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Batalha do Arruda teve expulsões, confusão e Sport classificado à final do Nordestão

O clima era de guerra. A comemoração de Halef Pitbull no primeiro jogo já deu o tom. A vitória épica do Santa Cruz em plena Ilha do Retiro por 2 a 1 teve o elemento de comemoração sobre o escudo do Leão. Uma faísca que virou fogueira. O jogo no estádio Arruda foi explosivo. Quatro expulsões, três delas do Santa Cruz, que reclamou muito, e gol na parte final do jogo que definiu a classificação. O Sport arrancou uma vitória por 2 a 0 que lhe valeu a passagem à final da Copa do Nordeste, em um jogo que ficará marcado pela confusão dentro e fora de campo e pela vitória conquistada no campo do rival. Decidirá o título em uma final com o Bahia.

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Depois do que foi o primeiro jogo, da derrota por 2 a 1 em casa, o Leão sabia que a missão era duríssima na casa do Santa Cruz. E ficou tudo ainda mais difícil aos 15 minutos do primeiro tempo. Diego Souza dividiu com Tiago Costa e sentiu uma lesão muscular. Teve que ser substituído. Quem foi chamado a campo foi Éverton Felipe. E logo quem, no seu primeiro toque na bola, acabou marcando? Rogério fez a jogada pela esquerda, tocou para trás e Everton Felipe chutou colocado no ângulo. Sport 1 a 0. Um gol que fez o jogo ficar ainda mais quente.

O placar, porém, era insuficiente para o Sport. Como o gol fora de casa era critério de desempate, o rubro-negro precisava de mais um gol. Com um time técnico e mais forte que o do Santa, a missão era possível, mas o time da casa não daria moleza. E buscou o gol. Foram ao menos duas boas chances, com Anderson Salles, em cobrança de falta, e do meia Thomás. André e Rogério também tiveram chances para o Sport, mas o placar não foi mais mexido no primeiro tempo. Ficou tudo para a etapa final.

No segundo tempo o clima quente se tornou de guerra de vez. Aos 25 minutos, uma confusão generalizada. Rithely fez falta e pisou no adversário. Já tinha cartão amarelo e o árbitro Péricles Bassols nem teve tempo de expulsar o volante: os jogadores do Santa partiram para cima do jogador do Sport. Empurrões, confusão, xingamentos e, no fim, prejuízo à Cobra Coral: Elicarlos acabou expulso por infantilmente agredir Durval. Acabou expulso à toa, fazendo companhia a Rithely, que provavelmente já veria o cartão vermelho. O Santa perdeu um jogador. Não seria o único.

Como se não bastasse a confusão em campo, Rithely saiu de campo provocando a torcida do Santa. Mais faísca em um tonel de gasolina. Os torcedores atiraram copos e objetos no jogador do Sport. O policiamento não o tirou de campo e ele ficou ali no túnel, encostado. O jogo seguia enquanto a polícia agia fora de campo. E como bem lembrou o comentarista do Esporte Interativo na partida, Bruno Formiga, a polícia fez no estádio aquilo que estamos acostumados a ver fora dele.

Com o mau comportamento de alguns torcedores que atiraram copos em campo, a reação dos policiais foi partir para dar um banho de spray de pimenta em torcedores, ir para as arquibancadas e fazer uso do cacetete. A bola rolava, enquanto um clarão se abria nas arquibancadas, com os torcedores fugindo de policiais que deviam garantir a segurança do evento. Um excesso que não é incomum quando se trata de policiais fazendo trabalho diante de multidões, como se vê em manifestações.

No campo, o Sport não se abalou. Em uma cobrança de falta do Santa Cruz, o goleiro Magrão defendeu com tranquilidade e foi preciso na reposição. Jogou no pé de Samuel Xavier, que teve tranquilidade para tocar no meio para André. O centroavante, que anda devendo em campo, tocou com classe, no canto, aquele chute que parece uma tacada de sinuca: 2 a 0 para o Leão.

O gol fez a classificação mudar de mãos. Fez também a confusão voltar. Jogadores reservas dos dois times se encararam, se empurraram e até Rithely, expulso, voltou a campo para participar da confusão. Os jogadores do Sport fizeram a festa com a parte rubro-negra no estádio e a tensão era grande. Tão grande que até alguns jogadores do Santa sentiram o gás de pimenta atirados pelos policiais nas arquibancadas. Para os torcedores tricolores, a vida estava difícil com a confusão nas arquibancadas e o time sucumbindo em campo.

O descontrole do Santa Cruz acabou pesando contra. O time ainda teve mais dois expulsos no final da partida. Wellington Cézar, que entrou no segundo tempo, não durou mais que 10 minutos em campo: deu uma botinada em André no meio-campo e viu um cartão vermelho direto. No final do jogo, o lateral Vítor foi outro a fazer falta muito dura e também foi expulso. O time terminou o jogo esfacelado de cansaço e ainda com três jogadores a menos. Arrancar um gol que levasse o jogo aos pênaltis, nessa situação, era muito improvável.

A confusão em campo foi pior para o Santa Cruz. O jogo, para o Sport, acabou ali. O time gastou o tempo até o final e, claro, os acréscimos dados pela equipe de arbitragem pareceram insuficientes diante do tempo de paralisação. Foram seis minutos adicionados e o Sport, já quase no limite de tempo, conseguiu segurar a bola no ataque e até dar trabalho para o goleiro Júlio César.

O árbitro apitou o fim do jogo. Pesou a maior qualidade do Sport, o orçamento mais recheado – a folha salarial do Sport é nove vezes maior que a do Santa, que vive um caos administrativo e financeiro. Mesmo assim, o que se viu em campo foi uma batalha de dois rivais e o Santa exigiu muito do Sport.

O Leão avança à final para fazer um clássico nordestino na final da Lampions League. Os duelos prometem ser interessantes e emocionantes. As datas ainda não estão confirmadas, mas os times devem se enfrentar nos dias 17 e 21 de maio. Um  duelo forte para decidir quem é que manda no Nordeste em 2017.

Foto de Felipe Lobo

Felipe Lobo

Formado em Comunicação e Multimeios na PUC-SP e Jornalismo pela USP, encontrou no jornalismo a melhor forma de unir duas paixões: futebol e escrever. Acha que é um grande técnico no Football Manager e se apaixonou por futebol italiano (Forza Inter!). Saiu da posição de leitor para trabalhar na Trivela em 2009, onde ficou até 2023.
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