Como foram os dez títulos brasileiros do Palmeiras – e por que são dez
Quantos títulos brasileiros tem o Palmeiras? Existem várias correntes de pensamento. São seis, contando apenas a era moderna do Campeonato Brasileiro. São oito porque o Roberto Gomes Pedrosa foi de fato o embrião do Brasileirão. Ou são dez porque a Taça Brasil, embora tivesse outro formato, não tinha menos importância. Junte um grupo grande o bastante de pessoas e talvez você não encontre três opiniões idênticas.
Por acaso, as três pessoas que fazem a Trivela têm avaliações parecidas, ainda que divergentes em alguns pontos. Mas e se não tivessem? Dependendo do autor do texto, haveria uma conta diferente? Dependendo do site que o torcedor acessar, o time dele terá um número diferente de títulos? O torcedor pode debater e discutir à vontade, mas a informação não pode variar de acordo com os critérios pessoais de cada um. É necessário haver um padrão e, acho que podemos dizer infelizmente, quem recebe dos clubes o mandato para estabelecer esse padrão é a CBF. O que resta à imprensa é esclarecer como chegamos a ele e as diferenças entre as três competições.
Em 2010, o então presidente Ricardo Teixeira decidiu pela unificação total dos títulos brasileiros: Taça Brasil, Robertão e Campeonato Brasileiro passaram a, para todos os propósitos oficiais, ser a mesma coisa. Houve quem dissesse que a medida teve a ver com a eleição para o Clube dos 13 – lembram? Naquele mesmo ano, o candidato da CBF, Kléber Leite, disputou voto a voto com Fábio Koff, o incumbente, a presidência do ajuntamento de equipes que, pouco depois, seria implodido por uma negociação de direitos de televisão.
O então vice-presidente do São Paulo, um tal de Leco, disse que a unificação era uma retaliação ao seu clube e ao Flamengo, que lideravam a lista de títulos brasileiros naquela época e alinharam-se a Fábio Koff. Não se sustenta muito nesses termos porque Palmeiras, Bahia e Fluminense, três dos beneficiados, também fizeram oposição ao candidato da CBF. Mas é claro o caráter populista da decisão, ao agradar o máximo de clubes possíveis, sem um debate propriamente dito, como, naquela época, alertou Paulo Vinicius Coelho no seu blog. A única base foi um dossiê elaborado pelo jornalista Odir Cunha, contratado pelos clubes interessados.
A revista Trivela em maio de 2009 trouxe uma reportagem de Ubiratan Leal e Felipe dos Santos Souza, com os dois lados do debate, inclusive um parecer de Odir Cunha. Vale a pena para quem quiser mais detalhes sobre o assunto, mas, em termos gerais, a Taça Brasil foi criada, em 1959, para que a CBD pudesse definir o representante brasileiro na Libertadores. Era um mata-mata simples, com os campeões estaduais. O formato faz com que ela seja frequentemente equiparada com a Copa do Brasil, embora haja uma diferença crucial: entre a sua criação e o começo do Robertão, a Taça Brasil era o torneio máximo do futebol brasileiro, o que nunca foi verdade para a Copa do Brasil.
O Roberto Gomes Pedrosa começou em 1967, batizado em homenagem a Pedrosa, goleiro do Botafogo e da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1934, além de dirigente do São Paulo e da Federação Paulista. Ele foi inicialmente organizado pelas federações Paulista e Carioca, como uma ampliação do torneio Rio-São Paulo. Recebeu times do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraná na sua primeira edição. A segunda, já sob o guarda-chuva da CBD, incorporou pernambucanos e baianos. Durou quatro anos, até a criação do Campeonato Brasileiro, em 1971.
O Palmeiras ganhou todos esses torneios. Algumas vezes, desafiando o Santos de Pelé. São títulos históricos, conquistado por academias e esquadrões, independente do nome que quiserem dar para eles ou se um é pouco mais importante ou pouco menos importante do que o outro. Foram todos conquistados em campo e é um pouco dessa história que contaremos a seguir.
