Brasileirão Série A

Diante do Bahia, Fluminense provou, mais uma vez, que o foco total é na final da Libertadores

Oitavo colocado do Brasileirão, o Fluminense se mostra cada vez mais desinteressado na competição de pontos corridos conforme a finalíssima continental se aproxima

O Fluminense entrou em campo na noite desta terça-feira (31). Mas cá entre nós, nem o torcedor tricolor mais fanático e exigente ‘se importou' com a derrota do time para o Bahia, por 1 a 0, na Arena Fonte Nova. Apesar do resultado ser ruim para o clube das Laranjeiras, que estacionou na oitava colocação e se vê cada vez mais distante do G6 do Campeonato Brasileiro, a verdade é que a família Fluminense Football Club só pensa em uma coisa: dia 4 de novembro de 2023, mais conhecido como próximo sábado.

Desde a virada histórica sobre o Internacional, em pleno Beira-Rio, no duelo de volta da semifinal da Copa Libertadores, os tricolores passaram a viver em função da finalíssima continental. A partir das 17h (horário de Brasília) de sábado (4), o Fluminense enfrenta o Boca Juniors, no Maracanã, e busca uma conquista inédita em sua história. Obsessão do clube das Laranjeiras, a Libertadores é prioridade absoluta para a instituição, e isso pôde ser observado ao longo das últimas semanas, inclusive nesta terça (31).

Um Fluminense completamente reserva em Salvador

Maior prova que o Fluminense já está 100% focado na final da Libertadores foi a escalação da equipe no jogo contra o Bahia. Fernando Diniz que, suspenso, não viajou com a delegação para Salvador, mandou a campo um time completamente reserva. No banco? Nenhum medalhão. Garotos da base complementaram o plantel na Arena Fonte Nova.

O revés, como citado, atrapalha o Tricolor na busca por uma vaga no grupo dos seis primeiros colocados do Brasileirão. Mas a missão Libertadores falou mais alto e, por isso, a necessidade de poupar os titulares. Até no gol tivemos novidade. Absoluto na posição, Fábio deu lugar a Vitor Eudes, que fez sua estreia pelo clube carioca. Contratado em janeiro deste ano, o goleiro de 25 anos, revelado pelo Cruzeiro, defendia o Marítimo, de Portugal. Pupilo de Fábio, o jovem conviveu com o experiente arqueiro na Raposa e o enxerga como uma espécie de irmão mais velho e mestre.

Na zaga, Felipe Andrade fez seu oitavo jogo no ano. Giovanni foi outro a ganhar oportunidade. O meia-atacante de 21 anos começou jogando e foi substituído no segundo tempo. Arthur, Isaac, João Neto e Rafael Monteiro, todos crias de Xerém, também participaram da derrota em Salvador. Acerto de Diniz. Afinal, ao mesmo tempo em que poupa suas principais peças para o jogo mais importante da história do Fluminense, o treinador dá rodagem à jovens promessas, que podem lhe render bons frutos em um futuro próximo.

Escalação do Fluminense contra o Bahia: Vitor Eudes, Guga, Felipe Andrade, David Braz, Thiago Santos, Alexsander, Daniel, Giovanni, Leo Fernández, Yony González e Lelê.

Banco de reservas: Gustavo Ramalho, Arthur, Isaac, João Neto, Agner, Matheus Reis. Kayky Almeida, Thiago Henrique, Lucas Justen, Rafael Monteiro e Dohmann.

Apenas uma vitória após a classificação para final

Frio na barriga é uma coisa. Ansiedade em excesso é outra. O Fluminense parece não ter conseguido controlar o emocional depois que eliminou o Internacional e garantiu vaga na final da Libertadores. Os números dizem isso. E mais do que os números, o comportamento do time em campo, reforça tal premissa. Nervosismo, tomadas de decisão equivocadas, time descompacto e defesa altamente vazada. Tudo isso faz parte do pacote tricolor pós Beira-Rio.

Após a espetacular vitória sobre o Inter, o time de Fernando Diniz disputou seis jogos, todos pelo Campeonato Brasileiro. Neste recorte, apenas uma vitória, que não foi nada fácil. Um 5 a 3 diante de um Goiás que deu trabalho e chegou a abrir 2 a 0 logo de cara. Inspirados, Jhon Arias e Keno colocaram a partida no bolso e, com dois gols cada, resolveram a parada em Volta Redonda.

Em pelo menos três duelos do recorte citado, o torcedor do Fluminense questionou a atuação e postura do time em campo. Nas derrotas para Botafogo (2 a 0), Red Bull Bragantino (1 a 0) e Atlético-MG (2 a 0), além do movimentado 3 a 3 contra o Corinthians, o Tricolor apresentou claras falhas de marcação e cobertura defensiva. Erros individuais também merecem ser colocados em questão.

Fato é que a concentração dos jogadores não é mais a mesma desde a classificação em Porto Alegre. De lá para cá, vimos um Fluminense diferente (para pior) e isso precisa ser colocado em xeque. Resta saber se essa mudança de comportamento se deu realmente em virtude da ansiedade com a final continental batendo na porta ou se o time tricolor simplesmente está em declínio técnico e físico. Os adeptos tricolores certamente torcem para que a primeira opção seja a resposta para esse questionamento.

Fluminense pós classificação

  • 6 jogos
  • 1 vitória
  • 1 empate
  • 4 derrotas
  • 8 gols marcados
  • 12 gols sofridos

“Chegou a hora, vamos ganhar a Libertadores”

No subtítulo acima, um trecho da música que virou mantra da torcida do Fluminense durante a campanha da equipe nesta Libertadores. Como a própria letra diz, “chegou a hora”. Agora, se o Tricolor vai vencer ou não, só saberemos no anoitecer deste sábado (4). Mas de uma coisa eu tenho certeza. Esta é a oportunidade perfeita para o clube das Laranjeiras exorcizar o fantasma de 2008 e, enfim, soltar o grito de campeão da América, entalado há 15 anos na garganta dos torcedores.

Sem desfalques, Fernando Diniz conta com força máxima para a decisão. Resta saber se o comandante começará o jogo com John Kennedy ao lado de Germán Cano no ataque, ou se adotará estratégia mais conservadora. No lado argentino da força, um gigante. Para muitos, o maior clube das Américas. Hexacampeão da Libertadores, o Boca Juniors vai atrás da história. Isso porque, se coparem no Maracanã, os xeneizes se tornarão os maiores vencedores do torneio, ao lado do Independiente.

Os ingredientes estão colocados na mesa. De um lado, um multicampeão continental, acostumado com grandes decisões, mas que possui um plantel enxuto e pouco vistoso tecnicamente falando. Do outro, um clube que busca a América pela primeira vez, com um treinador ousado e um elenco para lá de talentoso. Tudo isso no palco mais importante do futebol mundial: o Maracanã. Os protagonistas do espetáculo? Simplesmente, Fluminense x Boca Juniors.

Foto de Guilherme Calvano

Guilherme CalvanoRedator

Jornalista pela UNESA, nascido e criado no Rio de Janeiro. Cobriu o Flamengo no Coluna do Fla e o Chelsea no Blues of Stamford. Na Trivela, é redator e escreve sobre futebol brasileiro e internacional.
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