Brasileirão Série A

Fim do tabu: Fluminense vence o Vasco e encerra jejum em clássicos

Com gols de Ganso e Martinelli, Fluminense vence o Vasco no Maracanã e dá fim ao tabu de 13 jogos sem vitórias em clássicos

O Fluminense, enfim, respira aliviado. Em um jogo nervoso no Maracanã, o Tricolor venceu o Vasco por 2 a 1 e conquistou a primeira vitória no Campeonato Brasileiro. Os gols de Ganso e Martinelli deram ao time de Fernando Diniz a primeira em clássicos após jejum de 13 jogos.

Fazia mais de um ano que o Flu não vencia um de seus rivais. Agora, voltou a vencer. O Vasco, que se gaba de ter mais vitórias, venceu apenas uma vez o Tricolor em cinco anos, mostrando que muita coisa que envolve esse clássico já ficou no passado.

Ganso marca, e Fluminense volta a abrir placar no início

Assim como nas primeiras duas rodadas do Campeonato Brasileiro, o Fluminense começou bem o jogo e saiu na frente no placar. Não demorou mais do que 10 minutos para o Tricolor fazer 1 a 0 sobre o Vasco no Maracanã.

Se o Cruz-Maltino é mais intenso, veloz e agudo, o Flu tem muito mais qualidade. O time de São Januário teve a primeira chance em lance anulado por impedimento. Depois, a bola era da equipe de Fernando Diniz, que não demorou a aproveitar.

Ganso marcou o primeiro gol da vitória do Fluminense sobre o Vasco - Foto: Lucas Merçon/Fluminense FC
Ganso marcou o primeiro gol da vitória do Fluminense sobre o Vasco – Foto: Lucas Merçon/Fluminense FC

Com muita liberdade na esquerda, posicionado entrelinhas e não só como um lateral fixo, Marcelo recebeu na intermediária, olhou para a área e caprichou. O cruzamento perfeito parecia uma mensagem para Paulo Henrique Ganso: “Faz e me abraça”. O camisa 10 do Fluminense cabeceou forte, no canto, sem chances para Léo Jardim e tirou o grito de gol da garganta dos tricolores.

Diniz escala time sem improvisos, mas com mudanças táticas

O Fluminense não estava posicionado em um 4-3-3 típico como indicava uma rara — em 2024 — escalação sem improvisos. Fernando Diniz fez de Marcelo um falso ponta pela esquerda, e muitas vezes, o Tricolor tinha 5 na frente na fase de construção.

Com a bola, o Flu saía com três como de costume, e Samuel Xavier se juntava a André ou Martinelli para armar por dentro.

Na frente, Marquinhos, Arias, Marcelo, Cano e Ganso se mexiam para confundir a defesa do Vasco. Mas na esquerda, em especial, o Tricolor vencia a maioria dos duelos com Marcelo e Arias nas costas de Paulo Henrique. Isso porque Rossi, escalado para ser o “auxiliar” do lateral, caía para dentro e abria o corredor.

Jogo de muitas faltas e polêmicas de arbitragem… de novo

A arbitragem já tinha deixado faltas mais pesadas acontecerem sem as marcar. Mas o jogo começou a escapar de Wilton Pereira Sampaio aos 14 minutos, quando Vegetti recebeu cruzamento da direita e chutou em cima de Manoel.

A bola pegou no braço direito do zagueiro do Fluminense, que fazia o movimento de recolher. Um típico lance de interpretação. O esquerdo, aberto, indicava uma ampliação de espaço, mas o lance levantou polêmica. Após dois minutos de conferência no VAR, o jogo seguiu sem a marcação de pênalti. Bem posicionado na meia-lua, Wilton nada marcara em campo.

Os vascaínos ficaram ainda mais irritados após um chute de Ganso em Paulo Henrique. O meia reclamava de contato demais em suas costas. Os dois receberam cartão amarelo. Dali para a frente, faltas pesadas, erros de marcação de Wilton e muita reclamação nas arquibancadas.

Fluminense amplia em golaço de Martinelli

O jogo voltou do intervalo com mudanças. Ramón Diaz colocou o Vasco para a frente, com Hugo Moura, Erick Marcus e Rayan nas vagas de Galdames, Matheus Carvalho e Rossi. Os cruzmaltinos, entretanto, abriram ainda mais espaço nas pontas, dessa vez, na direita.

O Fluminense aproveitou. Por ali nasceu a primeira chance do Tricolor na segunda etapa, com Arias. Na sequência, em troca de passes de todo o ataque, aos sete, Martinelli quase entrou com bola e tudo e fez o segundo gol da equipe, ampliando a vantagem no placar para 2 a 0.

Vasco diminui e Fluminense fica nervoso

O problema é que na sequência, o time se desorganizou também nas laterais, onde o Vasco era mais inteiro, veloz e intenso. Erick Marcus recebeu na direita e trabalhou com Pinto e Hugo Moura. O volante colocou na área, Manoel e Marcelo se confundiram e Fábio saiu muito mal do gol. Vegetti, que não tinha nada com isso, diminuiu para o Cruz-Maltino, de cabeça.

O lance incendiou a torcida do Vasco, que mesmo como visitante, tinha muitos torcedores nos setores mistos. Cantando alto, os cruzmaltinos empurraram o time para a frente, e a equipe passou a trabalhar o que tinha de melhor: a bola aérea, com Vegetti.

O argentino balançou as redes de novo, mas um impedimento anularia o gol aos 30.

Mal nas laterais e no miolo de zaga, o Fluminense contava mais com a sorte que com o juízo. Como Fernando Diniz, que demorou demais a mexer e não corrigiu o problema. Nervoso e sem confiança, Antônio Carlos errava muito, e Samuel Xavier e Marcelo não conseguiam acompanhar os pontas. Mas quem saiu foi Ganso, exausto, para a entrada de Lima. Logo depois, em cobrança de falta, Marquinhos acertou o travessão.

O jogo de nervos favorecia o Vasco.

Vasco tenta com chuveirinhos, mas Fluminense segura vitória

E todos os nervos estavam à flor da pele o Maracanã. O Fluminense, nervoso, tentava se defender como dava, com zagueiros que nunca tinham jogado juntos, Marcelo exausto numa lateral e uma avenida não explorada no ataque. Arias, particularmente, fazia jogo bem abaixo, e o Tricolor sentia.

Com pouca pressão das arquibancadas com apenas 25 mil pessoas no estádio, público muito decepcionante para o Flu, que era mandante e tinha direito a 90%, o Cruz-Maltino tentava o abafa. Chuveirinho e bola aérea a todo momento na área tricolor.

Diniz só foi mexer aos 40, e no ataque: tirou Cano e Marquinhos e colocou John Kennedy e Douglas Costa. A dupla melhorou um pouco a marcação e deu mais gás ao time. Mas não matava o jogo. No fim, Arias e John Kennedy perderam chances, e Clayton compensou para o Vasco aos 50.

Foto de Caio Blois

Caio BloisSetorista

Jornalista pela UFRJ, pós-graduado em Comunicação pela Universidad de Navarra-ESP e mestre em Gestão do Desporto pela Universidade de Lisboa-POR. Antes da Trivela, passou por O Globo, UOL, O Estado de S. Paulo, GE, ESPN Brasil e TNT Sports.
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