Taça Brasil – 1960
Na letra da regra, foram necessários apenas quatro jogos para o Palmeiras conquistar a Taça Brasil de 1960, a segunda competição com caráter nacional disputada por aqui. Na prática, a campanha alviverde começou no Campeonato Paulista do ano anterior porque o torneio era formado por 17 campeões estaduais espalhados pelo território. E o nível dos Estaduais daquela época não era nada parecido com o de hoje em dia.
Para ser campeão paulista de 1959 e se classificar à Taça Brasil, por exemplo, o Palmeiras precisou disputar três finais contra o Santos, que invadiram o mês de janeiro do ano seguinte. Foi um dos grandes duelos entre equipes históricas dos dois clubes: o esquadrão liderado por Pelé versus a Academia de Futebol. Todos os jogos foram no Pacaembu. A primeira partida terminou empatada por 1 a 1. A segunda, por 2 a 2.
No terceiro jogo, o Palmeiras venceu, de virada, por 2 a 1. Depois de Pelé abrir o placar aos santistas, Julinho Botelho e Romeiro marcaram os gols do título. “Verifica-se que o Palmeiras foi mais time, individual e coletivamente. Os lenços brancos surgiram nas populares, arquibancadas e numeradas. O futebol de São Paulo tinha um novo campeão: o Palmeiras. Um campeão que merecera o cetro, que merecera mesmo”, escreveu a Gazeta Esportiva, depois da partida.
Os estados finalistas do Brasileiro de Seleções do ano anterior ganharam o direito de enviar seus representantes diretamente às semifinais. Foi o caso do Palmeiras e do Santa Cruz, de Pernambuco. A estreia verde e branca foi contra o Fluminense. Dois jogos tensos. O primeiro, no Pacaembu, terminou sem que as redes se mexessem. No Maracanã, aos 44 minutos do segundo tempo, Humberto Tozzi, que havia retornado ao Palestra Itália depois alguns anos na Lazio, fez o gol da passagem à decisão.
No outro lado da chave, o Fortaleza passou pelo Santa Cruz e recebeu o Palmeiras na primeira partida da final, no Presidente Vargas. Em menos de 20 minutos, o placar estava 3 a 0 para os visitantes. Benedito diminuiu o prejuízo, no segundo tempo. O Palmeiras mostrou sua força no duelo decisivo, em um Pacaembu recheado de 40 mil torcedores. O Fortaleza até saiu na frente, com Charuto, mas foi impiedosamente goleado por 8 a 2.
“O Palmeiras sagrou-se campeão da Taça Brasil. Essa conquista é das mais expressivas e completa o acervo de glórias do grande clube. Possui o Palmeiras, agora, todos os títulos e cetros que o futebol brasileiro coloca em disputa”, relatou a Folha de S. Paulo, dois dias depois da final, disputada em partidas antes e depois do Natal de 1960.
Palmeiras 8 x 2 Fortaleza
Estádio: Pacaembu. São Paulo
Juiz: Ricardo Bonadies (CE)
Público: 40.000
Palmeiras: Valdir; Djalma Santos, Valdemar Carabina, Aldemar e Jorge; Zequinha e Chinesinho; Julinho Botelho, Romeiro, Humberto e Cruz. Técnico: Oswaldo Brandão.
Fortaleza: Pedrinho; Mesquita e Sanatiel; Toinho, Sapenha e Ninoso; Benedito, Walter Vieira, Moésio, Charuto e Bececê. Técnico: França.
Gols: Charuto (FOR-6’ do 1ºT), Zequinha (PAL-8’ do 1ºT), Chinesinho (PAL-10’ do 1ºT), Romeiro (PAL-12’ do 1ºT), Julinho Botelho (PAL-21’ do 1ºT), Charuto (FOR-44’ do 1ºT), Cruz (PAL-8’ do 2ºT), Cruz (PAL-11’ do 2ºT), Chinesinho (PAL-24’ do 2ºT) e Humberto (PAL-32’ do 2ºT).
