A vitória no clássico vale muito ao São Paulo, ainda mais pela intensidade do time para conquistá-la

O São Paulo aproveita os ventos a seu favor. O Tricolor vive dias empolgantes, após as contratações de Daniel Alves e Juanfran. E ainda que os veteranos estivessem restritos às tribunas neste sábado, os são-paulinos exibiram uma energia enorme no Morumbi para conquistar a vitória sobre o Santos – a primeira em clássicos após 12 jogos de jejum. Foi uma ótima partida de se assistir. O Peixe atacou com muita velocidade e terminou o primeiro tempo em vantagem. Entretanto, o São Paulo reagiu com uma intensidade notável na volta do intervalo. Arrancou a vitória por 3 a 2, que levou sua torcida ao delírio e quebrou a invencibilidade de oito jogos dos santistas no Brasileirão. A liderança ainda está mantida, mas os demais concorrentes podem encurtar as distâncias.
Desde os primeiros minutos, o São Paulo indicou que o Santos não teria vida fácil no Morumbi. Os tricolores jogavam com a marcação adiantada e dificultavam a saída de bola do Peixe. Era uma apresentação de muito empenho da equipe da casa, que rendeu a primeira chance aos três minutos, em chute de Raniel para fora. O Santos, mesmo pressionado em seu campo, por vezes conseguia encaixar os ataques rápidos. E levava a melhor na hora de pegar a defesa são-paulina aberta. Em grande jogada de Soteldo, por pouco Carlos Sánchez não abriu o placar.
O São Paulo se esforçava em sua estratégia, mas encontrava dificuldades para criar ocasiões de gol. Quando Raniel voltou a ameaçar, foi mais por conta da saída errada de Éverson, em cabeçada que assustou bastante. O aperto do Santos na saída de bola não impedia que os visitantes fossem superiores quando conseguiam fazer a transição ao ataque. O grito de gol, aliás, ficou preso na garganta aos 19. Felipe Jonatan avançou pela esquerda e o tiro cruzado lambeu a trave. Eduardo Sasha também bagunçava a defesa com sua movimentação.
A partida caiu um pouco de ritmo na sequência do primeiro tempo, com paralisações por reclamações e consultas ao VAR. A partir dos 37, porém, o Santos deixou clara a sua intenção de vitória. Primeiro, Tiago Volpi espalmou milagrosamente a cabeçada de Lucas Veríssimo e Derlis González mandou para fora o rebote. E o gol saiu aos 43. Pituca deu um lindo tapa mirando o ângulo e carimbou a trave. No rebote, a zaga habilitou Sasha para anotar. Ainda houve uma breve confusão na confirmação do tento, um tanto quanto desnecessária após a bandeirinha correr para o meio.
Mais perigoso, o Santos fez por merecer a vitória no primeiro tempo. E por isso mesmo o São Paulo mexeu na volta do intervalo. Hernanes entrou no lugar de Luan e deu mais qualidade na criação, enquanto Tchê Tchê recuou. Para sorte dos tricolores, o empate não tardou a acontecer. A cobrança de escanteio veio da direita e, na sobra, Pato apareceu completamente livre para definir no segundo pau. O Peixe tentou responder de imediato, mas o baque se tornou maior aos oito minutos, graças a um toque de mão infantil de Aguilar dentro da área. Reinaldo cobrou o pênalti e converteu, assegurando a virada.
Jorge Sampaoli imediatamente colocou Jean Mota no lugar de Felipe Jonatan. O Santos começou a avançar ao campo de ataque. Além disso, Hernanes se lesionou e precisou ser substituído aos 15, sem esconder sua frustração pelo ocorrido. Mas a verdade é que o veterano não fez muita falta à sequência de jogo dos tricolores. A equipe mordia a saída de bola alvinegra e atacava com velocidade, na tentativa de forçar os erros do Peixe. Éverson salvou por duas vezes o terceiro gol, espalmando as finalizações de Raniel e Pato, mas logo terminou vencido.
O tento do São Paulo saiu aos 26 minutos, outra vez com Alexandre Pato. O camisa 7 roubou a bola no campo de ataque e avançou na marra, mesmo com a marcação santista quase travando – com direito a outro vacilo de Aguilar. Diante do gol, finalizou alto e não deu chances a Éverson. O atacante coroava uma grande atuação, especialmente pela forma como estava ligado. O Santos ainda saiu em busca da reação, só que era lento na criação e não oferecia grandes apuros à defesa são-paulina. O gol saiu apenas em uma cobrança de falta de Jean Mota, aos 40, que Raniel mandou contra as próprias redes. Mas os líderes não tiveram forças além disso.
O Santos pagou o preço por seus erros defensivos e pela queda de produtividade durante o segundo tempo. Ficou a impressão de que o resultado poderia ter sido melhor, sobretudo pela forma inteligente como o time se apresentou na etapa inicial. É olhar para frente e trabalhar para se manter na liderança, com 32 pontos, quatro de vantagem no momento. Já o São Paulo ganha um pouco mais de motivos para sorrir. O ritmo imposto pelo time na etapa final valeu o resultado e a animação da torcida. Em um grande clássico, os tricolores faturam uma vitória na garra, algo essencial para a motivação. O time agora é o quinto colocado, com 24 pontos.