Brasil

‘Doeu muito’: Caíque, do Grêmio, conta o que viu ao resgatar vítimas das enchentes no RS

Durante três dias, arqueiro gremista ajudou nos resgates de pessoas afetadas pela maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul

Caíque é um dos tantos heróis que as enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul deixaram. Durante três dias, o goleiro do Grêmio ajudou nos resgates de pessoas que tiveram suas casas inundadas. Em entrevista à Grêmio TV, após a retomada do treinamentos do Tricolor Gaúcho no CT do Corinthians, em São Paulo, na última sexta-feira (17), ele contou que, inicialmente, não tinha dimensão da tragédia.

— No dia 3 a gente começou a viver uma catástrofe enorme que o Rio Grande do Sul passou e está passando ainda. Superou o ano de 1941, maior enchente que teve foi agora, em 2024. Foi um momento muito complicado para a gente como ser humano. Não estamos falando como atleta. Não agimos como atletas, agimos com seres humanos. Momento muito triste, porque a gente não imaginava como estava a situação. Via muito em redes sociais, mas não estava imaginava realmente como estava a situação do acontecido — afirmou.

Caíque diz que viu crianças chorando, gritos e pessoas no telhado

Diante do cenário de guerra, Caíque resolveu agir. Junto com alguns amigos, pegou um bote e encarou as águas que inundaram Porto Alegre para salvar quem pudesse. O goleiro do Grêmio detalhou o triste cenário que presenciou ao efetuar os resgates.

— Foram três dias muito intensos. Muitas cenas doloridas para mim principalmente, vendo o sofrimento daquele povo. Crianças chorando, idosos, pessoas que tiveram um sonho acabado. A gente pegou um senhor que foi contando que tinha acabado de reformar a casa dele, e quando ele pegou os documentos começou a entrar em desespero, porque viu a casa dele daquele jeito. Para mim machucou muito. Pessoas em cima de telhado, pessoas gritando pedindo socorro. Isso doeu — lamenta.

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Apesar da catástrofe, Caíque deixa mensagem de otimismo

Entretanto, o baiano, natural de Salvador, acredita na força do povo gaúcho para superar o momento de adversidade. Caíque deixou mensagem de otimismo ao lembrar do trabalho de voluntários e das doações, que colaboram para o longo processo de reconstrução pelo qual o Rio Grande do Sul já passa.

— Eu tenho certeza que essa situação vai passar. A gente vai conseguir reconstruir o Rio Grande do Sul. As famílias vão voltar para os seus lares. Vão ter que recomeçar do zero, mas faz parte. Brasileiro é batalhador e sofredor. A gente vai dar a volta por cima. Porque eu vi a união do povo gaúcho. Pessoas voluntárias se doando, deixando suas famílias em casa para salvar pessoas que não conheciam. Foram recebidas muitas doações do Brasil todo, de fora também, e eu tenho certeza que a gente vai voltar mais forte, e vamos voltar a ter aquele clima muito bom no Rio Grande do Sul. As pessoas nas portas de suas casas, nas praças, tomando chimarrão — projeta.

Tragédia climática no Rio Grande do Sul deixou mais de 150 mortos

Os temporais que iniciaram no dia 29 de abril no Rio Grande do Sul deixaram 155 mortos, 94 desaparecidos e 806 feridos, conforme o último levantamento da Defesa Civil gaúcha, divulgado na noite de sábado (18). Há 617,3 mil pessoas fora de casa. Desse total, são mais de 77.202 mil acolhidos em abrigos e 540.188 desalojados (pessoas que estão nas casas de familiares ou amigos). Estima-se que 2,3 milhões de pessoas foram afetadas de alguma forma pelas enchentes. 461 dos 497 municípios do estado registraram algum tipo de transtorno.

Foto de Nícolas Wagner

Nícolas WagnerSetorista

Gaúcho, formado em jornalismo pela PUC-RS e especializado em análise de desempenho e mercado pelo Futebol Interativo. Antes da Trivela, passou pela Rádio Grenal e pela RDC TV. Também é coordenador de conteúdo da Rádio Índio Capilé.
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