Torneio Roberto Gomes Pedrosa – 1967
O primeiro grande torneio com caráter nacional disputado sem o sistema de mata-mata. O Roberto Gomes Pedrosa, Robertão para os íntimos, foi o resultado da ampliação do Torneio Rio-São Paulo. Recebeu equipes de Minas Gerais, Porto Alegre e Paraná, além de, claro, do Rio e de São Paulo. Foi o primeiro de quatro torneios com esse nome, antes da chegada do Campeonato Brasileiro, em 1971.
O Palmeiras vinha do título paulista de 1966, com sede de levantar mais troféus no ano seguinte. As 15 equipes participantes foram divididas em dois grupos, com oito e sete integrantes. Com sete vitórias, cinco empates e duas derrotas, o Palmeiras classificou-se ao quadrangular final, ao lado do Grêmio. Na outra chave, passaram Corinthians e Internacional. O primeiro Robertão, portanto, seria decidido com abundância de clássicos: dois Grenais e dois Dérbis.
O Palmeiras ficou invicto no quadrangular final, embora tenha empatado três vezes. Após ganhar a primeira rodada contra o Internacional, emendou igualdades contra os três adversários, antes de derrotar o Corinthians, por 1 a 0, no Morumbi. Poderia até mesmo empatar a partida derradeira, contra o Grêmio, no Pacaembu, para gritar campeão. Mas foi além: César Maluco, artilheiro daquele certame com 15 gols ao lado de Ademar, do Flamengo, marcou duas vezes, e o Palmeiras ganhou por 2 a 1.
Taça Brasil – 1967
Pelas circunstâncias da época, o Palmeiras teve a oportunidade de conquistar dois títulos brasileiros no mesmo ano. Campeão do Roberto Gomes Pedrosa no primeiro semestre, com Aymoré Moreira, entrou na disputa da Taça Brasil, graças ao título paulista do ano anterior, com o retorno de Mário Travaglini ao banco de reservas. Mais uma vez, teve o privilégio de entrar no torneio diretamente nas semifinais.
O adversário foi o Grêmio, que saiu vencedor da primeira partida, no Estádio Olímpico, por 2 a 1. O Palmeiras deu o troco no Pacaembu: 3 a 1 e 2 a 1. O adversário da final seria o Náutico, algoz alviverde na Taça Brasil do ano anterior e na reta final do seu histórico hexacampeonato pernambucano. E, no Recife, o Palmeiras abriu a decisão ganhando por 3 a 1, gols de César, Zequinha e Lula.
Ademir da Guia estava prestes a casar entre as partidas decisivas da Taça Brasil. Antes do segundo jogo, marcado para o Pacaembu, foi ao Chile buscar a sua noiva. Os relatos divergem entre Travaglini ter ficado bravo com o seu craque ou tê-lo considerado cansado demais da viagem e, esperando uma partida fácil em São Paulo, decidido poupá-lo. Ademir começou no banco de reservas.
E até entrou em campo, no lugar de Servílio, mas não foi capaz de evitar a derrota para o Náutico, por 2 a 1. Será que o Palmeiras deixaria o título escapar, depois de ter aberto a decisão com uma vitória fora de casa? A partida derradeira seria no Maracanã, palco nada estranho às glórias alviverdes, onde anos antes foi conquistada a Taça Rio, contra a Juventus. César Maluco abriu o placar e Ademir, de volta aos titulares, selou a conquista do Palmeiras: 2 a 0.
Torneio Roberto Gomes Pedrosa – 1969
Novos ventos começavam a soprar no Palestra Itália. O Robertão de 1969 é uma espécie de transição entre a primeira e a segunda Academia: o elenco contava com jogadores que viriam a ser essenciais nos anos seguintes, como Leão, Luis Pereira e Edu, mas ainda muito jovens. Rubens Minelli dava as ordens e precisou lidar com situações muito difíceis na condução do Palmeiras rumo ao quarto título brasileiro.
