Craques, taças, confusões: Os três anos de Corinthians x Palmeiras que ninguém se esquecerá

Não há corintiano ou palmeirense que não esteja ansioso para este domingo. A expectativa anda alta até mesmo entre os torcedores dos outros clubes, com a pipoca nas mãos para assistir ao embate histórico em Itaquera. E será histórico, independentemente do resultado. Há um título brasileiro em jogo. Um título que os dois times almejam. Um título que ambos não disputam juntos, um contra o outro, faz muito tempo. No passado do Campeonato Brasileiro, a final de 1994 era uma exceção, até o cenário de abrir em 2017. E há quem diga que, pela animosidade e por tudo o que está na mesa, este é o maior Dérbi desde aqueles memoráveis pela Copa Libertadores, na virada do século. Os craques e os esquadrões não são os mesmos, mas a tensão sobra, como num bom Corinthians x Palmeiras. É a deixa para relembrarmos matéria publicada em novembro de 2014, sobre aqueles anos explosivos do clássico. Confira:
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As memórias são prazerosas para qualquer corintiano ou palmeirense acima dos 20 anos. Vivenciar o final dos anos 1990 torcendo pelos dois clubes foi uma experiência única. Muito pelo sucesso que os gigantes paulistas desfrutaram em campo, conquistando os seus maiores títulos até então: a Libertadores de 1999 dos alviverdes e o Mundial de Clubes de 2000 dos alvinegros. Mas também pela maneira como a rivalidade se incendiou naquele período. O Palmeiras x Corinthians deixou de ser apenas um dérbi para se transformar no jogo da vida de seus torcedores, todas as vezes que acontecia.
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As rixas aumentaram na primeira metade dos anos 1990, com os jogos decisivos disputados pelas duas equipes. No entanto, por mais que o Corinthians ainda tenha conquistado os seus títulos, o Palmeiras tinha um esquadrão bem mais qualificado. Cenário que se transformou no final de década: os palmeirenses seguiam muito fortes, enquanto o esquadrão corintiano enchia os olhos de seus fiéis. E, como se não bastasse a grandeza dos elencos, as provocações entre jogadores chegavam ao seu ápice. Coroadas ainda por duelos inesquecíveis na Libertadores e na decisão do Paulistão.
O histórico da rivalidade
Dois clubes nascidos da classe operária, que rapidamente passaram a brigar por títulos do Campeonato Paulista. O primeiro clássico entre Corinthians e Palestra Itália aconteceu em 1917. E as rixas começavam naquele momento, como nas horas anteriores ao clássico de 1918, em que os alviverdes mandaram ao alvinegros a mensagem “O Corinthians é canja de galinha para o Palestra”. Já em 1921, a primeira disputa ponto a ponto por títulos. Uma taça que acabou justamente nas mãos do Paulistano, mas só depois de uma vitória dos palestrinos sobre os rivais na última rodada. Épicos de dois clubes que começavam a atrair as massas de torcedores em São Paulo.
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A partir da década de 1920, os dois times começaram a alternar em suas mãos a taça do Paulistão. De 1922 a 1954, a dupla ficou com o título em 24 das 33 edições do estadual. Um período que incluiu momentos memoráveis: as decisões do Paulista de 1936, com o título do Palestra, e o troco do Corinthians no ano seguinte; o Paulista do IV Centenário, com a consagração do timaço alvinegro de Osvaldo Brandão. Uma decisão que marcou também o início da disparidade maior no clássico.
Por mais que a rivalidade continuasse imensa, a Academia do Palmeiras e os anos de fila do Corinthians diminuíram a competitividade. E nem mesmo quando tinham Rivellino os corintianos conseguiram escapar da sina, com a derrota na final de 1974 sendo emblemática. Papeis que se inverteram a partir da segunda metade dos anos, com o célebre título alvinegro de 1977. Enquanto vivia a Democracia Corintiana, o time de Parque São Jorge é quem via de longe os palmeirenses se afligirem em seu jejum de títulos. Até que a virada dos anos 1990 marcou o futebol paulista como um todo.
