiras em campo sem o garoto. É dependência pelo que virou o elenco. É estranho ter sobrado só um ponta, e de 17 anos. E como ele é muito acima da média, sua ausência, quando acontece, se torna muito flagrante — conclui.
Em outras palavras, o que dá para concluir é que depender de um jogador, quando esse jogador tem a qualidade de Estêvão, é praticamente inevitável.
O Palmeiras não depende de Estêvão porque não tem qualidade, mas porque a qualidade dele impõe essa condição. Estêvão “sequestra” o jogo para si de modo natural. Sorte do Palmeiras.