Flamengo perdeu 1987 no STF: vale a pena seguir lutando por isso?
O Flamengo não conseguiu ser reconhecido campeão brasileiro de 1987 na Justiça, o futuro deste título suado ficará no imaginário do torcedor

O Flamengo sofreu uma derrota definitiva na Justiça com relação ao título de 1987 e, ao fim da edição de 2023, não foi diferente. Nesta segunda-feira (04), o STF (Supremo Tribunal Federal) não acolheu o último recurso do Rubro-Negro e confirmou o Sport Recife como único campeão daquele Campeonato Brasileiro que teve início, meio e fim repleto de polêmicas. Até para o entendedor da lei é algo difícil de entender.
Dessa forma, além de não ter o título reconhecido na Justiça, o Flamengo também fica sem a Taça de Bolinhas, concedida ao primeiro pentacampeão brasileiro. Com o caneco de 1987, o Rubro-Negro teria conquistado seu quinto em 1992, 16 anos antes do São Paulo, atual detentor da conquista simbólica, que veio a ter uma mão cheia de títulos em 2008.
Vale a pena lutar de novo?
O Rubro-Negro não deixou de ser o campeão por falta de tentativa. Foram inúmeros recursos negados em todas as instâncias, e as tentativas parecem ter se esgotado. Se a Justiça não acatou o pedido do Flamengo, o que mais o clube pode fazer para se tornar o campeão? O que resta é se apoiar na decisão da CBF, que segue tratando as duas equipes como campeãs daquele ano.
O regulamento do Campeonato Brasileiro de 1987 foi uma verdadeira bagunça. A CBF estava quebrada e, por isso, os três clubes considerados grandes no Brasil se uniram e organizaram a Copa União que, até aquele momento, era considerado a maior competição de todos os tempos no país. A entidade máxima interviu e, de certa forma, causou todo o imbróglio.
Oxe, de novo? ? https://t.co/KuSzwTvfeg
— Sport Club do Recife (@sportrecife) December 7, 2023
O imaginário do torcedor
Os rubro-negros do Rio que viveram o ano de 1987 não tem dúvidas quanto ao campeão. Os clubes que participaram da Copa União não têm dúvidas com relação ao campeão. Internacional e Flamengo não tiveram dúvidas quando negaram o pedido de realizar um quadrangular final com Sport e Guarani, os dois principais times e finalistas do Módulo Amarelo, ou Série B.
O quadrangular não foi realizado porque simplesmente não fazia o menor sentido às equipes. O futebol é uma caixinha de surpresas, mas seria difícil demais Sport ou Guarani fazerem frente aos fortes times de Flamengo, comandado por Zico, Bebeto e companhia, e Internacional, que tinha Taffarel como grande estrela. É fácil chegar a essa conclusão.

O problema não é o Sport ser considerado pelo campeão, pelo contrário: a equipe pernambucana teve méritos ao buscar brechas no falho regulamento da CBF para buscar seus direitos. A questão é desconsiderar um Flamengo avassalador, que venceu a Copa União de maneira legítima, um torneio que, sem dúvida nenhuma, também poderia ser considerado um título brasileiro.
Em um ano que a CBF reconheceu o título de 1937 do Atlético-MG, que, com todo respeito ao Galo, um dos gigantes do futebol nacional, tem muito menos cara de competição nacional do que a Copa União, certas realidades são difíceis de entender. Tudo fica mais claro quando se observa o contexto de que o esporte mais assistido do mundo é tratado de maneira amadora.
Uma linha do tempo do caso
A origem do imbróglio está em ação que partiu do Sport, do ano seguinte à Copa União de 1987, contra os organizadores da competição e Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O clube do Recife tinha como objetivo validar o regulamento inicial do Campeonato Brasileiro daquele ano que, no caso, o beneficiaria como campeão. A 10ª Vara Federal de Pernambuco aceitou o pedido, e o trânsito em julgado ocorreu em 1999.
Ciente dos seus direitos, o Flamengo tenta ser considerado oficialmente o campeão brasileiro há muito tempo. Ao contrário do Sport, o Rubro-Negro tentou dividir a taça, mas a equipe pernambucana bateu o pé e conseguiu manter a decisão sem possibilidade de alteração, em 2001. Um choque para os cariocas, que disputaram a Copa União de maneira legítima, contra os principais times do futebol nacional, ao contrário dos pernambucanos.

O caso esfriou nos anos 2000, mas voltou a ganhar destaque quando a CBF publicou uma resolução em 2011, na qual também reconhecia o Flamengo como legítimo campeão. Foram anos sem o reconhecimento da entidade, mesmo quando trouxe à tona os títulos de Palmeiras, Fluminense, Botafogo e Santos, da época em que a Taça Brasil e o Robertão imperavam no futebol nacional.
O Sport voltou a entrar com uma ação no Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRF-PE), no intuito de anular a decisão da CBF, e conseguiu. A partir daí, uma chuva de recursos do Flamengo, que passaram pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) e STF, mas todos acabaram negados. No momento, pelo menos na opinião da Justiça, a equipe pernambucana segue sendo o único campeão de 1987.