Os primeiros anos de uma década inesquecível
Entre 1971 e 1989, apenas quatro títulos do Campeonato Brasileiro acabaram com as equipes da cidade de São Paulo. A conquista do Corinthians em 1990 pode ser considerada um marco não apenas para o clube, que finalmente havia erguido a taça nacional, com o time estrelado por Neto e Ronaldo. Também iniciou um período no qual o sucesso dos paulistas muito além do estado se tornou massivo, com diversos títulos nacionais e internacionais. Anos nos quais a rivalidade também era bastante compartilhada com o São Paulo.
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O Corinthians contava com times mais marcados pela garra do que pelo talento. Sagrou-se campeão Brasileiro em 1990 e conquistou outro título nacional em 1995, com a Copa do Brasil. Entretanto, a qualidade técnica se concentrava mesmo nos esquadrões de Palmeiras e São Paulo. Com a afirmação do time de Telê Santana e o dinheiro da Parmalat jorrando no Palestra, os alvinegros pouco conseguiam competir com os vizinhos paulistanos. Que, por sua vez, alimentavam uma rixa maior para saber quem era o melhor time do país.
Apesar das diferenças, o dérbi entre Palmeiras e Corinthians teve outros episódios históricos naquela época. Inesquecíveis mais para os palmeirenses, que saíram da fila com a conquista do Paulistão de 1993, nos 4 a 0 de Evair após as provocações de Viola, e que no ano seguinte ainda faturaram o seu quarto título do Brasileirão no clássico. Enquanto vários craques desfilavam no Parque Antarctica e faziam os alviverdes sonharem até com a Libertadores (algo impedido por São Paulo e Grêmio), o Corinthians convivia com uma realidade mais modesta – tanto que Elivélton foi o herói na revanche na final do Paulistão de 1995. Algo que mudou no Parque São Jorge durante o final da década de 1990, através das parcerias com Banco Excel e Hicks Muse.
Rivalidade também entre os dois melhores técnicos do Brasil
Depois do bicampeonato brasileiro em 1994, o Palmeiras viveu uma entressafra. Seguiu com um time fortíssimo e a campanha devastadora no Paulistão de 1996 é a maior lembrança, mas não conseguiu ter sucesso o mesmo nos torneios nacionais. Desempenho que provocou uma contratação importante em 1997: campeão da Libertadores com o Grêmio, Luiz Felipe Scolari foi trazido para fazer os alviverdes vingarem nos mata-matas.
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Já o Corinthians passou a reforçar bastante o elenco a partir de 1997, com o dinheiro injetado pelo Banco Excel. Não gerou sucesso nacional de imediato, mas levou ao clube craques do porte de Rincón, Vampeta, Ricardinho, Gamarra e Edílson. No entanto, o time se aprumou mesmo quando trouxe o técnico que tinha levado justamente o Palmeiras da Parmalat aos seus maiores títulos: Vanderlei Luxemburgo, que no ano anterior passara pelo Santos.
Corinthians e Palmeiras tinham aqueles que eram considerados os dois melhores técnicos do Brasil. Que eram conhecidos por estilos diferentes, entre o futebol ofensivo de Luxa e o de resultados de Felipão, como também pelos feitos distintos – o gaúcho era visto como o especialista em Libertadores, enquanto o carioca sustentava a fama pelos feitos no Brasileirão. E que ainda tinham problemas pessoais, especialmente por dois episódios na Copa do Brasil: a semifinal de 1995, quando o Grêmio eliminou o Flamengo do “Ataque dos Sonhos” em jogos tensos e Felipão empurrou Luxa; e o troco do carioca na semifinal de 1996, de volta ao Palmeiras contra os gremistas.
O primeiro dérbi sob o comando dos treinadores aconteceu em janeiro de 1998, logo no primeiro mês de Luxemburgo no Parque São Jorge. Em um jogaço de seis gols pelo Torneio Rio-São Paulo, o Palmeiras venceu por 4 a 2 de virada. E nos reencontros naquele ano, os alviverdes mantiveram a supermacia no clássico: foram mais duas vitórias e três empates, incluindo os 3 a 1 do Brasileirão, no qual Oséas marcou dois gols e Paulo Nunes comemorou o seu com a máscara da Tiazinha. Dia em que Marcelinho tinha causado a fúria de Luxemburgo, ao deixar o Morumbi antes mesmo do fim do jogo após ser substituído.
