Brasileirão Série A

O Coritiba virou a crise do avesso e mandou no clássico contra o Athletico

O retrospecto muitas vezes não vale tanto num clássico. É a oportunidade de se motivar, independentemente da má fase, para buscar uma reação da tabela. Neste domingo, o Athletiba do Couto Pereira teve uma enorme inversão de papéis. O Coritiba vinha de oito derrotas consecutivas no Brasileirão, sua pior série na história do torneio, enquanto o Athletico Paranaense estava invicto há dez compromissos pelo campeonato. O resultado? O menos óbvio, como seria óbvio de se imaginar num clássico. O Coxa foi o senhor da partida no Alto da Glória e ganhou com autoridade. Não sofreu na defesa e construiu os 2 a 0 no placar ainda no primeiro tempo.

Não foi uma partida exuberante do Coritiba, mas muito eficiente e segura. Nem parecia o time de oito derrotas consecutivas, bastante concentrado em sua missão contra os rivais. E a experiência do elenco alviverde fez a diferença. Victor Luis anotou um belo gol de falta, Islam Slimani ampliou de cabeça e aumentou sua conta neste início pelo clube. Pode ser um gás para iniciar a reação dos alviverdes na Série A. Do outro lado, decepção total do Athletico. O Furacão teve uma atuação bem fraca, sem criar ameaças para buscar o triunfo no Couto.

O Coritiba entrou em campo num 4-1-4-1 alinhado por Thiago Kosloski. Gabriel Vasconcelos era o goleiro, com a zaga formada por Natanael, Kuscevic, Henrique e Victor Luiz. William Farias fechava o meio, com a ligação sob o quarteto Diogo Oliveira, Matheus Bianqui, Sebastian Gómez e Marcelino Moreno. Islam Slimani estrelava o ataque. Já o Athletico de Wesley Carvalho abria seu 4-2-3-1 com Bento no gol. Bruno Peres, Cacá, Thiago Heleno e Lucas Esquivel eram os defensores. Fernandinho e Erick se combinavam no meio. Mais à frente, Canobbio, Bruno Zapelli e Alex Santana serviam Willian Bigode, com a indisponibilidade do lesionado Vítor Roque e do suspenso Pablo.

Primeiro tempo impecável do Coxa

O Coritiba já tinha um início positivo na partida. O Coxa parecia mais consciente de seu jogo e apresentava uma ideia clara, em que buscava os cruzamentos e as bolas alçadas. Já o Athletico não oferecia uma marcação tão intensa. Não à toa, os primeiros lances de perigo foram alviverdes. E não demorou para que o gol saísse, aos 14 minutos, a partir de uma cobrança de falta no limite da grande área. Victor Luis aproveitou o lance frontal para mandar uma sapatada no canto de Bento e acertou o ângulo. O goleiro não alcançou.

Com a vantagem no placar, o Coritiba recuou um pouco mais e passou a apostar no bom posicionamento de suas linhas. O Athletico ficava com a bola, mas não apresentava grande repertório, muitas vezes dependente de Canobbio. Mesmo optando por uma sequência de partida mais cautelosa, o Coxa parecia ainda confortável na situação. O Furacão não conseguia exigir muito do goleiro Gabriel, com defesas seguras. Não sobravam espaços na área para os rubro-negros, pouco criativos. O meio-campo produzia pouquíssimo.

O Coritiba passou a acreditar inclusive num placar mais confortável. Marcelino Moreno quase anotou um golaço aos 36. Passou no meio de três dentro da área e bateu quase sem ângulo, mas ainda assim acertou o pé da trave de Bento e o goleiro agarrou antes do rebote. Já nos acréscimos, o Coxa aumentou a vantagem. Numa cobrança de falta, Marcelino Moreno levantou a bola na área e Slimani saltou com muita imposição para desviar às redes. O centroavante anotava seu segundo gol com a camisa alviverde.

Coritiba segura qualquer pressão

O Athletico voltou com Cuello e Rômulo, nos lugares de Bruno Peres e Willian Bigode. Entretanto, pouca coisa mudou para realmente melhorar o Furacão. A equipe continuava muito engessada. Quando vinha alguma finalização, era sempre Canobbio que tentava, mas sem direção. O Coritiba não conseguia encaixar contra-ataques, mas não tomava sufoco na defesa e estava bem com isso. O primeiro risco real só veio aos 23, numa bola alçada em cobrança de falta. Rômulo virou uma bicicleta na sobra e Gabriel fez uma defesaça.

Slimani deixou o campo aos 24, com a entrada de Edu. O Athletico pelo menos tentava mais neste momento, com novo tiro de Canobbio e um corte providencial de Kuscevic depois. Do outro lado, o Coritiba tentava gastar o tempo quando subia ao ataque. Aos 32, Arriagada e Hugo Moura foram outras trocas nos rubro-negros. Quase Arriagada serviu o gol na sequência, mas Rômulo isolou ao bater de carrinho na área. A presença do Furacão no ataque era contínua, mas dependia mais das bolas paradas. A defesa do Coxa se segurava. Esquivel levou perigo numa cobrança de falta, enquanto Erick também assustou numa cabeçada após escanteio.

Quando o Coritiba voltou a subir ao ataque, a torcida ensaiou até mesmo gritos de “olé” no Couto Pereira. E os alviverdes mostraram que era mesmo sua tarde, com direito às redes balançando outra vez com Edu, embora o terceiro tento tenha sido anulado por falta. Bastava ao time administrar a vantagem na reta final, com sete minutos de acréscimos.

O Coritiba conquista sua primeira vitória no segundo turno, mas não deixa a lanterna do Brasileirão. Os alviverdes somam 17 pontos, a nove de sair do Z-4. É ver se a vitória no clássico gera um efeito positivo sobre o time. Já o Athletico Paranaense fica de fora da zona de classificação à Libertadores. É o oitavo colocado, um ponto abaixo do G-6.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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