Brasileirão Série A

Grêmio: Renato vai bem ao criticar arbitragem, mas mal ao falar sobre seu time

Renato Portaluppi disparou com justiça contra a arbitragem por pênalti não marcado no empate em 4 a 4 contra o Corinthians, mas resumiu problemas defensivos do seu time a apagão no final do primeiro tempo

Como não poderia deixar de ser, a arbitragem foi a principal pauta da entrevista coletiva de Renato Portaluppi após o empate em 4 a 4 entre Corinthians e Grêmio, na noite de segunda-feira (18), na NeoQuímica Arena, em São Paulo. O treinador gremista demonstrou grande indignação com o pênalti claro não assinalado no toque de braço de Yuri Alberto, aos 47 minutos do segundo tempo da partida atrasada da 15ª rodada do Campeonato Brasileiro.

Ao mesmo tempo em que tem toda razão quanto ao absurdo envolvendo a arbitragem, Renato não foi bem no pouco que falou sobre o jogo em si. Resumiu as enormes dificuldades defensivas do Grêmio a um apagão no final do primeiro tempo, quando o problema é muito mais grave e complexo.

Renato dispara contra o VAR e Seneme

A entrevista coletiva de Renato iniciou após um breve pronunciamento do presidente Alberto Guerra, que classificou como “vergonhoso” o pênalti não assinalado a favor do Tricolor Gaúcho. O treinador corroborou as palavras do mandatário, ressaltando o escândalo que foi o VAR sequer ter chamado o árbitro Wilton Pereira Sampaio para consultar o vídeo.

— Errar é humano. Mas no momento que você tem a ferramenta do VAR, e no momento que você sabe as regras do jogo, é inadmissível não ter dado esse pênalti para a gente. Estou falando de boca cheia porque eu vi o lance no vestiário. Muita gente, inclusive dentro do campo, do próprio Corinthians falou que foi muito pênalti. Duvido alguém que alguém veja esse lance e fale que não foi pênalti — lamentou Renato.

De certa forma, o treinador do Grêmio isentou Wilton. Mas disparou contra o VAR da partida, Emerson de Almeida Ferreira, e voltou a tecer duras críticas a Wilson Luiz Seneme, chefe da Comissão de Arbitragem da CBF.

— Falei com árbitro, ele disse que o adversário estava com braço para trás. É um árbitro de Copa do Mundo. Nem posso culpar o árbitro do jogo, porque tem a ferramenta, tem o VAR. Então a CBF deveria divulgar o áudio desse lance. Gostaria que o Emerson de Almeida Ferreira, que foi o árbitro do VAR, viesse a público. Seneme, venha a público junto com ele. Você não conhece todas as regras? Eu também conheço. Talvez muito mais do que vocês. E olha que o árbitro do jogo esperou bastante, para ele ter todo tempo do mundo para analisar. Aliás, nem precisava. Em três segundos dava ver que foi pênalti. […] Fica difícil. O Brasil inteiro viu essa vergonha de hoje. Até o Stevie Wonder acho que viu que foi pênalti — brincou Renato.

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Treinador resume problemas defensivos a apagão

Das cinco perguntas da coletiva, três foram sobre arbitragem. Nas outras duas, Renato foi convidado a falar sobre o desempenho de sua equipe. E passou longe de explicar os problemas apresentados por ela.

— Hoje tivemos aqueles 7 ou 8 minutos do final do primeiro tempo, onde nós tomamos os três gols. Vacilamos, dormimos. Cheguei no vestiário, dei um beijinho para cada um, acordei alguns. ‘Vamos voltar para o segundo tempo e vamos jogar. Vamos fazer o que vocês vinham fazendo até os trinta e poucos minutos do primeiro tempo'. Meu time jogou e jogou muito. E o time do Grêmio joga para dentro, joga para frente independente do adversário, independente do local do jogo. Aquela intensidade eles tiveram, tirando 7 ou 8 minutos — resumiu Renato.

O treinador gremista desconsiderou que os generosos espaços cedidos pelo Grêmio ao adversário apareceram antes e depois da reta final do primeiro tempo. Inclusive, tem aparecido durante boa parte do campeonato. Ainda que seja o terceiro colocado, com os quatro gols sofridos em Itaquera, o Tricolor passa a ter a sexta pior defesa da competição. Também é uma das equipes que mais permite finalizações ao oponente.

Não bastasse isso, Renato ainda exaltou o Corinthians, que vem sendo criticado por sua própria torcida pelo desempenho precário. Com o empate, o Timão segue na 14ª colocação, agora com 27 pontos.

— Não sei como o Corinthians está nessa situação delicada no Campeonato Brasileiro. É difícil enfrentar o Corinthians aqui. Tem uma grande torcida. Pressão muito grande aqui dentro do estádio deles. Mas a equipe se comportou bem. Foi uma partida eficiente de ambos lados. Acontece, né? A gente sempre procura trabalha bastante para não tomar os gols, mas acontece — resignou-se.

Explicações para Fábio e Nathan

Renato ainda falou sobre as duas novidades na escalação contra o Corinthians. Um deles foi Nathan, que substituiu o lesionado Carballo e marcou o primeiro gol do jogo. O treinador revelou que conversou bastante com o meia desde sua última partida, que havia sido contra o Vasco. Pediu mais intensidade ao atleta, que deu resposta nos treinamentos. Quanto à lateral-direita, Renato deu explicação no mínimo estranha para justificar a saída de João Pedro e a entrada de Fábio.

— Ele é do mesmo nível do Fábio. O Fábio apoia um pouco mais do que o João. Por a gente ter um meio de campo que gosta da bola, que toca bastante, coloquei o Fábio porque ele é um lateral que apoia mais do que o João. Por termos dois grandes laterais no lado direito, dá para rodar para não cansar um só — explicou Renato.

João Pedro acabou punido pela infelicidade contra o RB Bragantino, em que marcou um gol contra. Mas segue tendo desempenho bem superior a Fábio na temporada, inclusive, e principalmente, na parte ofensiva.

Foto de Nícolas Wagner

Nícolas WagnerSetorista

Gaúcho, formado em jornalismo pela PUC-RS e especializado em análise de desempenho e mercado pelo Futebol Interativo. Antes da Trivela, passou pela Rádio Grenal e pela RDC TV. Também é coordenador de conteúdo da Rádio Índio Capilé.
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