Aquela derrota na fase de classificação, porém, não atrapalhou a trajetória do Corinthians rumo ao seu segundo título nacional. Enquanto o Palmeiras caiu para o Cruzeiro nas quartas de final, os alvinegros garantiram a taça justamente sobre os mineiros, após eliminarem Grêmio e Santos. Decisões em que os gols de Marcelinho Carioca nas três partidas valeram demais. Com a conquista, os corintianos se asseguraram na Libertadores justamente ao lado dos palmeirenses, campeões da Copa do Brasil. Campanha em que os palestrinos também superaram Santos e Cruzeiro nas últimas etapas, Oséas marcando o tento decisivo. Novamente, Luxa e Felipão faziam jus à fama.
O bi do Brasileirão contra o campeão da América
Luxemburgo deixou o Corinthians no final de 1998, assumindo a Seleção em tempo integral. Nada que atrapalhasse a rivalidade enorme entre o time de Felipão e o assumido inicialmente por Evaristo de Macedo, que já tinham ocasião marcada para os primeiros duelos de 1999: a fase de grupos da Copa Libertadores. No primeiro duelo, os alvinegros tiveram dois expulsos (Marcelinho, por reclamação, fazendo gestos de roubo na saída de campo) e o Palmeiras venceu por 1 a 0, gol de Arce. Já no reencontro, coube a Marcelinho acabar com o jogo e definir os 2 a 1 dos corintianos, que ajudaram o time a terminar na liderança da chave.
A primeira fase do Campeonato Paulista contou com nova vitória do Palmeiras, por 3 a 1. No entanto, os jogos que realmente importavam ficaram para maio. Enquanto os corintianos tiveram vida fácil para eliminar o Jorge Wilstermann nas oitavas de final da Libertadores, os palmeirenses bateram o Vasco, então dono da taça. Para dois clássicos enormes nas quartas de final. Marcos teve uma atuação espetacular no jogo de ida. O goleiro realizou inúmeros milagres para conter a pressão do Corinthians, já dirigido por Oswaldo de Oliveira. E, quando teve chances, o Palestra não desperdiçou, com gols de Oséas e Rogério na vitória por 2 a 0.
O segundo jogo parecia seguir os rumos do primeiro. O Corinthians partia para o ataque e Marcos salvava. Contudo, os corintianos finalmente venceram o goleiro aos 30 minutos, com Edílson completando sozinho dentro da área. E o final do primeiro tempo ainda teve confusão em campo, acabando com Edílson e Júnior expulsos. Já na volta do intervalo, Ricardinho completou o cruzamento de Marcelinho para inverter o placar da ida, assegurado graças às boas defesas de Maurício do outro lado. Decisão nos pênaltis, em que Marcos virou santo ao espalmar a cobrança de Vampeta e ver Dinei acertar o travessão. O Palmeiras venceu por 4 a 2 e deu o passo mais importante para o título continental.
O troco do Corinthians viria justamente encavalado com a decisão da Libertadores. O primeiro jogo da final do Paulistão aconteceu três dias antes do segundo encontro do Palmeiras contra o Deportivo Cali. Por isso mesmo, Felipão escalou o time reserva no dérbi e o Corinthians teve tranquilidade na vitória por 3 a 0, com Edílson e Marcelinho comandando o passeio. Cumprindo o objetivo, os alviverdes conquistaram a América dentro do Palestra Itália, nos pênaltis, após a vitória por 2 a 1 sobre os colombianos. E foram tentar recuperar o prejuízo na segunda partida da final do Campeonato Paulista.
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Não deu. Após Marcelinho abrir o placar, Evair virou o jogo para o Palmeiras no primeiro tempo. Mas o Corinthians seguraria as tentativas alviverdes e chegaria ao empate na segunda etapa, com Edílson. Os 2 a 2 no placar davam o título aos alvinegros. A deixa para o Capetinha parar na beira do campo, fazer as suas embaixadinhas e causar a maior pancadaria da história do dérbi. A decisão acabou ali, com o título corintiano.
O Palmeiras teve chance de responder três meses depois, no clássico válido pelo Brasileirão. Desta vez bateu no Corinthians apenas na bola, sem piedade alguma: 4 a 1 para os alviverdes no Morumbi, naquela que foi apenas a segunda derrota dos alvinegros na campanha. Em apenas nove minutos, o time de Felipão já tinha aberto três gols de vantagem, enquanto o Alex anotou o quarto antes do intervalo. Um tropeço que, mais uma vez, não atrapalhou o excelente desempenho do Corinthians na Série A. Após o épico de Dida contra o São Paulo nas semifinais, o time de Parque São Jorge conquistou o seu terceiro título nacional sobre o Atlético Mineiro.
