Brasileirão Série A

As arquibancadas do Castelão ofereceram a mais bela apoteose para o 2021 inesquecível do Fortaleza

O Fortaleza teve seu grand finale no Brasileirão, não só pela vitória, mas também pela festa da torcida antes e depois do jogo

O Fortaleza termina o Campeonato Brasileiro como uma das grandes histórias dessa temporada a serem lembradas. O Leão do Pici apresentou um ótimo futebol, conquistou resultados expressivos e terminou com a melhor colocação de um clube nordestino nos pontos corridos. A classificação inédita para a Libertadores tinha se confirmado por antecipação, com todos os méritos, apesar de uma queda de rendimento mais recente. E o que se viu no Castelão nesta quinta-feira foi a apoteose, com imagens que simbolizarão esse 2021 inesquecível aos tricolores. Time e arquibancada formaram um só, numa belíssima simbiose.

A recepção ao Fortaleza antes que a bola rolasse já seria especial. Mais de 51 mil torcedores estiveram presentes no Castelão, um recorde no ano. E a festa coloriu as arquibancadas. A torcida tricolor produz alguns dos mosaicos mais bonitos do futebol sul-americano. A nova obra de arte já vinha projetando a Libertadores, com o avião nas mãos do Leão. Fica a ansiedade para mais uma jornada internacional do clube, desta vez muito mais importante e também mais duradoura que a Sul-Americana, com a presença garantida na fase de grupos.

Dentro de campo, o Fortaleza pareceu disposto a corresponder à sua torcida. Ainda jogava para assegurar o quarto lugar e também para ter o gosto de rebaixar o Bahia. De qualquer maneira, o Leão do Pici não se acomodou por ter a situação rumo à Libertadores resolvida. Foi superior durante a maior parte do jogo e construiu a virada – com seu pênalti discutível, é verdade. Mas não se apaga a maneira como a explosão ocorreu nas comemorações.

Wellington Paulista, um símbolo dessa caminhada do Fortaleza nos últimos anos, foi o primeiro a provocar a euforia nas arquibancadas. Já a celebração de Yago Pikachu seria das mais curiosas: o ala não só tirou a camisa, como a jogou no meio da torcida. Teve a sorte de receber de volta o uniforme rapidamente, para que seguisse em campo rumo a mais uma vitória. Uma vitória que evidencia a energia ao redor do clube e que motiva um trabalho dos mais bem feitos pelo departamento de futebol.

Já depois do apito final, o grand finale foi garantido pelo Fortaleza. O Castelão se iluminou com as cores do clube, na despedida de um ano tão especial e na esperança por outra temporada marcante. A caminhada até as semifinais da Copa do Brasil e a quarta colocação no Brasileirão confirmam essa equipe do Leão do Pici na história. Diante das disparidades financeiras, os tricolores operaram muito acima das expectativas, e se valendo de um futebol que justificou tantos elogios. O trabalho de Juan Pablo Vojvoda é excepcional, assim como a maneira como o elenco evoluiu nos últimos meses.

O sucesso atual do Fortaleza é parte de um processo. Os tricolores ficaram calejados nos oito anos seguidos de Série C, mas a ascensão meteórica faz aquele sofrimento parecer distante há décadas. O Leão do Pici se consolida passo a passo, num crescimento rápido, mas bem estruturado pela maneira como a gestão acontece e como as decisões no departamento de futebol se mostram tantas vezes certeiras. O prêmio é, num torneio tão exigente como o Brasileirão, com uma maratona ainda mais apertada pelo calendário pandêmico, ver uma campanha indiscutível. E as cenas do Castelão nesta quinta só provam como tudo valeu a pena.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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