Os 5 campeões mais improváveis do Brasileirão

Apontado por muitos como a liga nacional mais difícil do mundo, o Campeonato Brasileiro não leva tal fama à toa. Ao longo da história, o torneio registrou edições incríveis, marcadas por reviravoltas de tirar o fôlego e campeões surpreendentes. E é exatamente isso que a Trivela abordará nesta nota.

Com o Brasileirão 2025 batendo na porta, listamos os cinco campeões mais improváveis da história da competição. A reportagem considerou tanto aqueles apontados como azarões no início do campeonato, bem como os clubes que conseguiram viradas surpreendentes no decorrer do certame.

Guarani (1978)

Em 13 de agosto de 1978, o Guarani se sagrava campeão brasileiro, conquista até então nunca alcançada por um clube do interior. Com gol no final do primeiro tempo da volta contra o Palmeiras, no Brinco de Ouro, o Bugre repetiu o placar do jogo de ida (por 1 a 0) da final, e faturou o caneco.

Careca, Zenon e Bozó foram alguns dos destaques daquele time. Desacreditado entre os grandes da capital e ironizado por parte da mídia, o Guarani, comandado pelo jovem técnico Carlos Alberto da Silva, encantou o futebol brasileiro com uma mescla de jovens promessas e jogadores experientes.

Vitória no Dérbi contra a Ponte Preta, show no Beira-Rio para cima do Internacional, e triunfos contundentes diante de Sport (quartas de final) e Vasco (semifinal). A incontestável campanha bugrina não poderia terminar de outro jeito que não fosse com título.

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Coritiba (1985)

O dia 31 de julho é uma data especial para o torcedor do Coritiba. Há 40 anos, em 1985, o Coxa conquistava seu primeiro e único título brasileiro.

O troféu veio em uma emocionante vitória nos pênaltis sobre o Bangu, após 1 a 1 no tempo normal e na prorrogação. Diante de um Maracanã lotado, a equipe coxa branca, que contava com nomes como Rafael Cammarota, Toby, Lela e Índio, superou os donos da casa e calou as arquibancadas cariocas.

O caminho até a decisão não foi nada fácil. Os comandados de Ênio Andrade começaram com um primeiro turno decepcionante, terminando em oitavo lugar entre 10 times.

A equipe paranaense, porém, deu a volta por cima, conquistou o returno e, consequentemente, uma vaga na semifinal do Brasileirão — eliminou o Atlético-MG antes de encarar o Bangu.

Athletico-PR (2001)

Outro clube paranaense na lista. O Athletico de 2001 é considerado por muitos o campeão brasileiro mais azarão da história. Na época ainda chamado de Atlético-PR, o time rubro-negro fez 27 jogos na primeira fase, com 15 vitórias, seis empates e seis derrotas. Apesar dos bons números, a diretoria decidiu trocar o comando técnico.

Mário Sérgio dirigiu o Furacão até a décima rodada e ficou marcado pela frase “Ou o Athletico acaba com a noite, ou a noite acaba com o Athletico”, em alusão aos atletas rubro-negros que saíam na noite curitibana.

Geninho, campeão do Módulo Amarelo (como era chamada a Série B na época) de 2000 com o Paraná, assumiu o Athletico e terminou na vice-liderança da primeira fase. A posição dava direito ao clube paranaense de atuar em jogo único, na Arena da Baixada, no mata-mata.

Após eliminar São Paulo (2 a 1 nas quartas de final) e Fluminense (3 a 2 na semifinal), o Furacão encarou outro azarão na final: o São Caetano. A equipe do ABC paulista liderou o primeiro turno e despachou Bahia e Atlético-MG para chegar à decisão.

Com direito a hat-trick do atacante Alex Mineiro, o Furacão venceu o São Caetano por 4 a 2, de virada, na Baixada. No embate de volta, novo triunfo rubro-negro, dessa vez por 1 a 0, com mais um gol de Mineiro.

Palmeiras (2023)

Campeão brasileiro de 2022, o Palmeiras era apontado como o favorito ao título nacional no ano seguinte, dada a qualidade e entrosamento de seu elenco, e o excelente trabalho de Abel Ferreira, técnico da equipe desde outubro de 2020. 

O bicampeonato veio, mas com muito suor e um roteiro digno de cinema. 

No dia 19 de outubro, o Alviverde deixou o gramado do Allianz Parque derrotado pelo Atlético-MG, fora do G4 do Brasileirão e a 14 pontos do líder absoluto Botafogo. O ano parecia perdido. Só parecia. 

O Palmeiras somou 17 pontos a mais que o Alvinegro Carioca nas últimas nove rodadas. Tal diferença fez o time paulista arrancar para a liderança do campeonato e depender apenas de si na última rodada — empate contra o Cruzeiro foi o suficiente para o título. 

O ponto alto da remontada alviverde se deu justamente no duelo contra o Botafogo. Em jogo válido pela 31ª rodada, o time de Abel Ferreira venceu o Glorioso por 4 a 3, no Nilton Santos, depois de estar perdendo por 3 a 0. A partir dali, o campeonato mudou completamente de rumo, culminando no título palmeirense. 

São Paulo (2008)

A 13 rodadas do fim do Campeonato Brasileiro de 2008, o Grêmio liderava, com seis pontos de vantagem sobre o Cruzeiro, o segundo colocado, e com 11 pontos do São Paulo de Muricy Ramalho, que acabou sendo o campeão.

Diante da larga distância para o time gaúcho, o Tricolor Paulista chegou a ter somente 1% de chance de conquistar o título. A liderança veio somente na 33ª rodada, após grande vitória sobre o Internacional, por 3 a 0. Dali para frente, ninguém mais tiraria o clube do Morumbi da ponta da tabela.

Único tricampeão brasileiro seguido na era dos pontos corridos (2006-2008), o São Paulo fez grandes apresentações naquela edição, goleando Flamengo (4 a 0), Atlético-MG (5 a 1) e Vasco (4 a 0).

Na “final” contra o Goiás, um jogo complicado e decidido no detalhe. Em cobrança de falta de Rogério Ceni, Hugo pegou o rebote após defesa de Harlei e finalizou na direção de Borges, que desviou para as redes. Gol do sexto título brasileiro do Tricolor.

Menções honrosas

• Flamengo em 2009 — arrancada final e título na última rodada;
• Flamengo em 2020 — assumiu a liderança somente na penúltima rodada;
• Corinthians em 2017 — apontado pela imprensa como a “quarta força” de São Paulo, driblou a desconfiança e conquistou o Paulistão e o Brasileirão;
• Fluminense em 2010 — campeão brasileiro um ano depois da escapada histórica do rebaixamento, em 2009.