Dívida do Santos com Rueda ultrapassa os R$ 23,8 milhões, aponta novo relatório financeiro
Assim como no primeiro trimestre do ano, Santos de Andres Rueda teve novo déficit entre os meses de abril, maio e junho

O presidente do Santos, Andres Rueda, tem mais três meses de mandato. Em dezembro o clube irá realizar eleição e um novo mandatário será escolhido pelos associados, uma vez que o mesmo já avisou que não concorrerá à reeleição. Mas isso não significa que a relação do dirigente com o Peixe chegará ao fim instantaneamente. Por conta de um empréstimo feito antes de ser eleito, Rueda tem a receber mais de R$ 23,8 milhões do time da Vila Belmiro.
A informação consta no segundo balancete trimestral contábil financeiro do Santos, ao qual a Trivela teve acesso em primeira mão, e que será apresentado aos membros do Conselho Deliberativo em reunião do órgão com data a ser definida.
Por que Rueda fez empréstimo ao Santos?
De acordo com o documento, Rueda tem para receber do Santos o total de R$ 23,8 milhões. O valor é referente ao empréstimo feito aos cofres do clube, em 2020, “para a quitação de condenação junto à FIFA do processo arbitral movido pelo Hamburgo em relação à negociação do zagueiro Cleber Reis”.

À época, Rueda emprestou pouco mais de R$ 16 milhões ao clube para colocar fim na pendência financeira com o clube alemão que já impedia a então diretoria alvinegra, presidida interinamente por Orlando Rollo, de fazer novas contratações e que estava em vias de provocar perda de pontos no Campeonato Brasileiro daquele ano.
O valor é mensalmente atualizado pela taxa SELIC e contempla as devidas correções referente 5% multa e juros de 1% ao mês. No balancete não é apresentada uma data limite para o pagamento deste empréstimo ao presidente. Por isso, o Conselho Fiscal (CF), órgão responsável pelo relatório financeiro, recomenda a Rueda o pagamento de dívidas com juros e correções mais elevados.
– Recomendamos que o presidente dê devida atenção para dívidas que tenham um maior valor de juros e correções em cima do valor devido, fazendo com que tenha uma prioridade nestas quitações que oneram mais o clube – diz o CF.
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Valores orçados e obtidos com premiações em 2023
Ainda de acordo com o segundo relatório trimestral de 2023, o Santos, por meio do seu Comitê de Gestão (CG), orçou o recebimento de R$ 27,6 milhões com premiações conquistadas no Campeonato Paulista, Copa do Brasil e Copa Sul-Americana. O planejamento da diretoria previa:
- R$ 1,6 milhão chegando à final do Paulista
- R$ 11,5 milhões avançando às quartas de final da Copa do Brasil
- R$ 14,5 milhões se classificando às quartas de final da Sul-Americana
Ocorre que a realidade foi bem distante disso. Eliminado na primeira fase do Paulista, nas oitavas de final da Copa do Brasil e sem passar da fase de grupos da Sul-Americana, o Santos viu entrar apenas R$ 10,8 milhões em suas contas premiações.
O Santos se despede da Copa do Brasil. pic.twitter.com/7zRFlCULoU
— Santos FC (@SantosFC) June 1, 2023
- R$ 180 mil pelo desempenho no Campeonato Paulista
- R$ 5,2 milhões por chegar às oitavas de final na Copa do Brasil
- R$ 4,8 milhões pela fase de grupos na Copa Sul-AmericanaIsso representa uma diferença negativa de 39%.
Segundo trimestre de déficit financeiro no ano
Assim como já havia ocorrido nos três primeiros meses de 2023, o segundo trimestre também foi de déficit. Conforme o balancete, o Peixe teve um prejuízo em suas contas de R$ 3,8 milhões.
Esse valor é referente a tudo que a diretoria alvinegra esperava receber entre os meses de abril, maio e junho.
Conforme a previsão orçamentária feita pela cúpula santista, a expectativa era de que o Santos tivesse nesse período um déficit de R$ 6,3 milhões por meio de diferentes receitas.
Ocorre que o esperado déficit nos três meses analisados foi de R$ 10,2 milhões. O que resulta na diferença nominal negativa de exatamente R$ 3,8 milhões.
Apesar de tal diferença, o prejuízo foi muito menor do que o do primeiro trimestre do ano, quando o Santos vivia a expectativa de ter um superávit de R$ 17,5 milhões entre os meses de janeiro, fevereiro e março, mas amargou uma diferença negativa em suas contas de R$ 18,7 milhões.
“Gastos com futebol é investimento”
Diante de todos os valores apresentados no balancete, o CF aponta uma série de equívocos do presidente Rueda em relação à gestão do futebol profissional.
– Nós deste conselho fiscal procuramos sempre ser propositivos em nossas colocações visando o engrandecimento de nossa instituição. Diante disso, temos visto que equívocos sucessivos na gestão do futebol têm se repetido desde 2021, sempre expostos em todos os nossos pareceres e relatórios. A falta de sucesso em nossa atividade fim, o futebol, resulta em nossa retração no cenário nacional. Enquanto não tratarmos gasto com futebol como investimento, vamos nos retrair de forma sistêmica, fazendo com que cada vez mais a visibilidade no cenário futebolístico nacional e internacional se reduza e caiam nossas receitas – se posicionou o órgão.
– O que falta são exigências de performance esportiva. Quando a administração contratar um executivo de futebol e uma comissão técnica, esperamos que sejam vitoriosos e de qualidade, que os contratos estabeleçam resultados mínimos de performance sob pena de rescisão sem pagamentos de multas ou indenizações. No modelo atual um profissional incompetente na maioria das vezes é premiado – completou fazendo alusão à demissão e o pagamento de uma boa multa rescisória.
Isso ocorreu recentemente com Paulo Turra, que foi desligado depois de 39 dias da sua contratação e tem mais de R$ 1 milhão para receber do Santos.