O maior Corinthians x Palmeiras da história
Em uma época tão intensa do clássico, eram necessários poucos meses para uma alternância de quem estava por cima. E o Corinthians virou o século podendo tirar sarro do rival. Além do bicampeonato brasileiro, os alvinegros comemoraram o Mundial de Clubes em janeiro de 2000. Uma conquista para chancelar o timaço de Oswaldo de Oliveira, deixando para trás o Real Madrid e o Vasco. Tudo isso apenas semanas depois da derrota do Palmeiras no Mundial Interclubes, com a falha de Marcos que abriu o caminho para o título do Manchester United.
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Ainda em janeiro, o primeiro clássico do ano valeu pelo Torneio Rio-São Paulo. Em um jogo recheado de reservas, sobretudo alvinegros, o Corinthians provou o seu melhor momento ao vencer por 2 a 1. Entretanto, na segunda partida pelo torneio, foi a vez do Palmeiras contar com três gols de Alex para triunfar por 3 a 1, em uma campanha que embalaria rumo ao título, atropelando o Vasco na decisão. Em maio, mais dois jogos pela terceira fase do Paulistão: empate por 2 a 2 e 4 a 2 para os alvinegros, em noite de Gil e Luís Mario. Mas as forças de ambos estavam concentradas na Libertadores. Naquele que se tornaria o duelo mais importante da história do clássico.
Corinthians e Palmeiras despontavam como favoritos na competição. Avançaram fase a fase, até o esperado confronto nas semifinais. Em 30 de maio de 2000, o primeiro épico no Morumbi. É verdade que o Corinthians havia perdido alguns de seus destaques nos meses anteriores, como Rincón e Gamarra. Assim como o dinheiro da Parmalat começava a secar e o Palmeiras apresentava um time mais modesto. O que se viu, ainda assim, foi um jogo de primeiro nível. Ricardinho e Marcelinho deram a vantagem de 2 a 1 ao Corinthians no primeiro tempo, com Júnior salvando a pátria para o Palmeiras. Já na etapa complementar, após Edílson anotar o terceiro, Alex e Euller recolocaram os alviverdes no jogo. Até Vampeta marcar aos 45 minutos, definindo a grande vitória dos alvinegros por 4 a 3.
O Palmeiras ainda acreditava na virada, assim como havia sido possível um ano antes. E ela aconteceu em outra partida memorável no Morumbi, sete dias depois. Euller abriu o placar aos 34 minutos, com participação de Júnior, inspirado naqueles encontros. No entanto, Luizão buscou o empate ainda no primeiro tempo e virou no início do segundo. Até Alex igualar novamente pouco depois e, aos 26, Galeano surgir como herói para completar de cabeça uma bola rente à trave. Os alviverdes seguraram a vitória por 3 a 2 e, sem placar agregado, a decisão seguia para os pênaltis outra vez. Agora, com Marcos e Dida para fechar o gol. Apesar de uma confusão no meio do campo, os cobradores foram perfeitos até a décima cobrança. De Marcelinho. Nas mãos santificadas de Marcos.
O ápice do Corinthians x Palmeiras, no entanto, beirou a queda de ambos. Os alvinegros desmancharam seu timaço a partir de então, com alguns craques caindo em desgraça. Já o Palmeiras também não sobreviveu à derrota para o Boca Juniors na decisão da Libertadores. A partir daquele momento, sem a Parmalat, imperou a política do bom e barato, com o título da Copa dos Campeões conquistado ainda naquele ano. Pela Copa João Havelange, o último clássico daquele ciclo, com duas equipes esvaziadas e vitória alvinegra por 1 a 0, gol de Gil. Ao final da competição, o Corinthians acabou na 24ª posição e o Palmeiras acabou eliminado pelo São Caetano. Já distantes de relembrarem os grandes momentos de meses atrás, em dérbis históricos que não devem se repetir em mesma intensidade tão cedo. Talvez, nunca mais.
