Maurício Noriega: Jabuticaba League é um grande barato
Ainda que sofra com descuidos dos organizadores, torneio oferece entretenimento e diversão em doses difíceis de serem equiparadas
Tem coisas que só acontecem no Brasileirão.
Nós, brasileiros, somos arrogantes, vamos admitir. Adoramos aquele papinho de maior e melhor do mundo. Exaltamos nossas belezas naturais exclusivas, vendemos a ideia do maior estádio, das maiores torcidas, do maior campeonato de futebol, da melhor seleção e por aí vai. Coisa nossa, tipo o José Fernandes (os mais novos podem ir ao Google pesquisar).
A jabuticaba entrou nesse balaio. Sempre vendemos a ideia de que a frutinha de casca preta só existe por aqui. Mas embora o fruto da família Myrtaceae seja originário do Brasil, ele vinga em outras regiões próximas aos trópicos.
Depois desse nariz de cera (pesquisem novamente) vamos ao que interessa: que fruta saborosa é o Campeonato Brasileiro de Futebol da Série A! Ainda que sofra com descuidos dos organizadores, como gramados horrorosos e mal iluminados, o torneio oferece entretenimento e diversão em doses difíceis de serem equiparadas.
Taí. O Cuiabá do Nem Mais Tão Menino Mas Ainda Maluquinho Deyverson. Aplicou um 3 a 0 no badalado Flamengo que ficou procurando – sem encontrar – a bola o jogo todo. Difícil imaginar algo parecido na Premier League, na Bundesliga ou em La Liga. Até acontece, mas não com a variação e nem com a frequência do Brasil.
A rodada foi pródiga em acontecimentos que corroboram a exclusividade da nossa “Jabuticaba League”. Felipão venceu a primeira com o Galo em pleno cenário de festa montado pelo São Paulo. O Vasco voltou a fazer um gol e a somar três pontos diante do Grêmio, em pleno São Januário (incrível, mas é preciso destacar isso). O Botafogo conseguiu um dos muitos empates que provavelmente terão sabor de vitória de agora em diante.
Fluminense e Palmeiras fizeram um jogo que se não fosse o pasto em que se transformou o gramado do Maracanã teria sido muito melhor. Administrações de elenco e objetivos distintos. O Flu, mesmo tendo empatado na ida das oitavas da Libertadores, foi com o que tinha de melhor. O Palmeiras, apesar da vantagem construída no primeiro jogo da disputa continental, praticamente abandonou o Brasileiro ao escalar um time quase todo reserva. Essas diferentes formas de analisar elencos e momentos também enriquecem o produto.
Há ainda casos dramáticos: Santos, Coritiba, Bahia e do próprio Vasco. Campeões nacionais com propostas de administração empresarial e um multicampeão internacional que parece perdido após uma sequência desastrosa de gestões amadoras.
Ainda que a frutinha aconteça também fora do Brasil, a “Jabuticaba League” é um grande barato.