O Robertão começou em 6 de setembro. Uma semana antes, o Palmeiras estava na Espanha, conquistando o Ramón de Carranza com vitória sobre o Real Madrid. Os caras, portanto, estavam cansados. E demonstram isso nas primeiras rodadas do que, com a extinção da Taça Brasil no ano anterior, era o único torneio nacional disputado no Brasil naquele momento. O Palmeiras perdeu as três primeiras partidas, para Flamengo, Internacional e Cruzeiro, empatou com o América do Rio de Janeiro, e levou novo fumo do Bahia. Zero vitórias em cinco partidas.
A paciência com treinadores naquela época não era muito maior do que hoje em dia. Minelli viu seu cargo ameaçado, mas foi bancado pela diretoria. Que colheu os frutos: o Palmeiras reencontrou seu melhor futebol e, com sete vitórias nas últimas oito partidas, ainda terminou a primeira fase na liderança do seu grupo, à frente do Botafogo.
Mas as dificuldades não pararam por aí. No Morumbi, o placar não se mexeu para o clássico contra o Corinthians. No Mineirão, contra o Cruzeiro, um tento para cada lado. O Palmeiras chegava à rodada final do Robertão precisando ganhar do Botafogo e torcendo para o Corinthians perder do Cruzeiro. Além disso, precisaria fazer um placar mais amplo do que o da Raposa. E assim aconteceu.
No sufoco. Ademir da Guia, duas vezes, e César fizeram 3 a 0 para o time de verde, ainda no primeiro tempo. Ferretti descontou para o Botafogo. A vitória por 3 a 1 seria suficiente, caso o Cruzeiro ganhasse do Corinthians por apenas um gol de diferença. Por algum motivo, a partida no Mineirão começou meia hora mais tarde do que a do Morumbi. A Raposa vencia por 2 a 1, e os palmeirenses precisaram sofrer pelas ondas do rádio até o apito final, que enviou a taça para o Palestra Itália. No saldo de gols.
Campeonato Brasileiro – 1972
Há times que o torcedor sabe de cor. Recita a escalação como se fosse o verso de uma música ou um poema. Leão; Eurico, Luis Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu e Ademir; Edu, Leivinha, César e Nei. É a Segunda Academia, construída sobre os sucessos da década de sessenta. E estendendo-os para os anos seguintes. Oswaldo Brandão estava de volta ao Palestra Itália. O Campeonato Paulista de 1972 foi vencido em setembro. E logo na sequência começou o Campeonato Brasileiro.
O torneio teve, em sua primeira fase, 26 equipes, dividas em quatro grupos: dois com seis times, dois com sete times. Todos enfrentaram todos. Os quatro primeiros de cada chave passaram à fase seguinte. O Palmeiras avançou com 14 vitórias, oito empates e apenas três derrotas. Levou um susto, na primeira rodada, ao perder do São Paulo. Precisaria ganhar as partidas seguintes e torcer por um tropeço do rival. O América-RJ ficou para trás, por 3 a 1, e o Coritiba, por 3 a 0. Como os cariocas derrotaram o São Paulo por 1 a 0, o Palmeiras chegou às semifinais.
Possuidor da melhor campanha, o Palmeiras tinha a vantagem do empate. E a utilizou sem pudor. Ficou no 1 a 1 com o Internacional, no Pacaembu, e reencontrou o Botafogo na grande decisão, quando a defesa alviverde prevaleceu sobre o ataque liderado por Jairzinho.
Campeonato Brasileiro – 1973
Se aquele time do Palmeiras era chamado de Academia porque dava aulas de futebol, o Campeonato Brasileiro de 1973 foi um módulo especial sobre defesa. Um módulo avançado. A equipe de Oswaldo Brandão sofreu apenas 13 gols em 40 partidas, média aproximada de um tento a cada três jogos.
Naquela época, era difícil encontrar duas edições do Brasileirão com a mesma fórmula. Aqui, tínhamos quatro dezenas de times separadas em dois grupos de 20. O primeiro turno foi realizado com partidas apenas de ida dentro das chaves. Em seguida, os 40 participantes foram divididos em quatro grupos de dez. Novamente, duelos disputados dentro desses grupos. Os 20 clubes que ao fim dessa bagunça toda somassem mais pontos passariam à segunda fase.
