Brasileirão Série A

Segurar o Flamengo de Jesus é o melhor que o torcedor do São Paulo poderia esperar da estreia de Diniz

Após a saída de Cuca, o São Paulo foi rápido e anunciou Fernando Diniz como novo treinador na sexta-feira (27). Um dia depois, o novo comandante já tinha pela frente como adversário o clube de melhor futebol do Brasil, o Flamengo, no Maracanã ainda por cima. O estilo ofensivo – e defensivamente poroso – de Diniz somado ao futebol de encantar do Flamengo fez o torcedor são-paulino temer uma goleada na estreia do técnico. Surpreendendo a todos, o time, pelo contrário, segurou o Rubro-negro de Jorge Jesus com um 0 a 0.

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O resultado pôs fim à sequência de vitórias do Flamengo no Brasileirão, que já havia chegado a oito partidas. O São Paulo teve ainda o bônus de não ser vazado, algo dificílimo diante do melhor ataque do campeonato, com o artilheiro da competição, Gabigol, e seus 18 gols.

O estilo que Diniz busca implementar como técnico em sua curta carreira até aqui sempre empolgou, mas esteve igualmente sempre acompanhado de ressalvas. O jogo defensivo de suas equipes costuma ser um grande ponto fraco, e seu trabalho mais recente, no Fluminense, foi o pior de todos neste sentido. Talvez por precaução pela estreia, talvez pela estatura do adversário, talvez por falta de tempo para implementar qualquer coisa, o técnico adotou jogo oposto àquele pelo qual ficou conhecido: foi forte defensivamente e não dominou a posse de bola.

No primeiro tempo, a equipe sobreviveu à blitz do Flamengo no início do jogo, criou oportunidades no ataque quando podia e, por consequência, se expôs atrás. Ainda assim, os jogadores se entregaram ao propósito de frear o Flamengo – o sinal mais claro desta mudança esteve no número desarmes na primeira etapa: 25, contra 12 em todo o jogo contra o Botafogo, seu último confronto fora de casa.

Na frente, Pablo finalizou com perigo logo no começo do jogo, Daniel Alves chegou a balançar a rede na metade do primeiro tempo, mas impedido, e Tchê Tchê ainda desperdiçou ótima chance nos acréscimos da primeira etapa.

Para segurar o 0 a 0 ao longo do jogo, contou também com Tiago Volpi inspirado. À grande defesa em cabeçada de Willian Arão no primeiro tempo, somaram-se outras intervenções difíceis do goleiro no segundo tempo, em finalizações de Everton Ribeiro, Bruno Henrique e Gerson. Arrascaeta chegou a marcar, mas, em posição de impedimento, teve seu gol anulado.

A segunda etapa do São Paulo foi pior do que a primeira, é verdade, mas também pelas mudanças promovidas por Jorge Jesus no intervalo, que melhoraram o próprio Flamengo. O português havia começado a partida com Rafinha, Filipe Luís e Gerson no banco de reservas, poupados por cansaço, dando lugar a Rodinei, Renê e Piris da Motta. Diante do desempenho na primeira etapa, voltou do intervalo com a entrada do lateral direito e do meia. Aos 30 minutos do segundo tempo, completou as substituições colocando em campo o lateral esquerdo.

Classificações

Olhando pelo lado do Flamengo, os jogadores ofensivos não repetiram as grandes atuações individuais que já tiveram na temporada e que potencialmente poderiam ter compensado a presença dos reservas em parte do confronto, e isso também teve seu peso importante no resultado.

O São Paulo de Fernando Diniz não deverá ter como perfil o tipo de jogo que fez hoje. O técnico se adaptou à situação da noite e, embora não tenha tido tempo de, de fato, treinar a equipe, pareceu ter instruído os jogadores a uma atuação cautelosa – a própria postura do time poderia, afinal, ter sido outra, mais próxima do que se viu nos trabalhos anteriores do treinador.

Apenas o tempo dirá se este jogo foi o primeiro sinal de um Diniz autocrítico, revisando seus conceitos e entendendo que precisa dominar a fase defensiva antes de trabalhar a ofensiva – ou ao menos trabalhá-la paralelamente com cuidado parecido. Se acabar se mostrando um técnico não-teimoso, buscando o equilíbrio que tanto faltou sobretudo no Fluminense, já estará à frente de muitos de seus pares.



Foto de Leo Escudeiro

Leo Escudeiro

Apaixonado pela estética em torno do futebol tanto quanto pelo esporte em si. Formado em jornalismo pela Cásper Líbero, com pós-graduação em futebol pela Universidade Trivela (alerta de piada, não temos curso). Respeita o passado do esporte, mas quer é saber do futuro (“interesse eterno pelo futebol moderno!”).
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