Contra o Corinthians, Grêmio precisa imaginar que Itaquera é Humaitá
Com campanha muito discrepante dentro e fora de casa no Brasileirão, Tricolor Gaúcho precisa imaginar que Neo Química Arena é a Arena do Grêmio no jogo contra o Corinthians

Depois da derrota para por 2 a 0 para o RB Bragantino, na última quinta-feira (14), o Grêmio seguiu no estado de São Paulo e volta a campo nesta segunda-feira (18), às 21h, contra o Corinthians, na Neo Química Arena. O desafio para o time de Renato Portaluppi é melhorar o retrospecto fora de casa, onde não apresenta bons desempenhos e resultados no Campeonato Brasileiro.
Alegoricamente, o Tricolor Gaúcho precisa imaginar que Itaquera é Humaitá, bairro em que se localiza a Arena do Grêmio, em Porto Alegre. Afinal, foi basicamente lá que o Imortal construiu a campanha que o sustenta no G-4 do Brasileirão.
Discrepância de desempenho em casa e fora assusta
O Grêmio tem a terceira melhor campanha como mandante no Campeonato Brasileiro. Em 12 jogos, soma nove vitórias, dois empates e uma derrota. Tem aproveitamento de 80%. Por outro lado, o Tricolor Gaúcho é apenas o 12º colocado como visitante. Em dez partidas, acumula três vitórias, um empate e seis derrotas. O aproveitamento é de somente 37%.
Na proporção dos pontos conquistados fora em comparação com os dentro de casa, o time de Renato Portaluppi é o quinto pior do campeonato. Apenas 10 dos 39 pontos foram obtidos longe da Arena, o que representa 25%.
O retrospecto recente, em especial, assusta. O Grêmio perdeu seus últimos três jogos fora de casa no Brasileirão, para Vasco, Santos e Bragantino. Somando o jogo contra o Flamengo, pela Copa do Brasil, são quatro derrotas consecutivas. Antes disso, tinha empatado com o Goiás, pelo campeonato de pontos corridos, e com o Bahia, pelo de mata-mata. Ou seja: ao todo são seis jogos sem vencer fora de casa. Quatro deles pelo Brasileiro.
- Bahia 1 x 1 Grêmio – 04/07/23 (Copa do Brasil)
- Goiás 1 x 1 Grêmio – 30/07/23 (Campeonato Brasileiro)
- Vasco 1 x 0 Grêmio – 06/08/23 (Campeonato Brasileiro)
- Flamengo 1 x 0 Grêmio – 16/08/23 (Copa do Brasil)
- Santos 2 x 1 Grêmio – 21/08/23 (Campeonato Brasileiro)
- Bragantino 2 x 0 Grêmio – 14/09/23 (Campeonato Brasileiro)
A última vitória gremista longe da Arena foi justamente contra o Bahia, em 1º de julho, três dias antes do duelo pela Copa do Brasil, também em Salvador. São dois meses e meio sem voltar para Porto Alegre com três pontos na bagagem.
O curioso é que, neste meio tempo, em geral, o Tricolor seguiu obtendo bons resultados dentro de casa. Por exemplo, venceu os últimos quatro jogos na Arena pelo Brasileirão, contra Atlético-MG, Fluminense, Cruzeiro e Cuiabá.
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Suárez
Um aspecto que pode ser considerado, ao mesmo tempo, causa e consequência disso é o desempenho de Luis Suárez. Dos 18 gols marcados pelo uruguaio com a camisa do Grêmio, 16 foram na Arena. E os dois fora de casa foram no Campeonato Gaúcho, contra Caxias e Ypiranga.

É isso mesmo: o quarto maior artilheiro em atividade no futebol mundial ainda não balançou as redes pelo Tricolor fora do Rio Grande do Sul. No Brasileirão, foram oito partidas. Ele apenas não atuou no gramado sintético do Allianz Parque, contra o Palmeiras, e diante do Santos, quando estava suspenso.
Explicações não convencem e não se justificam
O pior é que as explicações dos personagens gremistas para essa acentuada discrepância de aproveitamento dentro e fora de casa não convencem. Ou não se justificam. O técnico Renato Portaluppi entende que tem faltado empenho dos jogadores nas partidas como visitante.
— O Grêmio esteve diferente nos últimos quatro jogos fora de casa: Goiás, Vasco, Santos e Bragantino. Eu nunca tiro os méritos do adversário, mas o adversário não pode vencer na vontade — indignou-se Renato após a derrota em Bragança Paulista. Discurso parecido já havia sido utilizado diante dos insucessos em São Januário e na Vila Belmiro.

Mas por que, então, a postura não mudou? Questionado sobre isso em entrevista coletiva na última sexta-feira (15), na concentração gremista em Atibaia, o vice-presidente de futebol Antônio Brum não soube responder.
— Na vida são normais oscilações. Não é porque tivemos uma conversa no jogo contra o Santos que a partir de agora sanamos todos os problemas fora de casa. Principalmente quando tu enfrenta um forte adversário fora de casa. Não é matemático. A gente sempre trabalha para estar cobrando e monitorando quando algo não está no desempenho que a gente espera. Mas não tenho essa métrica. É uma pergunta que para mim não tem como ser respondida com exatidão — comentou o dirigente.
Mudanças podem acontecer
Se a postura de alguns jogadores não mudar contra o Corinthians, Renato já adiantou que não terá receio de realizar trocas precoces. Isso quase aconteceu no primeiro tempo contra o Bragantino. Mas ele aguardou e fez três substituições no intervalo.
— Hoje iam ter duas trocas com 15 minutos de jogo. Aí eu troco com 15 minutos, parece que estou jogando o jogador contra a torcida. Eu me segurei, contei até dez. Mas o recado foi dado. A próxima vez, com 10, 15, 20 minutos vai sair. Não competiu, vai sair. Esperei até o vestiário. Fui bonzinho. Eu quero ganhar, quero brigar pelo título. Se não der, quero a Libertadores direto. 99% pensa assim, então esse 1% não pode pensar diferente. Ou entra e compete, valoriza o clube que está, a camisa que usa, ou a fila vai andar — alertou.
Resta aguardar para ver se essa fila andará desde o início do jogo contra o Corinthians, com mudanças na escalação. Galdino é um que pede passagem após entrar bem diante do Bragantino. Mas acima das peças, o Grêmio como um todo precisa ser diferente do que vem sendo fora de casa.