Nela, a vintena foi dividida em dois grupos de dez. Os dois primeiros de cada iriam ao quadrangular final. Era um teste de resistência que combinava bem com o estilo daquele Palmeiras, capaz de abrir o placar sem muito problema e administrar o resultado com a sua defesa muito sólida. Foi assim no Mineirão, contra o Cruzeiro, na primeira rodada do quadrangular: 1 a 0, gol de Edu, e Leão brilhando no campo de defesa.
Figueroa abriu o placar para o Internacional, aos 5 minutos da partida seguinte, no Morumbi, mas o Palmeiras mostrou poder de reação: aos 32 e aos 35 minutos do segundo tempo, virou para 2 a 1, com Ronaldo e Luis Pereira. As vitórias valeram a vantagem do empate na rodada final. E, simbólico para uma equipe campeão levando tão poucos gols, o título foi conquistado com um empate por 0 a 0 contra o São Paulo, no Morumbi, embora o Palmeiras tenha dominado a partida e criado chances o bastante para vencer.
Campeonato Brasileiro – 1993
A história pula duas décadas. E durante boa parte delas, o Palmeiras passou pelo calvário da maior fila de sua história. O jejum de 17 anos havia terminado no Campeonato Paulista, contra o rival Corinthians. Logo na sequência, veio o título do Rio São Paulo. Insaciável, o time financiado pela Parmalat entrou como um dos favoritos para o Brasileirão. Naquele ano, haviam chegado Antônio Carlos, Roberto Carlos, Edmundo e Edílson para se juntarem a Mazinho, César Sampaio, Zinho e Evair.
O Palmeiras liderou o seu grupo, na primeira fase, com 10 vitórias, dois empates e duas derrotas. No quadrangular semifinal, esteve ao lado de Remo, Guarani e São Paulo. A briga pela vaga na final foi contra a equipe treinada por Telê Santana. A partida decisiva, no Morumbi, foi vencida por 2 a 0, com um show de César Sampaio, autor da assistência para Edmundo e de um golaço em duas belas arrancadas.
O Vitória havia prevalecido no outro grupo semifinal, à frente de Flamengo, Santos e Corinthians. Um gol de Edílson garantiu a vitória alviverde na Fonte Nova. E, rapidamente, o Palmeiras resolveu a parada no Morumbi. Evair, aos 4, e Edmundo, aos 23, recolocaram o clube no lugar mais alto do futebol brasileiro.
Campeonato Brasileiro – 1994
O Palmeiras continuou conquistando títulos. Selou o bicampeonato paulista, no primeiro semestre de 1994, e, como a Academia dos anos setenta, buscava também o segundo título consecutivo no Campeonato Brasileiro. A base da equipe foi mantida, com um acréscimo muito importante: Rivaldo.
O status de favorito foi confirmado, sem muita demora. O Palmeiras ganhou o grupo da primeira fase com nove vitórias e um empate. Passou pela segunda também, um ponto acima do Sport. O mata-mata foi um passeio: o Bahia ficou para trás, com duas vitórias por 2 a 1, e o Guarani, nas semifinais, perdeu por 3 a 1 em São Paulo e 2 a 1 em Campinas.
Na decisão, um Dérbi contra o Corinthians. E valeu a Lei do Ex. Rivaldo marcou duas vezes contra o antigo clube na partida de ida, vencida pelo Palmeiras por 3 a 1. Marques ainda abriu o placar para os corintianos no jogo de volta, mas Rivaldo, novamente, decidiu a parada. O empate por 1 a 1 valeu ao Palmeiras mais um título brasileiro.
Campeonato Brasileiro – 2016
Muita coisa aconteceu em 22 anos. O Palmeiras deu sequência ao projeto da Parmalat, conquistando a América com Luiz Felipe Scolari, mas entrou em uma profunda crise na sequência, duas vezes rebaixado. Em 2014, a terceira queda foi evitada por um fio de cabelo e, de repente, tudo mudou. O novo estádio foi inaugurado, tornando-se uma importante fonte de renda. Com dinheiro do próprio bolso, Paulo Nobre conseguiu ajeitar as contas. A Crefisa passou a injetar muitos reais em contratações, escolhidas pelo diretor de futebol Alexandre Mattos.