Os títulos da dupla entre 1998-2000
Corinthians: Mundial de Clubes 2000; Campeonato Brasileiro 1998, 1999; Campeonato Paulista 1999
Palmeiras: Libertadores 1999; Copa do Brasil 1998; Copa Mercosul 1998; Torneio Rio-São Paulo 2000; Copa dos Campeões 2000
O grande momento do Corinthians
Não importa que o Corinthians fosse convidado e não tivesse um título continental como os outros participantes do Mundial de Clubes de 2000. O que os alvinegros jogaram na campanha é para que ninguém questionasse a grandeza daquele time c. A primeira fase contou com o duelo contra o Real Madrid, que levou aquela competição muito mais a sério que o Manchester United e buscou o empate por 2 a 2 em noite de Edílson. Já na decisão contra o Vasco de Romário e Edmundo, que estavam voando baixo, quem brilhou foi Dida. Os corintianos eram campeões mundiais chancelados pela Fifa e tinham a deixa para provocar os palmeirenses, após a derrota no Japão.
O grande momento do Palmeiras
Tudo bem que a decisão aconteceu contra o Deportivo Cali e o River Plate atrapalhou o caminho nas semifinais. De qualquer forma, os jogos inesquecíveis para os palmeirenses na campanha do título da Libertadores de 1999, a mais importante da história do clube, foram mesmo as quartas de final contra o Corinthians. Para Marcos brilhar defendendo a cobrança de Vampeta na disputa por pênaltis, após as vitórias por 2 a 0 de alvinegros e alviverdes com a bola rolando. Em qualidade do jogo, as partidas de 2000 foram superiores, embora o final da campanha não tenha sido tão feliz aos palmeirenses, com o título do Boca Juniors.
O craque corintiano
Ele era muito marrento. Mas a torcida alvinegra adorava Marcelinho Carioca. Com toda razão. O Pé de Anjo conseguia se sobressair em um meio-campo talentosíssimo, mesmo atuando ao lado de outros monstros como Rincón, Vampeta e Ricardinho. O craque combinava a excelente visão de jogo com os seus chutes certeiros, sobretudo nas cobranças de falta. E, por mais que gostasse de uma confusão, não havia como tirá-lo de campo jogando tanto. O pênalti perdido contra o Palmeiras foi uma lástima na carreira, que mesmo assim não atrapalhou as lembranças dos corintianos, sobretudo pelo que jogou no Brasileiro de 1999.
O craque palmeirense
A torcida palmeirense tem sua fama de corneteira, a famosa “turma do amendoim”. Nem mesmo Alex passava impune, acusado de “dormir” em muitos jogos. Passados os anos, no entanto, os alviverdes sabem muito bem valorizar o talento daquele que era o grande craque no período áureo. O camisa 10 que botava a bola no chão, pensava o jogo e era capaz de lances magníficos. Mais do que isso, costumava jogar ainda mais contra o Corinthians. Foram 11 gols no clássico durante sua primeira passagem pelo Verdão, com atuações inesquecíveis principalmente nos dois confrontos pela Libertadores de 2000.
O carrasco corintiano
Edílson tinha vivido bons momentos com a camisa do Palmeiras. Que os alviverdes preferiram esquecer quando o Capetinha passou a defender o Corinthians. Afinal, mais do que jogar muito, o atacante criou uma identificação com a torcida. Principalmente porque era um dos principais porta-vozes em um momento de rivalidade explícita nos microfones. E que explicitou ainda mais depois daquela fatídica decisão do Paulistão de 1999, quando Edílson jogou demais e espezinhou com as embaixadinhas no segundo jogo. Ainda hoje, se um corintiano quiser provocar os palmeirenses, a cena é um clássico.
O carrasco palmeirense
Se o Vaticano exige dois milagres para canonizar um santo, Marcos aproveitou muito bem os dois confrontos com o Corinthians pela Libertadores para se transformar em São Marcos. O camisa 1 foi o herói nos dois duelos, iniciando uma história de veneração no Palestra Itália. O encontro em 1999 contava com um goleiro que ainda se afirmava, assumindo a posição de Velloso. Pegou demais nos dois jogos das quartas de final da competição e, por mais que não tenha evitado a derrota na volta, compensou nos pênaltis. E o milagreiro repetiu a façanha nas semifinais do ano seguinte, eternizando a imagem da defesaça na cobrança decisiva de Marcelinho Carioca, justamente o grande ídolo dos rivais.
Os números de 1998-2000
7 vitórias do Corinthians
5 empates
9 vitórias do Palmeiras