O primeiro resultado disso foi o título da Copa do Brasil de 2015. Mas a fraca campanha na Libertadores do ano seguinte custou o emprego de Marcelo Oliveira. Cuca chegou para tentar salvar a temporada e, embora não tenha conseguido classificação no torneio sul-americano, teve um bom início de Campeonato Brasileiro. Apresentou um bom futebol, com Gabriel Jesus voando, nas 13 primeiras rodadas. Quebrou alguns tabus, como derrotar o Sport na Ilha do Retiro e o Internacional no Beira-Rio.
O final do primeiro turno foi o momento mais delicado, com derrotas seguidas para Atlético Mineiro e Botafogo, além de um empate contra a Chapecoense. A virada começou contra o Vitória, quando duas coisas aconteceram: Dudu virou capitão e Jaílson assumiu a titularidade. O goleiro, com a missão de substituir o ídolo Fernando Prass, machucado, não perderia uma partida até o fim do Brasileiro.
O Palmeiras ganhou do Vitória, por 2 a 1, e emendou dez vitórias nas 14 rodadas seguintes. O resultado mais estratégico foi em meados de setembro. O Flamengo foi ao Allianz Parque buscando os três pontos que fariam com que a liderança trocasse de mãos. Alan Patrick chegou a abrir o placar aos visitantes, mas Jesus empatou. Na sequência, vieram quatro vitórias seguidas, inclusive contra o Corinthians em Itaquera, e o empate por 0 a 0 contra o Cruzeiro, em Araraquara, quando Zé Roberto salvou o gol mineiro com o peito, em um carrinho.
Houve jogos tensos na reta final, à medida em que a ansiedade pelo fim do jejum de títulos brasileiros começava a tomar conta da torcida e dos jogadores. Vitórias nervosas, como por 2 a 1 contra o Sport, 1 a 0 sobre o Internacional e a 1 a 0 diante do Botafogo. Na penúltima rodada, a Chapecoense visitou o Allianz Parque. O gol solitário de Fabiano serviu para carimbar o título brasileiro.
Campeonato Brasileiro – 2018
Apesar de todo o investimento e com um elenco muito qualificado, o ano de 2017 passou em branco para o Palmeiras. Roger Machado começou a temporada seguinte e fez uma boa campanha na fase de grupos da Libertadores. No entanto, a derrota na final do Paulista, em casa, para o Corinthians, foi um baque tremendo para o trabalho do jovem treinador. O começo de Brasileiro foi oscilante, e o empate contra o Flamengo, na véspera da Copa do Mundo, deixou o Palmeiras a oito pontos da liderança.
Roger ainda foi mantido para a retomada do futebol brasileiro, após o título da França, em Moscou, mas a equipe mostrou pouca melhora. A derrota para o Fluminense foi a gota d’àgua. A diretoria palmeirense tentou seguir um caminho completamente diferente e buscou um profissional experiente, tarimbado, vitorioso. Trouxe Luiz Felipe Scolari de volta à Pompeia.
Havia desconfianças, mas Felipão superou a maior parte delas. Com o foco nos torneios de mata-mata, montou duas equipes: uma para as partidas de meio de semana, outra para as de fim de semana. A segunda era teoricamente a reserva. E foi suficiente para uma sequência que colocou o Palmeiras na liderança, com direito a quebrar o tabu de vitórias no Morumbi contra o São Paulo, sofrendo muitos poucos gols.
Novamente, o resultado mais estratégico foi diante do Flamengo. A sete rodadas do fim, os cariocas ameaçavam disputar a liderança, mas o empate por 1 a 1 foi um balde de água fria. O Palmeiras caiu um pouco de rendimento na reta final, deixando pontos contra Atlético Mineiro e Paraná. Mas o título não escapou. Na penúltima rodada, Deyverson marcou o único gol da partida contra o Vasco, e o torcedor alviverde pode gritar decacampeão.